(Behavioral Finance: Are the disciples profiting from the Doctrine?)
Colby Wright, Prithviraj Banerjee e Vaneesha Boney
Journal of Investing. Inverno, 2008
Finanças Comportamentais vem atraindo crescente interesse nos meios acadêmicos. É natural que as pessoas queiram aplicar esses estudos e a gestão de fundos é uma ótima maneira de fazê-lo.
Os autores estudaram dezesseis fundos comportamentais auto-proclamados ou assim categorizados pela imprensa. Procuram responder três perguntas:
1 – Esses fundos estão realmente atraindo dinheiro?
2 – Esses fundos têm retornos superiores?
3 – Caso a resposta anterior seja positiva, como agem esses fundos?
As comparações são feitas no agregado contra fundos indexados (amostra dos cinco maiores fundos indexados ao S&P 500) e individualmente contra o Vanguard 500 Index Funds e contra um fundo ativo de características semelhantes. Nas comparações agregadas, o peso de cada fundo pode ser igual ou ponderado por valor.
A primeira pergunta compara o fluxo de fundos para os fundos comportamentais e o fluxo para os demais fundos. Com dois tipos de testes estatísticos, os autores confirmam que os fundos comportamentais, após controlar por outras variáveis que poderiam explicar o movimento, de fato recebem mais recursos do que os demais fundos.
A segunda pergunta é respondida comparando os retornos. O retorno após despesas dos fundos comportamentais é realmente maior do que o retorno dos demais. Porém, isso é de importância menor, sendo necessário considerar o risco dos fundos. O controle por risco é feito com regressões utilizando fatores de risco como tamanho e relação Valor Patrimonial/Preço. Após esse controle, não há evidências de que os fundos comportamentais tenham desempenho nem melhor nem pior (a regressão não é estatisticamente significativa). Com isso, a terceira pergunta perde interesse, porém, os autores ainda analisam um pouco a questão com os resultados obtidos. A maior parte do ganho absoluto dos fundos comportamentais se deveu ao fato desses fundos investirem muito em ações com baixa relação Preço/Valor Patrimonial, conhecido fator de risco que, quando controlado, mostra que não há retorno anormal.
Pode-se concluir que, no que diz respeito a investimentos, o mestre iluminado que estava predestinado a trazer equilíbrio à força derrotando a sombria ideia de Mercados Eficientes acabou juntando-se ao lado do mal. Fundos comportamentais só conseguem retornos superiores ao índice utilizando-se de estratégias manjadas como investir em ações de maior risco (Baixo Valor Patrimonial/Preço e ter baixa capitalização de mercado não são chamados de fatores de risco por acaso). E nem comparados com fundos “tradicionais” que usam a mesma estratégia os fundos comportamentais conseguem retornos ajustados ao risco superiores. Sucumbem assim à hipótese de mercados eficientes (por ora, talvez, vai saber). Aproveitando que não há ainda no Brasil uma classificação de fundos que segregue aqueles que usam estratégias baseadas em fundos comportamentais, não seria má ideia utilizar-se do emprego de finanças comportamentais em fundos como uma estratégia de marketing, como sugerem os autores ao final do artigo.
Colby Wright, Prithviraj Banerjee e Vaneesha Boney
Journal of Investing. Inverno, 2008
Finanças Comportamentais vem atraindo crescente interesse nos meios acadêmicos. É natural que as pessoas queiram aplicar esses estudos e a gestão de fundos é uma ótima maneira de fazê-lo.
Os autores estudaram dezesseis fundos comportamentais auto-proclamados ou assim categorizados pela imprensa. Procuram responder três perguntas:
1 – Esses fundos estão realmente atraindo dinheiro?
2 – Esses fundos têm retornos superiores?
3 – Caso a resposta anterior seja positiva, como agem esses fundos?
As comparações são feitas no agregado contra fundos indexados (amostra dos cinco maiores fundos indexados ao S&P 500) e individualmente contra o Vanguard 500 Index Funds e contra um fundo ativo de características semelhantes. Nas comparações agregadas, o peso de cada fundo pode ser igual ou ponderado por valor.
A primeira pergunta compara o fluxo de fundos para os fundos comportamentais e o fluxo para os demais fundos. Com dois tipos de testes estatísticos, os autores confirmam que os fundos comportamentais, após controlar por outras variáveis que poderiam explicar o movimento, de fato recebem mais recursos do que os demais fundos.
A segunda pergunta é respondida comparando os retornos. O retorno após despesas dos fundos comportamentais é realmente maior do que o retorno dos demais. Porém, isso é de importância menor, sendo necessário considerar o risco dos fundos. O controle por risco é feito com regressões utilizando fatores de risco como tamanho e relação Valor Patrimonial/Preço. Após esse controle, não há evidências de que os fundos comportamentais tenham desempenho nem melhor nem pior (a regressão não é estatisticamente significativa). Com isso, a terceira pergunta perde interesse, porém, os autores ainda analisam um pouco a questão com os resultados obtidos. A maior parte do ganho absoluto dos fundos comportamentais se deveu ao fato desses fundos investirem muito em ações com baixa relação Preço/Valor Patrimonial, conhecido fator de risco que, quando controlado, mostra que não há retorno anormal.
Pode-se concluir que, no que diz respeito a investimentos, o mestre iluminado que estava predestinado a trazer equilíbrio à força derrotando a sombria ideia de Mercados Eficientes acabou juntando-se ao lado do mal. Fundos comportamentais só conseguem retornos superiores ao índice utilizando-se de estratégias manjadas como investir em ações de maior risco (Baixo Valor Patrimonial/Preço e ter baixa capitalização de mercado não são chamados de fatores de risco por acaso). E nem comparados com fundos “tradicionais” que usam a mesma estratégia os fundos comportamentais conseguem retornos ajustados ao risco superiores. Sucumbem assim à hipótese de mercados eficientes (por ora, talvez, vai saber). Aproveitando que não há ainda no Brasil uma classificação de fundos que segregue aqueles que usam estratégias baseadas em fundos comportamentais, não seria má ideia utilizar-se do emprego de finanças comportamentais em fundos como uma estratégia de marketing, como sugerem os autores ao final do artigo.
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