quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Ciclos dos mercados (Ibovespa e Dow Jones).

Não há uma definição muito boa para bear market. Tem a de queda de 20% do último topo histórico, mas esse não me parece muito convincente. Também, esse critério só leva em conta a intensidade da queda, não sua duração.

De qualquer maneira, a minha maneira de estudar os ciclos de baixas: 1) Verificar os meses em que o topo histórico não foi renovado; 2) Chamo de bear market quando demora mais de 6 meses para que haja um novo topo histórico (parecido com os dois trimestres de recuo no PIB para definir recessão).
Essa definição é bastante atrasada (demora 8 meses para se constatar que estamos em um bear market!), mas serve mais para pôr em perspectiva o mercado, não para operar nele.

Fazendo dessa maneira, foram 5 desses ciclos de baixa no Ibovespa no plano real:

O ciclo atual é o terceiro pior em intensidade, mas está longe ainda de ser o pior por duração (do topo de março de 2000 até o novo topo de Novembro de 2003, foram quase quatro anos).

Sobre esse movimento atual, também cabe uma observação. Foram seis meses seguidos de baixa (Maio a Novembro), seqüência que não acontecia desde Outubro de 1994. No período pré-real, dolarizando (ver adiante), isso ocorreu uma vez entre Julho/80 e Dezembro/80 e entre Agosto/78 e Março/79 foram 8 meses seguidos.

Foi a terceira maior baixa anual na história, dolarizando-se o índice. Foi dito por aí que foi a segunda maior baixa (a primeira sendo em 72), mas esse dado não é dolarizado. Como antes do plano real tínhamos inflação alta no Brasil, ocorria muitas vezes expressivas altas nominais (em 1993 foi mais de 5.000%), mas boa parte era corroído pela inflação. Sem reajustar, chegaríamos à conclusão de que o Ibovespa só caiu em 1972 antes do plano real, o que não é nada correto de dizer.

Abaixo, os retornos negativos do Ibovespa dolarizado. Foram 16, menos da metade dos anos. Eu mesmo que fiz os cálculos, com uma base nominal da Economática e dólar da FGV-Data.




O mesmo pode ser feito com as bolsas americanas. O índice que eu uso é o Dow Jones. Apesar de alguns problemas do índice (só trinta empresas, escolha subjetiva, ponderado por preço...), esse índice tem mais história do que o S&P 500 (criado em 1957, enquanto que tenho dados do Dow Jones desde 1921).




O ciclo atual do Dow Jones (começado em Outubro de 2007) é o segundo maior em porcentual de queda do topo histórico, sendo o primeiro a famigerada crise de 1929 (o mais intenso e o mais longo da história: 25 anos!).

Em termos de bolsa, podemos então afirmar que estamos na pior crise desde 1929, mas mantendo sempre em mente que está bem longe do crash de 29.

Um comentário:

  1. Sobre as colunas dos ciclos:

    Ciclo: Mês do topo histórico de máxima (não de fechamento) do ciclo

    Mínima/topo: Mínima entre um topo e o outro dividido pelo topo

    Qtd de meses/Período: Duração do ciclo, incluindo o mês do topo e o mês do novo topo (então, o ciclo tem no mínimo 8 meses, os topos e no mínimo seis meses entre eles).

    Me avisaram que seria melhor colocar em ordem cronológica os ciclos, mas prefiro não mudar o post mais de um dia depois.

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