sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Da Impossibilidade de preços negativos

O preço de um ativo financeiro é estritamente positivo, isso é bastante intuitivo. A razão para que o preço não possa ser negativo é a existência de um mecanismo jurídico chamado responsabilidade limitada. Com ações, os sócios podem perder no máximo todo o capital investido, não sendo responsabilizados pelas dívidas que excedam o patrimônio líquido. Em outras palavras, se a companhia for liquidada e mesmo assim os credores não forem pagos integralmente, não se pode exigir dos sócios o pagamento desse passivo. Para opções, a responsabilidade limitada prevalece porque opções são direitos de compra, mas não obrigações. Se o valor da ação estiver muito abaixo do preço de exercício, o detentor da opção não precisa cobrir a diferença, pois pode desistir do direito de compra (o que é o mais racional a fazer), perdendo apenas o valor que investiu com a compra da opção. Se não existisse a responsabilidade limitada, faria sentido existir preços negativos, ou seja, pagar para que alguém assuma as suas dívidas.

Isso não significa que um acionista/investidor não possa perder, em determinada operação, mais do que investiu. A forma mais fácil de perder mais que 100% é através de alavancagem, ou seja, tomar dinheiro emprestado para aplicar em ativos de risco. Dependendo da desvalorização, o investidor pode ficar em uma situação onde, mesmo vendendo o que comprou, não tem dinheiro para pagar o empréstimo, tendo que recorrer ao seu patrimônio (fora da operação) para cobrir as perdas.

Outra forma é vendendo a descoberto, ou seja, vendendo o ativo sem tê-lo, apostando na baixa. Nesse caso uma alta resulta em prejuízo e, se a ação subir muito, a perda pode corroer todo o patrimônio do investidor. Com ações, o risco desse evento ocorrer é menor, mas pode acontecer uma alta rápida e forte, como ocorreu com a Volkswagen em meados de 2008. Com opções o risco é bem maior (opções são muito mais voláteis do que ações) e em ambos os casos podem existir altas sem direito a defesa (ou seja, a negociação do ativo já se inicia com uma alta forte).

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