(Brazilian Football: What brings fans to the game?)
Regina Madalozzo e Rodrigo Berber Villar
Journal of Sports Economics Vol. 10 Ed. 6 2009
(Link para versão gratuita)
Amanhã começa o Campeonato Brasileiro de 2010. Esse artigo de dois pesquisadores brasileiros, publicado no Journal of Sport Economics, procura determinar os fatores que mais contribuem para levar torcedores aos estádios no Brasil, especificamente, no Campeonato Brasileiro da Série A. O período da pesquisa é entre 2003 (quando o Estatuto do Torcedor começou a vigorar e o campeonato passou a ser de pontos corridos) até 2006.
A metodologia foi uma análise de regressão com o logaritmo do público como variável dependente e diversas variáveis independentes como: logaritmo do preço dos ingressos, se o jogo é em final de semana, se o time visitante é de São Paulo ou do Rio de Janeiro, se o jogo é um clássico etc. Uma variável importante é a promoção da Nestlé (“Torcer faz bem”), onde a pessoa poderia adquirir ingressos trocando por embalagens de produtos da Nestlé em determinados locais, restrito a alguns jogos específicos.
Os resultados da pesquisa indicam as variáveis com maior impacto (em parênteses, o quanto essa variável aumenta a demanda por ingressos): promoção Nestlé (84%), Clássicos (78%), pontos nos últimos jogos (45%), posição do time (36%) e o time visitante ser de SP/RJ. O preço do ingresso não parece ser tão significativo: uma redução de 50% no preço leva, pelo modelo, a um aumento de apenas 16% na demanda. Isso indica que o preço médio dos ingressos já é baixo, que a precificação é feita na parte inelástica da curva de demanda.
O fato da promoção ter grande efeito e o preço um efeito modesto parece uma contradição. Porém, o maior apelo da promoção não era tanto o preço (comprar os produtos ou apenas o ingresso possuem valores próximos), e sim a comodidade de compra. Enquanto que os ingressos são adquiridos nos estádios, há mais locais onde as embalagens podem ser trocadas. Os resultados levam os autores a concluírem que a operação de venda de ingressos ainda é deficiente é que há espaço para melhoras.
Outros resultados de interesse. A demanda por ingressos está negativamente relacionada com a renda per capita do local onde o jogo é realizado, o que nada mais é dizer que há maior demanda onde há menos alternativa de entretenimento. Nas variáveis de “Qualidade Esperada”, as características dos times visitantes contam mais: constatou-se um aumento na demanda quando o time visitante foi campeão nacional ou internacional no ano passado (mas não quando o mandante foi campeão) e quando o time visitante é de SP/RJ. Títulos estaduais não representaram aumento na demanda, mas o time ter voltado da segunda divisão influencia positivamente. Pontos ganhos pelo mandante nos últimos jogos influencia positivamente demanda e pontos ganhos pelo visitante influencia negativamente, enquanto que a posição dos times apresentou uma influencia negativa (quanto mais bem colocado, menor a demanda). A possibilidade do time mandante se tornar líder aumenta a demanda, porém, a possibilidade do time sair da zona de rebaixamento aumenta mais a demanda. A possibilidade do time entrar na zona de classificação para a Libertadores não teve efeito (o valor dessa variável é negativo, mas não é estatisticamente significante).
(Observação: Por simplicidade, adotei a expressão “aumentar/diminuir a demanda” no lugar de “aumentar/diminuir a quantidade demandada). A “curva” de demanda para é a mesma (os resultados do modelo de regressão), o que muda é o valor da quantidade de ingressos demandada.)
O principal resultado desse artigo é concluir que melhorar o sistema de distribuição de ingressos pode melhorar significativamente o público, sendo a promoção da Nestlé o fator que mais contribuiu para aumentar o público nos estádios no período analisado. Segundo os autores, a promoção ajudou mais pela comodidade da compra, pelo aumento no acesso, do que pela questão do custo, o que faz os autores concluírem que melhoria na distribuição de ingressos pode melhorar o público. Isso pode ser feito através da venda de carnês com ingressos para todos os jogos em casa do ano. Outra possibilidade que foi posta em prática pela Visa é a venda pela internet através de cartão de crédito e o uso do próprio cartão como ingresso.
Preparei uma planilha para o “tira-teima” dos resultados da pesquisa, em especial, o efeito de cada variável na média de público. O efeito da promoção Nestlé é observado substituindo por 1 o valor em C7, mostrando o efeito que seria observado se todos os jogos tivessem a promoção. Procedimento semelhante pode ser feito para os clássicos (C12), visitante de SP/RJ (C14) e título no último ano pelo time visitante (C10) e chance de sair da zona de rebaixamento (C22). O efeito do preço de R$ 5,00 é observado substituindo em C3 o valor em B31.
Regina Madalozzo e Rodrigo Berber Villar
Journal of Sports Economics Vol. 10 Ed. 6 2009
(Link para versão gratuita)
Amanhã começa o Campeonato Brasileiro de 2010. Esse artigo de dois pesquisadores brasileiros, publicado no Journal of Sport Economics, procura determinar os fatores que mais contribuem para levar torcedores aos estádios no Brasil, especificamente, no Campeonato Brasileiro da Série A. O período da pesquisa é entre 2003 (quando o Estatuto do Torcedor começou a vigorar e o campeonato passou a ser de pontos corridos) até 2006.
A metodologia foi uma análise de regressão com o logaritmo do público como variável dependente e diversas variáveis independentes como: logaritmo do preço dos ingressos, se o jogo é em final de semana, se o time visitante é de São Paulo ou do Rio de Janeiro, se o jogo é um clássico etc. Uma variável importante é a promoção da Nestlé (“Torcer faz bem”), onde a pessoa poderia adquirir ingressos trocando por embalagens de produtos da Nestlé em determinados locais, restrito a alguns jogos específicos.
Os resultados da pesquisa indicam as variáveis com maior impacto (em parênteses, o quanto essa variável aumenta a demanda por ingressos): promoção Nestlé (84%), Clássicos (78%), pontos nos últimos jogos (45%), posição do time (36%) e o time visitante ser de SP/RJ. O preço do ingresso não parece ser tão significativo: uma redução de 50% no preço leva, pelo modelo, a um aumento de apenas 16% na demanda. Isso indica que o preço médio dos ingressos já é baixo, que a precificação é feita na parte inelástica da curva de demanda.
O fato da promoção ter grande efeito e o preço um efeito modesto parece uma contradição. Porém, o maior apelo da promoção não era tanto o preço (comprar os produtos ou apenas o ingresso possuem valores próximos), e sim a comodidade de compra. Enquanto que os ingressos são adquiridos nos estádios, há mais locais onde as embalagens podem ser trocadas. Os resultados levam os autores a concluírem que a operação de venda de ingressos ainda é deficiente é que há espaço para melhoras.
Outros resultados de interesse. A demanda por ingressos está negativamente relacionada com a renda per capita do local onde o jogo é realizado, o que nada mais é dizer que há maior demanda onde há menos alternativa de entretenimento. Nas variáveis de “Qualidade Esperada”, as características dos times visitantes contam mais: constatou-se um aumento na demanda quando o time visitante foi campeão nacional ou internacional no ano passado (mas não quando o mandante foi campeão) e quando o time visitante é de SP/RJ. Títulos estaduais não representaram aumento na demanda, mas o time ter voltado da segunda divisão influencia positivamente. Pontos ganhos pelo mandante nos últimos jogos influencia positivamente demanda e pontos ganhos pelo visitante influencia negativamente, enquanto que a posição dos times apresentou uma influencia negativa (quanto mais bem colocado, menor a demanda). A possibilidade do time mandante se tornar líder aumenta a demanda, porém, a possibilidade do time sair da zona de rebaixamento aumenta mais a demanda. A possibilidade do time entrar na zona de classificação para a Libertadores não teve efeito (o valor dessa variável é negativo, mas não é estatisticamente significante).
(Observação: Por simplicidade, adotei a expressão “aumentar/diminuir a demanda” no lugar de “aumentar/diminuir a quantidade demandada). A “curva” de demanda para é a mesma (os resultados do modelo de regressão), o que muda é o valor da quantidade de ingressos demandada.)
O principal resultado desse artigo é concluir que melhorar o sistema de distribuição de ingressos pode melhorar significativamente o público, sendo a promoção da Nestlé o fator que mais contribuiu para aumentar o público nos estádios no período analisado. Segundo os autores, a promoção ajudou mais pela comodidade da compra, pelo aumento no acesso, do que pela questão do custo, o que faz os autores concluírem que melhoria na distribuição de ingressos pode melhorar o público. Isso pode ser feito através da venda de carnês com ingressos para todos os jogos em casa do ano. Outra possibilidade que foi posta em prática pela Visa é a venda pela internet através de cartão de crédito e o uso do próprio cartão como ingresso.
Preparei uma planilha para o “tira-teima” dos resultados da pesquisa, em especial, o efeito de cada variável na média de público. O efeito da promoção Nestlé é observado substituindo por 1 o valor em C7, mostrando o efeito que seria observado se todos os jogos tivessem a promoção. Procedimento semelhante pode ser feito para os clássicos (C12), visitante de SP/RJ (C14) e título no último ano pelo time visitante (C10) e chance de sair da zona de rebaixamento (C22). O efeito do preço de R$ 5,00 é observado substituindo em C3 o valor em B31.
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