quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Dow Jones Industrial Average

Falarei agora sobre o Dow Jones Industrial Average (chamarei apenas de Dow Jones). Neste blog, na maior parte do tempo, quando precisar citar um índice americano, vou preferir o S&P 500, mas o Dow Jones tem duas vantagens importantes: sua longa história e seus critérios de seleção. A maioria das informações foram tiradas do site dos índices Dow Jones. Achei algumas informações importantes em outro site.

O índice foi criado por Charles Dow (o mesmo da Teoria de Dow na Análise Técnica) em 1884. Atualmente, o Dow Jones conta com um número fixo de 30 empresas, que não precisam ser apenas indústrias. O Wall Street Journal é quem escolhe as ações por meio de critérios subjetivos. Nas palavras deles, a empresa só é selecionada se “tem excelente reputação, demonstra crescimento sustentável, é de interesse de um grande número de investidores e representa os setores de mercado cobertos pela média (índice)”. A ponderação toma com base a soma do preço das ações dividida por um divisor (que hoje é menor do que 1 e trabalha como multiplicador).

As críticas comuns (e fundamentadas) são de que o índice não representa bem o mercado (são apenas 30 ações dentre mais de mil), é ponderado por preço (quando o melhor é por valor de mercado) e a escolha das ações é subjetiva. O motivo para se manter o índice da maneira como está é preservar a história do índice (é o segundo índice mais antigo. O mais antigo é o Dow Jones Transportation Average). E, por mais que seja subjetivo, o critério até que é interessante para se verificar as empresas consideradas “boas” pelos investidores.

Abaixo, alguns marcos históricos que eu selecionei e algumas curiosidades.

Marcos Históricos:
03/07/1884: Primeiro Dow Jones Average, composto totalmente por ferrovias.

26/05/1896: Primeiro Dow Jones Industrial Average propriamente dito, só com empresas industriais. Contava com 12 empresas.

04/10/1916: O Dow Jones passa a ter 20 empresas.

01/10/1928: Passa a ter 30 empresas.

30/08/1982: Entra a American Express, primeira empresa do setor financeiro.

06/05/1991: O J.P. Morgan é o primeiro banco a estar no Dow Jones. Mas é possível considerar o Primerica Corporation, após a fusão com o Commercial Credit Group, que viria a ser o Citigroup, como o primeiro (16/12/1988).

22/09/20008: No rescaldo do empréstimo do FED que foi quase uma estatização, o AIG é retirado do Dow Jones (substituído pela Kraft Foods).

Maiores altas e baixas:
Como aconteceu com o Ibovespa, as maiores variações (alta e baixa) aconteceram em mercados de baixa. As quatro maiores altas mais as 8ª, 9ª e 10ª maiores ocorreram NO mercado de baixa (crise de 29), a 5ª e a 6ª na atual crise e a 7ª no crash de 1987. A maior baixa foi a da crise de 1987 (que conta também com a 8ª maior baixa), 5 outras dentre as maiores baixas foram na crise de 1929 (incluindo dois dias seguidos, a 2ª e a 3ª) e a crise do subprime já tem a 9ª maior baixa. A 5ª foi muito perto de um topo histórico (portanto, não estava em mercado de baixa) e a 7ª foi em um mercado de baixa (topo histórico mais ou menos em Fevereiro de 1906).

Aproximadamente 118 empresas fizeram parte do Dow Jones. Aproximadamente porque tem alguns casos que requerem atenção especial A Exxon-Mobil eu contei duas vezes, uma como Exxon (antiga Standard Oil New Jersey) e outra como Exxon-Mobil após a fusão em 2002. American Can e Citigroup contam como duas empresas, apesar de uma descender da outra. A Primerica conta como American Can e o Travelers como Citigroup. Outras fusões (J.P. Morgan com o Chase, Chevron e Texaco, por exemplo) eu contei apenas uma vez. As simples trocas de nome (Philip Morris para Altria, Minnesota Mining and Manufacturing para 3M, por exemplo) não contam dobrado.

Dessas empresas, 10 ainda existem, mas não são negociadas em bolsa (incluindo a General Motors, que pode voltar ao mercado em breve), 18 existem e estão listadas em bolsa, 30 estão listadas e estão no Dow Jones (óbvio), 50 continuam a existir como parte de outra empresa (fruto de fusão ou aquisição) ou bastante mudadas, 4 foram separadas em várias empresas e 6 faliram.

Se uma empresa, ao comprar outra, herda também sua história, poderíamos dizer que duas empresas brasileiras fizeram parte do Dow Jones: Vale através da Inco (International Nickel, presente no primeiro Dow Jones de 30 empresas) e JBS através da Swift (que mudou de nome para Esmark e voltou para Swift). Uma empresa brasileira comprar a subsidiária brasileira não conta (como Bradesco e American Express).

Seguindo o mesmo raciocínio do parágrafo anterior, Unilever (pela Corn Products, criadora da Maizena, e pela American Cotton Oil), Michelin (pela U.S. Rubber), British Petroleum (pela Anaconda Cooper e pela Atlantic Refining) e Rio Tinto (pela Utah Cooper), para ficar só nos mais conhecidos, também fizeram parte do Dow Jones. Com menos peripécias, é possível dizer que a United Airlines fez parte do Dow Jones, já que surgiu da cisão (forçada pela Justiça) da United Air Transport (que também deu origem à Boeing e à United Technologies).

As empresas que faliram, nenhuma enquanto estava no Dow Jones: Standard Rope & Twine (1912), Central Leather (1952), Baldwin Locomotive (1956), Chicago, Rock Island & Pacific (1980), National Steel (2002) e Bethlehem Steel (2003).

Duas transformações interessantes. A American Can era uma fabricante de latas de conservas que passou, na década de 50, a diversificar em negócios não relacionados (incluindo música!). Um desses negócios foi de Serviços Financeiros, que foi tão bem sucedido que a American Can resolver vender o negócio principal de latas (por conseqüência, mudou o nome para Primerica). Em 1993, a Primerica fez uma fusão com o Travelers (mudou de nome para Travelers, adotando o logo do guardachuva) e por fim fundiu com o Citicorp criando o Citigroup. A outra foi uma empresa que vendia calçados (International Shoe) e se tornou uma vajerista de mobília (Furniture Brands, listada na NYSE).

Atualizado em 15/08/10

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