Não há uma definição muito boa para bear market. Tem a de queda de 20% do último topo histórico, mas esse não me parece muito convincente. Também, esse critério só leva em conta a intensidade da queda, não sua duração.
De qualquer maneira, a minha maneira de estudar os ciclos de baixas: 1) Verificar os meses em que o topo histórico não foi renovado; 2) Chamo de bear market quando demora mais de 6 meses para que haja um novo topo histórico (parecido com os dois trimestres de recuo no PIB para definir recessão).
Essa definição é bastante atrasada (demora 8 meses para se constatar que estamos em um bear market!), mas serve mais para pôr em perspectiva o mercado, não para operar nele.
Fazendo dessa maneira, foram 5 desses ciclos de baixa no Ibovespa no plano real:
O ciclo atual é o terceiro pior em intensidade, mas está longe ainda de ser o pior por duração (do topo de março de 2000 até o novo topo de Novembro de 2003, foram quase quatro anos).
Sobre esse movimento atual, também cabe uma observação. Foram seis meses seguidos de baixa (Maio a Novembro), seqüência que não acontecia desde Outubro de 1994. No período pré-real, dolarizando (ver adiante), isso ocorreu uma vez entre Julho/80 e Dezembro/80 e entre Agosto/78 e Março/79 foram 8 meses seguidos.
Foi a terceira maior baixa anual na história, dolarizando-se o índice. Foi dito por aí que foi a segunda maior baixa (a primeira sendo em 72), mas esse dado não é dolarizado. Como antes do plano real tínhamos inflação alta no Brasil, ocorria muitas vezes expressivas altas nominais (em 1993 foi mais de 5.000%), mas boa parte era corroído pela inflação. Sem reajustar, chegaríamos à conclusão de que o Ibovespa só caiu em 1972 antes do plano real, o que não é nada correto de dizer.
Abaixo, os retornos negativos do Ibovespa dolarizado. Foram 16, menos da metade dos anos. Eu mesmo que fiz os cálculos, com uma base nominal da Economática e dólar da FGV-Data.
O mesmo pode ser feito com as bolsas americanas. O índice que eu uso é o Dow Jones. Apesar de alguns problemas do índice (só trinta empresas, escolha subjetiva, ponderado por preço...), esse índice tem mais história do que o S&P 500 (criado em 1957, enquanto que tenho dados do Dow Jones desde 1921).
O ciclo atual do Dow Jones (começado em Outubro de 2007) é o segundo maior em porcentual de queda do topo histórico, sendo o primeiro a famigerada crise de 1929 (o mais intenso e o mais longo da história: 25 anos!).
Em termos de bolsa, podemos então afirmar que estamos na pior crise desde 1929, mas mantendo sempre em mente que está bem longe do crash de 29.
Sobre as colunas dos ciclos:
ResponderExcluirCiclo: Mês do topo histórico de máxima (não de fechamento) do ciclo
Mínima/topo: Mínima entre um topo e o outro dividido pelo topo
Qtd de meses/Período: Duração do ciclo, incluindo o mês do topo e o mês do novo topo (então, o ciclo tem no mínimo 8 meses, os topos e no mínimo seis meses entre eles).
Me avisaram que seria melhor colocar em ordem cronológica os ciclos, mas prefiro não mudar o post mais de um dia depois.