Isso não sou eu quem pergunto, mas sim a Revista Exame na sua edição 932.
Primeiro, gostaria de falar sobre os erros de concepção sobre o trabalho do analista:
1) O trabalho de um analista que trabalhe com situações sujeitas a risco (que seja impossível de se saber com certeza o que acontecerá) deve ser julgado com base em seus erros, quanto menos melhor. Pegue, por exemplo, um modelo que use regressão por mínimos quadrados. Todos os valores passados previstos pelo modelo são diferentes dos valores efetivos e é de se esperar que os valores futuros sejam diferentes. O que atesta a qualidade do modelo é o quão pouco este modelo errou.
2) Há um problema no uso das análises. Parece que algumas pessoas pensam que essas análises são feitas da mesma forma que as promessas de um garoto imberbe que coloca os seus planos para o ano em uma folha de papel (namorar a garotinha de seus sonhos, passar de ano com boas notas, ganhar um Playstation 3, etc.), guarda bem escondido e daqui a um ano ele volta para ver o resultado. Qualquer análise é válida com as informações disponíveis na data em que foi feita. Mudam-se as informações, muda-se a análise.
Esclarecido esses pontos, vamos ao “para que servem”. Analistas de mercado são úteis porque eles já incorreram em grandes custos para adquirir conhecimentos para a análise de mercado, custos que outra pessoa pode evitar ao requisitar seus serviços (o mesmo acontece com médicos, advogados, etc.). Além disso, possuem informações e ferramentas a um custo menor do que os seus clientes.
Analistas de mercado erram como qualquer profissional envolvido com sistemas não determinísticos (sistemas não determinísticos são sistemas que incorporam incertezas). Nenhum advogado pode garantir que ganhará uma causa, porque depende de mais fatores do que o seu esforço. Nenhum esportista pode garantir que vencerá, pois muitas variáveis podem influenciar o seu rendimento. Nenhum analista pode garantir que acertará a sua previsão, pois novas informações, impossíveis de se prever, podem surgir, e também que as probabilidades podem errar (90% de probabilidade reserva 10% de chance de erro). Sobre os desvios éticos dos analistas não tenho muito a acrescentar em cima do que escreveu a revista, apenas que outros profissionais também se envolvem com problemas da mesma natureza (ou os jornalistas são os profissionais mais éticos do mundo?).
Podemos, por fim, devolver a pergunta para a revista. Para que servem revistas de negócio? Ou, mais amplamente, para que servem jornalistas? Jornalistas e empresas de comunicação possuem vantagem no custo de obtenção de informação que as pessoas individualmente não podem igualar. Também, as empresas de jornalismo reúnem profissionais capacitados para lidar com a informação (reunir, organizar, selecionar etc.) e possui os meios para transmiti-la para o público. Pessoas compram jornais e revistas, acessam sites da internet e assistem ao telejornal para adquirir um conjunto de informações que julgam úteis ou interessantes e que não seria possível conseguirem em pouco tempo a baixo custo.
Jornalistas também possuem um lado analista. Por mais objetivo que possam parecer, acabam por transmitir sua opinião em seus textos ou na escolha dos temas que abordarão. Portanto analistas podem errar em seus prognósticos tanto quanto os analistas de mercado além de também estarem sujeitos a desvios éticos.
Ainda, para que servem um blog, ou ao menos este blog? Serve para transmitir experiências e conhecimentos que eu adquiri com algum custo (tempo, esforço etc.) a um custo menor para os meus leitores. As análises que eu faço qualquer um com um mínimo de competência pode fazer; o conhecimento que adquiri qualquer um pode ter, basta alguma dedicação. Mas transmito parte disso de graça. O que ganho? Espero ganhar com a troca de informação e com o aprimoramento de meus conhecimentos, uma parte com a comunicação, outra sempre buscando mais temas interessantes para escrever aqui.
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