sábado, 31 de dezembro de 2011

Mensais: Brasil (dez/11)

Mensais: Brasil

Índices Brasileiros
Índice; 60 meses; Ano; 12 meses
Ibovespa; 27,61%; -18,11%; -18,11%
IBX 50; 28,36%; -14,06%; -14,06%
IBX; 35,28%; -11,39%; -9,70%
ISE; 40,82%; -3,31%; -3,31%
ITEL; 58,59%; 15,65%; 15,65%
IEE; 132,33%; 19,27%; 19,27%
INDX; 35,31%; -12,12%; -12,12%
Imobiliário; -; -27,70%; -27,70%
Consumo; 69,30%; 0,59%; 0,59%
IFNC; -; -7,40%; -7,40%
IVBX2; 21,59%; -4,70%; -4,70%
Mid Large Cap; -; -10,42%; -10,42%
IGC; 29,21%; -12,45%; -12,45%
ITAG; 25,01%; -11,55%; -11,55%
Small Cap; -; -16,61%; -16,61%

Comparações
Indicador; Desvio-padrão; Correlação IBOV; Retorno 60 meses; Retorno 12 meses
IBOV; 6,93%; 100%; 27,61%; -18,11%
Ouro; 6,06%; -20,95%; 118,39%; 15,85%
Dólar; 5,03%; -67,48%; -12,26%; 12,58%

Ibovespa x CDI
Janela; IBOV- CDI
12 meses; -26,59%
5 anos; -5,47%
10 anos; 0,58%

Ibovespa:
Maiores altas (2011):
CIEL3: 53,32%
RDCD3: 49,20%
KLBN4: 42,53%
ELPL4: 41,13%
VIVT4: 40,18%

Altas: 21/68

Maiores altas (12 meses)
Igual Maiores Altas (2011)

Maiores baixas (2011)
BTOW3: -71,07%
VAGR3: -68,00%
GFSA3: -64,95%
HYPE3: -62,06%
GOLL4: -50,00%

Entre as cinco maiores baixas no ano, cinco IPOs recentes em quatro anos diferentes: GOLL (2004), BTOW (2005), GFSA e VAGR(2006) e HYPE (2008), curiosamente o ano com maior número de ofertas ficando fora (2007).

Maiores Baixas (12 meses)
Igual Maiores baixas (2011)

Amostra de 183 ações:
Maiores altas em 5 anos
TELB4: 3.704,74%
HGTX3: 2.135,30%
MEND5: 588,73%
BMTO4: 524,03%
JFEN3: 520,17%

Maiores baixas 5 anos
KEPL3: -96,48%
VAGR3: -96,26%
LUPA3: -86,05%
IENG5: -85,71%
BTOW3: -85,13%

Maiores sequências (179 ações)
Alta: UGPA3 (10 meses)
Baixa: MGEL4 (6 meses)

Datas
01/01: 101 anos de fundação da Schlosser
02/01: 89 anos de fundação da Docas Imbituba
05/01: 69 anos de fundação do Bradesco
08/01: 70 anos de fundação da Metisa
11/01: 69 anos de fundação da Vale.
12/01: 40 anos de fundação da Braskem (como Copene)
26/01: 5 anos da IPO a PDG
28/01: 41 anos de listagem da Eletrobras
31/01: 5 anos da IPO da Rodobens
31/01: 5 anos da IPO da Camargo Correa Desenvolvimento Imobiliário

Fontes:
Bovespa.com.br
Economatica
Infomoney

Mensais: IPOs (dez/11)

Serão consideradas as ofertas:
* Ocorridas a menos de 5 anos
* Que sejam realmente ofertas públicas iniciais
* Que ainda sejam negociadas, excluídas as que foram incorporadas por outras empresas.
* As ofertas dos últimos 12 meses foram desconsideradas por serem muito recentes

Taxa a.m. Retorno desde o primeiro dia de negociações expresso em meses.
IBOV a.m. Retorno do Ibovespa desde o primeiro dia de negociações do ativo
Ganho s/ Ibov: Taxa a.m. – IBOV a.m.

5 maiores altas relativas ao Ibovespa
Ação; Taxa a.m.; IBOV a.m.; Ganho s/ IBOV
RNEW11; 3,91%; -0,66%; 4,57%
MPLU3; 3,63%; -0,90%; 4,53%
LLIS3; 3,61%; -0,27%; 3,88%
BRIN3; 1,70%; -1,66%; 3,36%
CTIP3; 3,04%; -0,23%; 3,26%

5 maiores baixas relativas ao Ibovespa
Ação; Taxa a.m.; IBOV a.m.; Ganho s/ IBOV
MILK1; -9,96%; -0,29%; -9,67%
AGEN11; -8,26%; -0,19%; -8,07%
VIVR3; -3,95%; 0,16%; -4,11%
OSXB; -4,73%; -0,92%; -3,80%
HRTP3; -5,19%; -1,44%; -3,75%

46/87 ações estão com ganhos relativos (52,87%)

42/87 ações estão com ganhos absolutos (48,28%)

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A busca pelo alfa (i)


(The quest for alpha)
Larry E. Swedroe

O título do livro, conforme exposto na introdução, é uma alusão à busca pelo santo graal, objeto de poderes milagrosos que deve ser buscado pelos cavaleiros medievais. O equivalente financeiro, nas palavras do autor, é o alfa, retornos não explicáveis pelo risco e que são atribuíveis à habilidade superior do gestor. O alfa pode ser obtido ou pela seleção do melhor momento para se investir (market timing) ou pela seleção dos ativos que devem ter desempenho superior (stock selection/picking). Uma filosofia inversa à de buscar o alfa é a gestão passiva, baseada na hipótese de que os mercados são eficientes. O livro analisa os resultados de diversos tipos de investidores em sua busca pelo alfa analisando estudos anteriores sobre o assunto. Um ponto positivo do livro é não se fundamentar em evidência anedótica ou causos do mercado para construir sua argumentação, preferindo consultar trabalhos anteriores sobre os assuntos abordados. Certamente que o autor só analisa alguns dos trabalhos anteriores e há sempre estudos que indicam resultados contrários (se não de forma geral, mas em alguns pontos ou em algumas situações), mas as conclusões são razoavelmente gerais e a metodologia dos estudos é consistente (digo isso por já ter lido alguns dos artigos citados pelo autor). A presente resenha será dividida em duas partes, a primeira tratando da análise dos diversos tipos de investidores e seus retornos, e a segunda das explicações do autor para esses desempenhos.

O primeiro capítulo trata dos fundos de investimento. Muito do que o livro trata eu já comentei aquianteriormente. O alfa médio dos fundos é negativo, piorando com o aumento das despesas e do giro da carteira. A média não seria importante, se fosse possível escolher os fundos que gerariam alfa. Porém, não há evidências de que haja persistência de desempenho (vencedores pretéritos são vencedores futuros), nem que avaliações como da Morningstar prevejam os fundos que terão desempenho superior. Há os que argumentam que os fundos são excessivamente diversificados, mas não há evidência de que fundos mais focados tenham desempenho superior. Isso se aplica para ações, mas estudos com fundos de renda fixa chegam a resultados parecidos. Certamente que em algum momento os fundos obtém retornos superiores, mas a falta de persistência desse desempenho indica que isso se deve mais à sorte do que à habilidade. Essas conclusões não são exclusivas de artigos acadêmicos, investidores profissionais, participantes do mercado e a imprensa constantemente tratando desse assunto e às vezes recomendando a gestão passiva.

Talvez fundos de investimento comuns não consigam alfas, mas e quanto aos fundos de pensão? Pelo fato de movimentarem carteiras bilionárias, esses fundos têm acesso privilegiado a gestores de fundos, capacidade de implementarem processos elaborados de seleção de gestores e poder de barganha para reduzir as taxas de administração. Porém, o desempenho dos fundos de pensão segundo as referências do livro são parecidas com a de fundos mútuos, não tendo um retorno ajustado ao risco positivo e não havendo persistência de desempenhos superiores. A atividade de contratar e demitir gestores terceirizados também não é muito rentável, os fundos de pensão contratando gestores que tiveram desempenho recente positivo (naturalmente), mas que não obtêm o mesmo desempenho depois que contratados. Gestores são demitidos quando têm um desempenho abaixo do mercado, mas após demitidos conseguem retornos superiores, inclusive na comparação com os que os substituíram, de forma que os fundos de pensão estariam melhor se não os tivessem demitidos. Fundos de pensão podem contratar consultores renomados, mas o desempenho dos fundos desses consultores têm desempenho pior do que fundos passivos da mesma classe. Isso também vale para fundos 401 (k). 

O mesmo (desempenho inferior e falta de persistência de desempenhos superiores) ocorre com hedge funds. Isso mesmo com uma série de vieses que acabam por aumentar os retornos desses fundos. O primeiro ponto é que não precisam publicar seus resultados, e os que decidem fazê-lo são os que tiveram melhor desempenho (logo, há viés de autosseleção). Segundo há o viés de sobrevivência, na medida em que apenas os fundos que sobrevivem são contabilizados, quando muitos hedge funds quebram e são liquidados (isso ocorre muito em 2007 e 2008). O terceiro ponto é que o desempenho de hedge funds deveria ser maior na medida em que são pouco líquidos, alguns exigindo carência ou liquidação financeira muitos dias depois da solicitação de resgate, essa iliquidez devendo ser compensada por retornos maiores, o que não ocorre. Hedge funds também investem em ativos mais arriscados, o que torna um desempenho semelhante à referência algo ainda menos desejável para os investidores. Juntando o desempenho nada impressionante com todos esses problemas, hedge funds não parecem ser a resposta para se obter alfa.

Os estudos relativos a fundos de Private Equity e Venture Capital indicam um retorno próximo ao do S&P 500. Porém, esses fundos possuem maiores riscos. O desvio-padrão dos retornos é elevadíssimo (mais de 100% anualizado), há chance de perda total, a distribuição de retornos possui obliquidade positiva (há mais resultados extremamente positivos do que extremamente negativos), há a prática comum de longo período de carência e esses fundos são menos diversificados do que outros tipos, assumindo, dessa forma, muito risco diversificável/específico. Analisando fundos com algumas dessas características (como de Small Caps), fundos de PE e VC têm desempenho inferior a essas referências. Tal como ocorre com hedge funds, há também vieses nos dados que são parcialmente corrigidos nos estudos.

O próximo grupo analisado é o de pessoas físicas, com o autor comentando artigos já tratados aqui anteriormente. Há uma relação negativa entre retornos e giro da carteira, homens giram mais a carteira do que as mulheres (talvez por serem excessivamente confiantes) e, por isso, obtém retornos menores. Na média, investidores pessoa física, homens e mulheres, têm desempenho inferior ao mercado. Para piorar, ações compradas pelos investidores mostram subsequentes retornos inferiores e as vendidas retornos superiores. Clubes de investimento têm retornos ajustado ao risco negativos, pior do que fundos de investimento. Por fim, apesar do desempenho de fundos não ser brilhante, escolher bem o fundo e a hora de aplicar e resgatar poderia gerar bons retornos para o investidor pessoa física. Há o cálculo de retorno ponderado pelo dinheiro, que leva em conta aplicações e resgates e indicaria se a pessoa investiu nos momentos certos ou errados (ver aqui). Os estudos mostram que o retorno dos investidores é pior do que dos fundos que investem.

O último lugar onde o autor procura o alfa é entre os financistas comportamentais, que estudam, dentre outras coisas, anomalias à eficiência de mercado. Quanto às ineficiências, Fama(1998) trata dessa questão. Um importante passo à frente à detecção de anomalias é a sua exploração. Estudos (incluindo este), porém, mostram que fundos comportamentais não obtém retornos superiores e nem muito diferentes dos de outros fundos. Finanças comportamentais tem a sua importância para a teoria de investimentos, mas não cria uma estratégia que permita superar o mercado.

Ao final de cada capítulo, o autor mostra admissões dos próprios investidores de que suas práticas não entregam o que prometem e conselhos de investidores profissionais, imprensa e acadêmicos. Ou seja, não são apenas estudos de profissionais do mercado ou de acadêmicos que mostra a ineficiência dos investidores analisados nesses capítulos.

No restante do livro, o autor procura entender por que os investidores não conseguem retornos superiores de forma consistente, tema de uma segunda parte da resenha.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A semana (17-23/12)

Finanças


My Life in Finance – A Annual Review of Financial Economics a cada edição escolhe um autor importante em Finanças para uma espécie de “autobiobliografia” (expressão minha), onde o autor escreve um pouco de sua biografia e principalmente de seu trabalho. Na primeira edição foi Paul Samuelson, na segunda Markowitz e na terceira Eugene Fama no artigo aqui referenciado. Alguns destaques: 1) Uma acusação que se faz sobre Fama era que ele ignora que a distribuição de retorno das ações possui caudas longas. Mas a tese de doutorado dele é justamente sobre isso! E em “nauseantes detalhes”. 2) A impressão que eu tenho é que muitas pessoas pensam que acadêmicos se comportam como torcedores de futebol e praticamente partem para a agressão quando divergem. Fama relata um debate com keynesianos que ele não sabe se venceu, mas tem quase certeza que venceu o torneio de tênis que sucedeu o debate. (É um pouco como a política brasileira. As pessoas, principalmente os eleitores mais “engajados”, pensam que os principais partidos brigam entre si como se estivessem em uma guerra entre o bem e o mal. Mas isso ocorre só durante as eleições. Acabada a disputa para quem vai ficar com a maior parte do dinheiro, são todos amiguinhos). Ainda, Andrew Lo, coeditor da revista e crítico da HME, é referido como “Andy” nos agradecimentos. 3) Outro estereótipo que se cria de Fama é que ele é um fanático da HME. No próprio artigo sobre o modelo de três fatores, na parte em que escreve sobre a falha do modelo em explicar os retornos das ações pequenas e de alto Valor de mercado/Valor Contábil, Fama e seu co-autor (French) escrevem que o modelo, como qualquer outro, é falho. E no artigo, quando trata da hipótese conjunta entre HME e um modelo de precificação de ativos, ele escreve que eficiência de mercado não é testável por si só. 4) Na página 9 do artigo, Fama escreve sobre a contribuição do CAPM (não que ele tenha algo a ver com o CAPM) para o debate sobre o desempenho de fundos e representou uma virada de tendência da gestão ativa para a gestão passiva. Nas palavras dele, o CAPM fez com que a gestão ativa “plantasse os pés no chão” e com que os gestores ativos soubessem que seus pés estariam no fogo para sempre. HME e CAPM são dadas como estrelas da morte de Wall Street, mas está mais para o contrário. Após a aplicação do CAPM à análise de fundos (no Alfa de Jensen) surgiu o questionamento sobre se o retorno obtido por um gestor é beta (risco) ou alfa (desempenho superior). A incômoda hipótese da HME, comprovada em diversas ocasiões, é: Os retornos, mesmo de profissionais, são beta, não alfa. 5) Ainda vou ler os artigos das edições anteriores.

Economia


Liberdades individuais

Na mesma linha: 2027

Big Government Causes Crime, the Norwegian Version – “I guess the moral of the story is that if you outlaw butter, only outlaws will have butter.”

Tweet da Semana
@ bomdiaporque: “Resumo de todas as notícias de economia: "ainda vai sobrar pra você".”

Frase da semana
Empresariado quer ajuda para enfrentar importados – E consumidores querem comprar produtos bons e baratos.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Atenção do investidor

Zhi Da, Joseph Engelberg e Pengjie Gao
Journal of Finance. Volume 66. Edição 5. 2011

Os autores analisam a questão sobre o efeito da atenção dos investidores e os retornos das ações. Outros estudos utilizaram os mais diversos tipos de indicadores para medir a atenção dos investidores, tais como variações extremas, volumes elevados, aparição na imprensa e gastos em divulgação. Os autores utilizam uma medida muito interessante baseada na ferramenta Google Trends e em seu indicador SVI (Search Volume Index), que será a principal variável de interesse. O SVI mede a frequência agregada de buscas para o termo analisado durante a semana. Há ainda o SVI anormal (ASVI), que é o SVI da semana menos a mediana de 8 semanas. Quanto mais buscas há sobre determinada empresa, maior deve ser a atenção que os investidores estão dedicando a elas. Isso é diferente do número de aparições na imprensa já que simplesmente haver notícias sobre a empresa não implica necessariamente que haverá pessoas lendo e prestando atenção à notícia, porém, o ato de buscar informações deve indicar que as pessoas estão ativamente buscando informações e dedicando certa atenção.

Na coleta de dados, os autores pesquisaram especificamente os códigos das ações das componentes do Russell 3000 para que o indicador procure medir a atenção dos investidores, e não de pessoas com outros interesses nas empresas. Códigos que são palavras comuns como BABY e DNA (“códigos ruidosos”) foram excluídas das análises principais. O período de tempo analisado começa em 2004 (quando há dados disponíveis na ferramenta) até 2008 envolvendo mais de 3.600 ações (todas as que fizeram parte do índice em algum momento no período), sendo excluídas as ações negociadas a preços inferiores a 3 dólares.

A primeira parte do artigo analisa a relação entre o SVI e outras variáveis utilizadas para medir a atenção dos investidores. A correlação entre o logaritmo do SVI e as demais variáveis é baixa, indicando ser uma medida diferente das demais. Uma segunda análise é a relação entre um grupo de variáveis através de um modelo vetorial autoregressivo para determinar qual variável precede as demais. O resultado da análise é a de que o SVI precede as demais variáveis, ou seja, elevado SVI em uma semana leva a maior giro das ações, maior retorno anormal e maior volume de notícias na semana seguinte. Os investidores prestam atenção à empresa e depois agem levando a um grande volume e a maiores retornos. Por fim, em uma regressão múltipla para analisar o impacto de uma série de variáveis no ASVI, determina-se que há relação positiva com o retorno anormal (ações que sobem muito chamam a atenção dos investidores), com o giro anormal (ações que começam a ser muito negociadas repentinamente chamam a atenção) e com a publicação de várias notícias sobre a empresa. Nessa última variável, o que conta mais não é apenas se a empresa aparece no noticiário, mas também que uma mesma notícia gere várias reportagens (indicando intensa cobertura sobre a empresa). Despesas em divulgação e cobertura de analistas não se mostraram significativos e o r-quadrado da análise é baixo (refletindo a baixa correlação entre ASVI e as variáveis).

A próxima etapa da análise consiste em determinar a atenção de qual tipo de investidor é medida pelo SVI, o principal suspeito sendo os investidores pessoa física, já que os institucionais contam com outras ferramentas mais sofisticadas para buscar notícias. Os autores utilizaram dados da Regra 11Ac1-5 a respeito de “covered orders”, um tipo de ordem diferente das “not-held orders” e que provavelmente são emitidas por investidores pessoa física. Os autores examinam a mudança na quantidade de ordens e em volume financeiro em análises separadas em relação ao SVI mensal e a um grupo de variáveis de controle, encontrando relação positiva entre mudanças no SVI e atividade dos investidores pessoa física. Em seguida, as ordens são separadas de acordo com o market center utilizado, um grupo sendo as ordens enviadas via Bernard L. Madoff Investment Securities LLC e outro grupo via NYSE ou Archipelago. Segundo os autores, com base em pesquisas anteriores, investidores menos informados enviavam suas ordens via Madoff. Os resultados das análises dos autores indicam que a atividade dos investidores é mais aumentada de acordo com mudanças no SVI quando a ordem é enviada via Madoff do que via NYSE ou Archipelago. Analisando ordens com ações que são negociadas em todos os mercados, o fato da ordem ter sido roteada pelo sistema de Madoff faz com que a atividade dos investidores aumente mais com variações no SVI. Em suma, o SVI afeta a atividade dos investidores pessoa física e em especial os menos sofisticados.

A próxima questão é sobre como a atividade dos investidores afeta os preços. A hipótese é a de que os investidores compram desproporcionalmente (compram mais do que vendem) as ações das empresas que mais chamaram a atenção, o que gera uma pressão de compra que resulta em altas no curto prazo. Chamar atenção poderia também resultar em pressão de venda, já que as empresas nem sempre chamam a atenção de maneira positiva, mas é menos frequente que os investidores pessoa física (cuja atenção é medida pelo SVI) vendam a descoberto. Os autores analisaram o retorno anormal das ações componentes do Russell 3000 com base em Daniel et. al. (1997) controlando por diversas variáveis que poderiam explicar os retornos e encontraram relação entre ASVI e retorno nas duas primeiras semanas. Adicionalmente, encontraram uma relação negativa entre uma variável definida como o ASVI multiplicado pelo tamanho da empresa, indicando que o efeito do ASVI no retorno é menor nas empresas maiores (e maior nas menores). A variável de interesse nessa última análise não é o tamanho da empresa, que mostraria o efeito do tamanho no retorno independente do ASVI. Isso está coerente com a ideia de que os investidores pessoa física operam mais com ações de empresas de baixa capitalização e as que mais chamarem a atenção irão ser mais afetadas. Isso é confirmado pela relação positiva entre outra variável que relaciona a proporção de covered orders em relação ao volume total e o ASVI, indicando que ações que chamam mais a atenção dos investidores e com maior atividade de investidores pessoa física sobem mais no curto prazo.

O retorno mais elevado provavelmente não é influenciado por mudanças nos fundamentos, já que a alta em função do ASVI não dura mais do que duas semanas, sendo revertida em prazos mais longos (o coeficiente do ASVI não é estatisticamente diferente de zero na tabela divulgada, mas em resultados não relatados os autores alegam que há relação negativa e significativa considerando apenas as menores ações). Outra evidência é a de que há relação negativa entre retornos e a busca pelo principal produto da empresa (medida pelo SVI do nome do produto na ferramenta do Google). Esses resultados se mantêm com repartição em sub-períodos e considerando códigos "ruidosos".

A próxima análise é sobre o efeito do SVI no retorno de IPOs. Dessa vez, como o código talvez não seja tão conhecido, os autores utilizam o nome da empresa para pesquisar o SVI. Primeiro, os autores estudam o comportamento do SVI ao longo do tempo, encontrando que o SVI de fato aumenta nas semanas que precedem a oferta, chegando ao topo na semana da oferta, depois revertendo para a média pré-IPO. Em análise univariada, o retorno inicial médio das ofertas com maior SVI é superior ao das ofertas com menor SVI. No longo prazo, o retorno ajustado por tamanho e Valor Patrimonial/Valor de Mercado das ofertas com elevado retorno inicial e menor SVI é positivo, enquanto que o retorno das ofertas com elevado retorno inicial e alto SVI é negativo. Isso indica que elevada busca por informação leva a um maior entusiasmo pelas ações, o que influencia positivamente no curto prazo, mas negativamente no longo prazo.

Controlando por diversas variáveis que são utilizadas para estudar o retorno de curto prazo na análise multivariada, o SVI influencia positivamente os retornos iniciais. Os autores utilizaram tanto o tamanho da oferta quanto o tamanho dos ativos da empresa na análise, duas variáveis altamente correlacionadas (ao menos é assim no mercado brasileiro), o que pode causar problemas estatísticos. Analisando os retornos pós-IPO (entre a semana 5 e a 52) ou sem ajuste, ou com ajuste por setor ou com ajuste por tamanho e valor contábil/valor de mercado, o SVI na data da IPO não afeta os retornos, mas a interação entre SVI e retornos iniciais afeta negativamente, confirmando a análise univariada. Essa análise de longo prazo é muito curta e não parte de um modelo geral de avaliação de retornos de longo prazo, e isso prejudica as conclusões. Ignorando isso, em resumo, as ofertas que mais chamaram a atenção dos investidores também geraram maior sentimento positivo em relação às ações, o que levou à maior alta no primeiro dia, o que acabou por ser um excesso de entusiasmo que resultou na reversão do retorno no longo prazo.

Uma hipótese alternativa poderia ser a de que os investidores primeiro formam expectativas sobre os retornos iniciais e depois buscam informações. Os autores refazem as análises para incorporar as expectativas nas regressões, com base na IPO Scoop. Em resultados não reportados, as expectativas influenciam os retornos, mas o efeito do SVI continua significativo. E não parece provável que a antecipação possa explicar a reversão de longo prazo.

O Search Index Volume aplicado aos códigos das ações é um indicador que mede a atenção dos investidores de uma maneira mais direta do que notícias na imprensa, despesas com divulgação da empresa e giro das ações, o SVI antecedendo essas variáveis. O SVI mede a atenção dos investidores pessoa física, fator que influencia a decisão de compra e de venda, resultando em maiores compras líquidas, o que eleva os retornos no curto prazo. Com IPOs, maior atenção leva a maiores retornos iniciais, que são revertidos em um prazo mais longo.

Uma grande dificuldade de ler esse artigo é que em certo ponto começa a tratar de aspectos da microestrutura do mercado acionário americano, sendo que mesmo a microestrutura do mercado brasileiro eu não tenho nível tão alto de conhecimento. Vou estudar um pouco sobre esse assunto.

sábado, 17 de dezembro de 2011

A semana (10-16/12)

Finanças
Bolsa é como Las Vegas sem as dançarinas, diz George Clooney – “[...]e ainda fez uma comparação nada convencional”. De nada convencional, a comparação não tem nada.

Investimentos em 2012: analistas recomendam cautela - "[...]uma teoria segundo a qual o final dos anos que terminam em 2 são sempre ótimas janelas de oportunidade para comprar ações. “De acordo com essa análise os mercado alcançam o topo nos anos que terminam com 0 e atingem o fundo do poço nos anos que terminam em 2. Foi assim nas décadas de 80 e 90 e no início dos anos 2000”". Nada como pegar nem meia dúzia de dados e construir uma teoria encima dela...

Economia

Sete dicas para vender para o governo – Está faltando uma, que vale por todas as outras sete, mas prefiro não dizer qual é. Dica: vide link anterior.


The Behavioral Economist's Guide to Buying Presents – De economia comportamental não tem nada, mas é interessante.

Liberdades individuais (e falta de)

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Digressão

Estou sem texto novo para publicar essa semana. Mas vou tentar transformar a crise em oportunidade e farei uma digressão. Começo com uma retrospectiva para não deixar o leitor sem nada novo para ler (a não ser na improvável hipótese de já ter lido todos) e continuarei com uma lista de pendências que fui deixando ao longo do caminho, perspectivas de novos textos e um pedido de contribuição.

Retrospectiva
Uma retrospectiva de textos que achei mais interessante nos últimos dois anos, já que não fiz tal relação para os textos de 2010. A lista de 2009 está aqui.

Subdiversificação – Esse é o título original, mas depois pensei que poderia ser “preferência por obliquidade”, já que meio que acabei mudando de tema no meio.











Pendências
Conflitos de interesses e retornos iniciais – Esse não foi o último texto sobre IPOs no Brasil. Retomarei o tema em breve.

Motivação afetiva para comprar ações – Motivação efetiva: viés comportamental ou um comportamento justificável? Estou pensando ainda nesse tema e voltarei a ele quando tiver algo interessante a dizer.

NTN-B e imposto de renda – Preciso fazer bater as minhas contas com a da calculadora do Tesouro Direto.

Dividendo = Desinvestimento – Não pretendia encerrar aqui a série, mas acabei perdendo o ímpeto. Talvez volte a escrever sobre dividendos.

Caixa e risco de crédito – Fiquei de tratar da dívida líquida juntando com a pesquisa desse artigo.

Bolha pontocom: 10 anos – Pretendia escrever mais sobre a bolha pontocom, mas acabei não achando o tema tão interessante assim.

Desempenho de fundos – Deixei pendente a análise de alguns tópicos de dois dos artigos resumidos.

Resenhas de livros
Tenho alguns livros na fila das resenhas. Acho difícil fazer resenhas já que costumo ter a vontade de fazer o mesmo que faço com artigos, com um resumo bem detalhado, o que é viável com um artigo de no máximo 50 páginas, mais difícil com um livro de no mínimo 150, 200 páginas. Espero dedicar um pouco mais de tempo para resenhas.

Textos futuros
Tem os dois textos que fiz referência na semana passada e que acabaram se mostrando mais difíceis de resumir do que esperava. Um artigo que certamente gostarei de ler e resumir é esse sobre a relação entre QI e participação no mercado acionário. Esse artigo que aparecerá na edição de fevereiro no Journal of Finance também parece promissor. E é inevitável que eu comente sobre esse artigo recém-publicado sobre o nosso capitalismo de laços já que por várias vezes tratei desse assunto no blog. Mas não tenho muito mais planejamento do que isso. E como mostrou a retrospectiva 2009, sou ruim de promessas, logo, não farei mais nenhuma além das presentes neste parágrafo.

Contribuam
Peço aos leitores que contribuam para o blog sugerindo algum tema ou deixando alguma pergunta. Também agradeço se souberem de algo das empresas que marquei com ??? na minha lista de todas as empresas do Ibovespa ou caso tenha algo a acrescentar ou retificar nas demais.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A semana (03-09/12)

Finanças

O passado joga a favor do rali de fim de ano – “Levantamento realizado pelo Valor Data mostra que, de 1968 (ano de início do Índice Bovespa) até 2010, ou seja, num período de 43 anos, em 31 deles o indicador encerrou o mês de dezembro em alta”. 1) Isso sem dolarizar o período pré-real. Dolarizando o período 1968-1994, foram 13 altas e 14 baixas. 2) Já escrevi aqui sobre o período do real. Atualizando para incluir 2010, o r-quadrado da análise sobre as médias mensais é de 2,26%, o r-quadrado da probabilidade de subir é de 1,47% e as duas análises falham no teste-F. 3) A média de dezembro no plano real só é estatisticamente superior às médias de junho e agosto. A diferença de médias com os demais meses não é diferente de nula. 4) São apenas 16 anos resultando em 16 dezembros. Não dá para tirar muita conclusão em cima disso.

Os 7 pecados capitais do investidor – Não costumo gostar desses textos-listas de “7 pecados do...” ou “10 mandamentos do...”, mas esse texto não é de todo mal. Pouco profundo, mas cita tópicos importantes. Dica: Contabilidade Financeira.

Economia

RIC 1527/2011 – “Solicita, por meio do Excelentíssimo Senhor Ministro de Estado da Fazenda, o envio de pedido de informação ao presidente do Banco Central do Brasil sobre os procedimentos relativos à condução da política monetária no País”. Uma das coisas mais positivamente surpreendentes vindas da política. Provavelmente não vai dar em nada, mas seria ótimo alguém botar o elemento contra a parede.



Leituras para futuros textos

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Presentes: Dê o que as pessoas pedem

Francesca Gino e Francis J. Flynn
Journal of Experimental Social Psychology. Volume 47. 2011

O artigo estudou o processo de presentear as pessoas, o que responde por 4% do orçamento das famílias nos Estados Unidos, segundo as referências dos autores. Já escrevi sobre um artigo a respeito do peso morto dos presentes, onde as pessoas recebem presentes que valem menos do que custou ao presenteador e esse artigo retoma a questão.

Muitas vezes, as pessoas preferem escolher o que dar de presente ao invés de seguir sugestões de quem será presenteado. Afinal, troca de presentes é um "processo de troca social, repleto de significado simbólico e sutilezas interpessoais" e seguir a sugestão do presenteado pode dar a intenção de que o presenteador não conhece muito bem o presenteado ou que não deseja gastar tempo e esforço nesse processo, de forma que o presente passe a aparentar ser algo impessoal ao invés de um sinal de compromisso com a relação com a pessoas. Talvez o presente não venha a ser grande coisa, mas ao menos a pessoa teve o cuidado de pensar no que o outro gostaria de receber, tornando o presente mais pessoal e significativo.

Como diria um comentarista de esportes americanos, chega! Na decisão sobre o que escolher, as pessoas tendem a focar em seus próprios pontos de vista, tentar adivinhar o que a pessoa gostaria de receber e superestimam a extensão que o presenteado compartilhará seu ponto de vista. Dessa forma, seguir sugestões talvez seja a "estratégia ótima"para minimizar o peso morto. É o que as pesquisas do artigo procuram analisar.

O primeiro estudo é sobre presentes de casamento. 198 pessoas casadas participam da pesquisa sobre receber ou dar presentes de casamento pedidos (como nas tradicionais listas de casamento) ou não pedidos, de forma que a pessoa poderia estar em uma de quatro situações na matriz papel x tipo de presente (receber ou dar x presente requisitado ou não requisitado). A resposta é baseada em uma experiência passada do respondente, onde a pessoa deu ou recebeu um presente da lista (requisitado) ou de fora (não requisitado), e foi perguntado em uma escala de 1 a 7 quanto a pessoa gostou do presente ou acha que o recebedor gostou. Os resultados indicam que presentes requisitados foram mais bem avaliados, que os presenteadores não avaliam diferentemente presentes requisitados e não requisitados, mas que os presenteados avaliam de maneira diferente em favor dos presentes que haviam pedido. Preço e o relacionamento com a pessoa que recebe ou que dá o presente aumentam a avaliação do presente, mas não alteram os resultados.

No segundo estudo, relativo a presentes de aniversário, usando a mesma metodologia, com 140 respondentes casados ou que estão em um relacionamento sério, os resultados foram um pouco diferentes em alguns pontos. Presentes requisitados não foram melhor avaliados somando os dois papéis (presentear ou ser presenteado), mas, como no estudo 1, os presenteadores não avaliaram diferente os presentes, mas os presenteados sim preferindo presentes requisitados.

O terceiro estudo envolveu wishlists da Amazon. 90 respondentes foram escolhidos para um dos papéis. Os presenteados criam uma lista de desejos e envia aos pesquisadores. O presenteador então deve ou escolher um dos presentes da lista ou analisar a lista e escolher um presente de fora da lista (o que cada um fará é determinado pelos pesquisadores). 10 dos presenteados são sorteados e ganham o presente escolhido, de forma que essa é uma pesquisa com um grau a mais de realismo (envolve além de uma modesta quantia de dinheiro, um presente de verdade). Após essas etapas, os respondentes foram questionados sobre o que acharam da escolha em termos de apreciação, consideração (thoughtfulness) e o grau de impessoalidade e a motivação do presenteador (maximizar a própria satisfação ou a de quem recebe). Como os outros estudos indicam, a satisfação prevista pelos presenteadores não varia com o tipo, mas a satisfação dos presenteados sim. Ainda, presenteados consideraram o presente requisitado mais atencioso e mais pessoal do que o presente não requisitado, os presenteadores não vendo diferença.

As duas últimas pesquisas envolvem condições limites. No quarto estudo, é analisada a situação em que quem vai receber declara seu desejo por receber um presente específico, e não uma lista de possíveis presentes. A metodologia é a mesma dos demais estudos, envolvendo 200 respondentes. Com a eleição de um presente específico, a satisfação prevista pelo presenteador é maior e os presentes requisitados resultam em maior satisfação. Para lista múltipla, há o mesmo efeito e ainda quem presenteia não vê diferença entre presentes requisitados e não requisitados, mas quem recebe vê diferença e prefere aqueles que constam de sua lista. Os resultados são parecidos analisando a consideração do presenteado, quem recebe o presente achando que o presenteador teve maior consideração por ele caso tenha dado um presente da lista.

A condição limite do quinto experimento foi entre dar um presente da lista ou dinheiro. Os resultados mostraram que o presenteador atribuiu maior satisfação prevista do que a real satisfação de quem recebe. O principal resultado é que os presenteadores achavam que quem recebe iria gostar mais do presente, porém, os presenteados acabaram preferindo receber em dinheiro. Os presenteadores acreditavam que os presenteados iriam considerar o presente em itens mais atencioso, porém os que receberam acharam o contrário.

Uma conclusão geral é a de que quem vai dar presentes acaba sendo excessivamente otimista em relação à satisfação esperada de sua escolha e que não veem muita diferença entre presente pedido ou não pedido em termos de satisfação e de consideração, mas quem recebe o presente prefere receber aquilo que já tinha declarado querer receber. Ainda, o quinto estudo indica que as pessoas preferem receber em dinheiro acima até de presentes que pediram.

A dica prática passa a ser de que, tendo uma dica, o melhor mesmo é dar um presente que a pessoa tenha pedido. Sempre há a chance de haver surpresas positivas, mas parece haver uma tendência para superestimarmos a nossa capacidade de saber o que a outra pessoa deseja. Presente em dinheiro parece uma boa, como atesta também essa notícia, e pode ser um pouco mais pessoal com os vale-presentes (gift cards). Só que não é em toda situação que isso funciona.

Por fim, o artigo não tratou de uma questão: não seria a troca de presentes um jogo de soma zero? Uma pessoa dá um presente de determinado valor e recebe outro de valor semelhante, só havendo um ganho para uma das partes quando a outra morre, o que não parece fazer muito sentido. Bom, mas isso é uma convenção social não opcional.

sábado, 3 de dezembro de 2011

A semana (26/11-02/12)

Blog
Atualizei o texto sobre NTN-B e imposto de renda no que se refere à divergência com a calculadora do Tesouro Direto. Ainda não fiz com que os dois cálculos convergissem, mas acho que estou mais próximo.

Finanças
Sobre o mito de que é seguro emprestar para o governo – No que tange o conceito de taxa livre de risco: 1) Essa taxa não precisa ser necessariamente o rendimento de um título governamental. Poderia ser de uma entidade privada com o menor risco de crédito que exista. Só que (infelizmente, diria) é difícil imaginar que uma empresa tenha menos risco de crédito do que o governo de seu país. 2) Sim, títulos do governo podem ser considerados isentos de risco de crédito porque o governo pode simplesmente emitir dinheiro (isso se toda a dívida for em moeda local). Você troca um problema sério (default) por outro potencialmente ainda mais grave (inflação ou hiperinflação), mas não há default. 3) Na avaliação dos ativos, o mais adequado seria incorporar o problema inflacionário nos fluxos de caixa, não na taxa, embora esta provavelmente também vá subir. 4) Títulos públicos serem considerados sem risco de crédito não significa que sejam um investimento sensato ou que sua existência não cause problemas. Na análise do autor, ouro realmente pode ser uma boa alternativa de investimento para proteger contra a inflação monetária. 5) Na falta de alguma coisa com menor risco de crédito, para precificação de ativos de risco, tem que ser usado o que tem (títulos do governo). 6) Como disse anteriormente, o conceito de taxa livre de risco é uma coisa que só serve para precificação de ativos, para mais nada.

Vale deve desbancar Petrobras no Ibovespa – 1) Não acho que Petrobras e Vale irão “se acotovelar” pela liderança. Para o Ibovespa, o que conta é o índice de negociabilidade, a soma do número de negócios da ação multiplicado pelo volume financeiro da ação dividido pelo número de negócios total multiplicado pelo volume financeiro total. Fazendo essa conta sem levar em conta o dado do mercado como um todo (que é denominador comum das contas a seguir), o índice de negociabilidade da PETR4 era um pouco maior (1,69%) no período da última revisão (jun/10-mai/11), mas agora (jan/11-nov/11) é 22,47% menor. Isso aconteceu por conta do elevado volume financeiro no período próximo ao da oferta pública da Petrobras. Na próxima revisão, esses dados deixarão de contar e a maior liquidez recente da Vale irá prevalecer. Um dado interessante é que a VALE5 movimentou mais de R$ 1 bilhão 19 vezes no ano (última vez em 17/11), enquanto que a Petrobras só o fez três vezes em 2011 (última vez em 24/02). 2) Na primeira prévia do Ibovespa, de fato a Localiza entrou, mas a Dasa ainda não. Caso as duas entrem e não haja outras inclusões ou exclusões, as IPOs recentes (desde a Natura) se aproximarão mais de ser 1/3 do número de ações no índice (32,86%)

Conheça a inovação do ano em renda fixa – Sobre os bancos online destinados à captação de recursos com pessoas físicas com CDBs que pagam mais de 100% da taxa do CDI. Além dos bancos citados (Sofisa e Ficsa/CDB Direto) conheço ainda o Intermedium.

Economia

Venezuela Repeals the Laws of Supply and Demand – “The law of supply and demand is a lie”. Dica: Contabilidade Financeira




Custo de Capital
Fui na reunião Apimec do Itaú Unibanco. Na parte de perguntas e respostas, foi perguntado sobre a intenção do banco em aumentar a distribuição de dividendos, fazendo notar que 11% do valor adicionado era distribuído em dividendos e 32% reinvestido. O presidente Roberto Setúbal respondeu algo como: “Minha vida seria muito mais fácil se eu distribuísse todo o lucro. Mas não, prefiro reinvestir para fazer o banco crescer e tenho que fazer esse dinheiro render pelo menos 20% [mais ou menos o ROE do banco]. E há mais de vinte anos não fazemos chamada de capital”. Essa é uma boa explicação para o conceito de custo de capital sem utilizar essa expressão.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Mensais: Brasil (nov/11)

Índices Brasileiros
Índice; 60 meses; Ano; 12 meses
Ibovespa; 35,64%; -17,94%; -16,00%
IBX 50; 35,46%; -14,91%; -11,73%
IBX; 42,47%; -12,72%; -9,70%
ISE; 45,62%; -6,71%; -3,42%
ITEL; 56,92%; 9,97%; 14,08%
IEE; 131,56%; 9,36%; 11,68%
INDX; 38,19%; -14,11%; -10,44%
Imobiliário; -; -23,55%; -24,28%
Consumo; -; -2,38%; 0,92%
IFNC; -; -11,08%; -11,15%
IVBX2; 29,06%; -5,51%; -5,04%
Mid Large Cap; -; -11,95%; -8,88%
IGC; 36,10%; -13,96%; -13,06%
ITAG; 30,47%; -14,02%; -13,12%
Small Cap; -; -17,30%; -15,72%

Comparações
Indicador; Desvio-padrão; Correlação IBOV; Retorno 60 meses; Retorno 12 meses
IBOV; 6,96%; 100%; 35,64%; -16,00%
Ouro; 6,01%; -22,47%; 124,75%; 21,07%
Dólar; 5,01%; -67,58%; -16,43%; 5,52%

Ibovespa x CDI
Janela; IBOV- CDI
12 meses; -24,77%
5 anos; -4,35%
10 anos; 1,03%

Ibovespa:
Maiores altas (2011):
RDCD3: 55,55%
CIEL3: 53,16%
HGTX3: 43,91%
CRUZ3: 34,31%
VIVT4: 31,81%

Altas: 20/68

Maiores altas (12 meses)
KLBN4: 53,57%
RDCD3: 46,78%
BRFS3: 41,43%
CRUZ3: 41,11%
CIEL3: 38,26%

Altas: 20/68

Maiores baixas (2011)
BTOW3: -67,37%
HYPE3: -63,62%
GFSA3: -54,31%
FIBR3: -47,02%
VAGR3: -47,00%

Maiores Baixas (12 meses)
HYPE3: -69,79%
BTOW3: -66,30%
LLXL3: -62,46%*
GFSA3: -53,89%
GOLL4: -50,38%
MMXM3: -47,30%

* Por conta do preço inadequado de ajuste da PortX quando da cisão da LLX, a variação da LLXL3 parece expressiva, mas os acionistas da empresa não tiveram toda essa perda, considerando a “valorização” das ações da PortX.

Amostra de 179 ações:
Maiores altas em 5 anos
TELB4: 3.917,80%
HGTX3: 3.407,09%
JFEN3: 745,56%
RCSL4: 679,88%
BMTO4: 552,98%

Maiores baixas 5 anos
KEPL3: -96,78%
VAGR3: -94,01%
JBDU4: -82,47%
BTOW3: -81,43%
IENG5: -81,25%

VAGR3 deixa de constar da lista de IPOs recentes com o 5º aniversário de sua abertura de capital e passa a abrilhantar a lista de maiores baixas em 5 anos.

Maiores sequências (179 ações)
Alta: UGPA3 (9 meses)
Baixa: CLSC6 (8 meses)

Datas
01/12: 5 anos de listagem da Odontoprev
08/12: 40 anos de listagem da Unipar
11/12: 5 anos de listagem da Positivo
12/12: 78 anos de fundação da Karsten
13/12: 97 anos de fundação da Livraria Saraiva
14/12: 50 anos de fundação da Cosern
18/12: 5 anos de listagem da Lopes Brasil
18/12: 33 anos de listagem da Braskem (anteriormente Copene)
20/12: 5 anos de listagem da Dufry
20/12: 58 anos de fundação da Ultrapar
29/12: 25 anos de fundação da M G Poliestér
29/12: 40 anos de listagem da Mangels
30/12: 68 anos de fundação do Itaú

Fontes:
Bovespa.com.br
Economatica
Infomoney

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Mensais: Índices Internacionais (nov/11)

Maiores altas (mês)
Ucrânia: 7,18%
Malawi: 6,74%
Bangladesh: 4,61%
Namíbia: 3,24%
Suécia: 2,83%

Ibovespa: 50º lugar (maior alta – maior baixa)
Altas: 20/101

Maiores altas (ano)
Mongólia: 41,53%
Indonésia: 28,01%
Irã: 27,37%
Panamá: 24,68%
Tanzânia: 12,02%

Ibovespa: 69º lugar (maior alta – maior baixa)
Altas: 15/100

Maiores altas (12 meses)
Mongólia: 60,60%
Irã: 31,38%
Jamaica: 30,00%
Panamá: 29,29%
Qatar: 11,66%

Ibovespa: 90º lugar (maior alta – maior baixa)
Altas: 24/100

Maiores altas (12 meses, em dólar)
Mongólia: 39,03%
Panamá: 29,29%
Jamaica: 29,22%
Irã: 23,69%
Dow Jones: 9,4%

Essa é a provável lista das cinco maiores altas. Verifico o rendimento em dólar apenas das maiores altas até que a maior alta em dólar seja superior ao rendimento nominal do próximo da lista.

A Venezuela fica fora das listas por conta de seu câmbio artificialmente fixo (ver aqui). Suspeito que o Irã tenha problema parecido (câmbio artificial e falta de dólares), mas não tenho como confirmar isso.

http://www.bloomberg.com/news/2011-02-21/chavez-s-dysfunctional-currency-market-spurs-queues-at-banks-for-dollars.html

Ibovespa em dólar: -20,39%

Maiores altas (Dez/06)
Mongólia: 928,65%
Paquistão: 538,75%
Bangladesh: 227,10%
Irã: 138,40%
Sri Lanka: 132,78%

Ibovespa: 23ª maior alta
Altas: 32/93

Maiores baixas (mês)
Chipre: -31,85%
Montenegro: -19,51%
Lituânia: -15,89%
Grécia: -15,63%
Argentina: -11,79%

Maiores baixas (ano)
Chipre: -74,35%
Grécia: -51,75%
Egito: -43,33%
Montenegro: -41,06%
Ucrânia: -38,45%

Maiores baixas (12 meses)
Chipre: -75,59%
Grécia: -53,62%
Egito: -39,64%
Montenegro: -39,08%
Quênia: -31,84%

Maiores baixas (5 anos)
Chipre: -93,11%
Islândia: -90,31%
Grécia: -84,47%
Bermudas: -77,74%
Bulgária: -74,77%

Chipre conseguiu o que parecia impossível: passou a Islândia como maior mico mundial das bolsas.

Maiores sequências:
Altas: Panamá (13 meses)
Baixas: Líbano (10 meses)

Desvio-padrão (mensal)
S&P 500: 5,39%
Brasil: 6,96%
Rússia: 11,47%
Índia: 8,54%
China: 10,52%

Fontes:
Bloomberg
Sites das bolsas de valores
Yahoo Finance

A bolsa do Zimbábue está fora do ar, logo, não consegui os dados desse mês também.

Mensais: IPOs (nov/11)

Serão consideradas as ofertas:
* Ocorridas a menos de 5 anos
* Que sejam realmente ofertas públicas iniciais
* Que ainda sejam negociadas, excluídas as que foram incorporadas por outras empresas.
* As ofertas dos últimos 12 meses foram desconsideradas por serem muito recentes

Taxa a.m. Retorno desde o primeiro dia de negociações expresso em meses.
IBOV a.m. Retorno do Ibovespa desde o primeiro dia de negociações do ativo
Ganho s/ Ibov: Taxa a.m. – IBOV a.m.

5 maiores altas relativas ao Ibovespa
Ação; Taxa a.m.; IBOV a.m.; Ganho s/ IBOV
RNEW11; 4,57%; -0,68%; 5,25%
MPLU3; 3,70%; -0,93%; 4,63%
LLIS3; 3,88%; -0,27%; 4,15%
BRIN3; 2,22%; -1,78%; 4,00%
CTIP3; 3,04%; -0,23%; 3,27%

5 maiores baixas relativas ao Ibovespa
Ação; Taxa a.m.; IBOV a.m.; Ganho s/ IBOV
MILK1; -10,07%; -0,29%; -9,78%
AGEN11; -7,78%; -0,19%; -7,59%
VIVR3; -3,95%; 0,17%; -4,12%
OSXB; -4,75%; -0,96%; -3,79%
TERI3; -3,31%; -0,04%; -3,27%

VAGR3 deixa a lista porque a oferta ocorreu há mais de cinco anos.

44/91 ações estão com ganhos relativos (48,35%)

40/91 ações estão com ganhos absolutos (43,96%)

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Esclarecimento Econômico Revisitado

Daniel B. Klein e Zeljka Buturovic
Economic Journal Watch. Volume 8. Edição 2.

Anteriormente, comentei um artigo com uma pesquisa sobre o grau de esclarecimento econômico dos respondentes através de algumas perguntas básicas. Um dos resultados foi o de que o grau de escolaridade não está relacionado com o grau de acerto e outro resultado analisado com maior destaque foi a de que conservadores e libertários tiveram um grau de acerto maior. Certamente que a esquerda (que se denominam “liberais” e “progressistas”) não gostaram muito desses resultados e comentaram o artigo.

Uma das críticas foi a de que as perguntas desafiavam as posições “liberais”, mas não as posições conservadoras ou libertárias. Embora os autores tenham (corretamente, na minha opinião) alegado que as respostas certas não deveriam variar de acordo com a ideologia, de fato era mais fácil para os conservadores e libertários concordaram com as respostas dadas como corretas na pesquisa. Nesse artigo, os autores inverteram essa situação e fizeram perguntas que desafiassem as posições conservadoras.

As novas perguntas são:

9) Um dólar significa mais para um pobre do que para um rico
10) Tornar o aborto ilegal aumentaria o mercado negro de abortos
11) Legalizar as drogas daria mais dinheiro e poder às gangues de rua e ao crime organizado
12) Proibição às drogas falha em reduzir o acesso às drogas
13) Proibição ao comércio de armas falha em reduzir o acesso às armas
14) Ao participar no mercado nos Estados Unidos, imigrantes reduzem o bem-estar dos americanos
15) Quando um país vai à guerra seus cidadão vivenciam um aumento em seu bem-estar
16) Quando duas pessoas completam uma transação voluntária, ambos necessariamente se beneficiam
17) Quando duas pessoas completam uma transação voluntária, é necessariamente o caso de que todos os demais não são afetados pela transação.

A resposta à pergunta 9) não é controversa: na margem, um dólar a mais acrescenta mais para o pobre do que para o rico. A pergunta 10) também é bastante óbvia e independe de ideologia: a proibição não só aumenta o mercado negro como apenas a proibição pode criá-lo. A pergunta 11) eu considero controversa: se as drogas nunca tivessem sido proibidas, a criminalidade associada seria muito menor do que com a proibição, mas não sei se a legalização agora iria enfraquecer o crime. Mais creio que a resposta mais esclarecida seja mesmo discordar, já que, se não vai enfraquecer, também não deve fortalecer. As perguntas 12) e 13) são confusas: o mais certo seria perguntar se a proibição reduz o acesso, a resposta esclarecida sendo concordar, nesse caso. “Falha em reduzir” pode dar um nó na cabeça das pessoas e concordar (a resposta errada) implicaria que a proibição não reduz o acesso: pode até não eliminar, mas a proibição certamente dificulta o acesso. A pergunta 14) de fato desafia mais os conservadores, menos afeitos à imigração, legal ou ilegal. Um curto (e talvez insatisfatório) argumento em favor da imigração é que, ao aceitarem salários menores, os imigrantes reduzem o custo de mão de obra e liberam recursos para outras utilidades. A pergunta 15) até pode desafiar mais os conservadores (e os resultados mostram isso), mas são os keynesianos que falam das bênçãos da destruição. As perguntas 16) e 17) desafiam mais os libertários, que erraram mais nessas duas perguntas, a 16) sendo incorreta não pela intenção, mas pelo resultado (certamente as pessoas esperam se beneficiar de uma transação voluntária, mas nem sempre isso ocorre). A pergunta 17) é sobre externalidades, tema pouco simpático aos libertários. Certamente que uma transação voluntária afeta pessoas não envolvidas diretamente, a questão é sobre o governo deve ou não intervir nessa questão. Em suma, essas perguntas podem ser menos simpáticas para os conservadores, mas mesmo esses poderiam concordar com a maioria das perguntas.

Separando por escolaridade, os respondentes com colegial ou menos erraram 6,72 das questões (de 17 possíveis somando as duas pesquisas), os com universitário incompleto erraram 6,66 e os com nível superior completo 6,10. Com isso, há pouca relação entre escolaridade e esclarecimento econômico, como foi constatado na pesquisa anterior.

Por ideologia, os “liberais”, “progressistas” e moderados se saíram melhor do que os demais nas novas nove perguntas, esses três grupos errando menos do que a média. Na pesquisa anterior, repetida aqui, o resultado foi o inverso. Ou seja, as perguntas de fato são enviesadas, do contrário, haveria um único padrão. Juntando os dois conjuntos de questões, os autores alegam que não dá para dizer que um grupo ideológico se saiu melhor ou pior, em três observações: 1) Os libertários, grupo com menor grau de erro, não foram desafiados (na minha opinião, foram nas duas últimas perguntas); 2) A diferença entre as médias é pequena. 3) O certo seria fazer alguma ponderação entre as perguntas.

Os autores não fizeram notar que conservadores, muito conservadores e libertários erraram menos do que a média, o que é algo a se notar. Se eles querem argumentar que a diferença é pequena, deveriam ter feito um teste estatístico: sem isso, não dá para concluir nada.

No fim, o mais importante é que 37% das perguntas foram respondidas erroneamente (um grau bastante elevado) e não há relação entre nível superior e esclarecimento econômico.

Outros resultados interessantes (e talvez estatisticamente significativos): pessoas mais propensas a votar nas eleições nos EUA (onde o voto é facultativo) erraram mais (o que é péssima notícia), os que se declaram residentes no planeta Terra erraram mais, investidores (pessoas que se declararam membros da “classe investidora) erraram menos, há uma relação quase linear e negativa entre renda e número de erros e homens erraram menos do que as mulheres.