A maioria das manchetes são de que o lucro líquido do Bradesco caiu em 2008 (ver aqui). Essas manchetes são imprecisas.
Vamos aos números (em R$ mil).
LL 2007: 8.009.724
LL 2008 7.620.238
LL 4T07: 2.192.889
LL 3 T08: 1.910.235
LL 4T08: 1.605.087
Ou seja: De fato, em 2008, o lucro caiu 4,86% (como no link acima); no quarto trimestre de 2008, em comparação com o mesmo período, caiu 26,8% (como noticiado em outros lugares).
Porém, é necessário ajustar o lucro líquido para eventos não recorrentes. Os principais eventos não recorrentes em 2007 foram as vendas de participações na Serasa, Bovespa e BM&F e o efeito líquido desses eventos foi aumentar o lucro líquido. Chama-se “não recorrentes” justamente porque não se espera que ocorram novamente e por isso, para efeitos de comparação, devem ser excluídos. O efeito líquido dos eventos não recorrentes em 2008 foi praticamente nulo, reduzindo um pouco o lucro líquido.
Abaixo, o lucro líquido ajustado:
LL 2007: 7.210.266
LL 2008: 7.625.608
LL 4T07: 1.854.000
LL 3T08: 1.910.000
LL 4T08: 1.806.000
Os números não são preciso (principalmente os trimestrais) já que o Bradesco relata o lucro ajustado em R$ milhões, não em R$ mil. Por algum motivo, as empresas, ao divulgarem resumos dos resultados, presumem que as pessoas não conseguem ler um número com muitos dígitos.
O lucro líquido subiu 5,76% em 2008, mas caiu 2,59% no quarto trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado anual não foi ruim (como indicaria uma queda), mas alta de 5,76% também não é muito bom (ficou abaixo do IPCA de 5,90%).
A questão não é mostrar uma notícia mais otimista ou mais pessimista, e sim mostrar uma notícia correta. O lucro do Bradesco precisava ser ajustado para excluir os eventos extraordinários (não recorrentes), pois esses eventos distorcem os resultados. E, embora seja fato que o lucro ajustado caiu no quarto trimestre, prefiro sempre tratar do lucro anual, que é o que importa, principalmente na divulgação do quarto trimestre. Nos outros trimestres, a base de comparação que prefiro é o acumulado do ano contra mesma período do ano passado.
A turma que sempre acha que tem alguma coisa por trás deve estar dizendo que a “mídia” (para usar os termos dessa turma) manipula os fatos para vender que há crise. Essa acusação é improcedente. O erro de não ajustar o lucro (o principal erro) ocorreu no ano passado, ao relatar aumento de 58,48% no lucro do Bradesco (ver aqui) e em 2006 ao relatar diminuição no lucro (ver aqui). Cabe ressaltar que o erro foi da manchete, não da reportagem. Na maioria dos casos, a notícia fala do reajuste para efeitos não recorrentes. O que está fora de tom é a manchete.
Só para constar, em 2006, o lucro ajustado subiu 15,39% e em 2007 13,32%.
Mas não se pode descartar um certo viés emocional nas manchetes dos dois últimos anos. No ano passado, o aumento de 58,48% no lucro instiga a aversão das pessoas a bancos (“os bancos lucram demais!”) e o desse ano está no contexto da crise (para manterem-se coerentes com o resto do noticiário, falam que o lucro do Bradesco caiu).
Observação: Escolhi os links para reportagens da Folha de São Paulo aleatoriamente. Não era intenção minha falar que a Folha errou, mas manter a mesma fonte nos três casos. O erro é generalizado. Pesquisei no Google sobre a notícia e achei 17 manchetes, todas dizendo que o lucro caiu.
Vamos aos números (em R$ mil).
LL 2007: 8.009.724
LL 2008 7.620.238
LL 4T07: 2.192.889
LL 3 T08: 1.910.235
LL 4T08: 1.605.087
Ou seja: De fato, em 2008, o lucro caiu 4,86% (como no link acima); no quarto trimestre de 2008, em comparação com o mesmo período, caiu 26,8% (como noticiado em outros lugares).
Porém, é necessário ajustar o lucro líquido para eventos não recorrentes. Os principais eventos não recorrentes em 2007 foram as vendas de participações na Serasa, Bovespa e BM&F e o efeito líquido desses eventos foi aumentar o lucro líquido. Chama-se “não recorrentes” justamente porque não se espera que ocorram novamente e por isso, para efeitos de comparação, devem ser excluídos. O efeito líquido dos eventos não recorrentes em 2008 foi praticamente nulo, reduzindo um pouco o lucro líquido.
Abaixo, o lucro líquido ajustado:
LL 2007: 7.210.266
LL 2008: 7.625.608
LL 4T07: 1.854.000
LL 3T08: 1.910.000
LL 4T08: 1.806.000
Os números não são preciso (principalmente os trimestrais) já que o Bradesco relata o lucro ajustado em R$ milhões, não em R$ mil. Por algum motivo, as empresas, ao divulgarem resumos dos resultados, presumem que as pessoas não conseguem ler um número com muitos dígitos.
O lucro líquido subiu 5,76% em 2008, mas caiu 2,59% no quarto trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado anual não foi ruim (como indicaria uma queda), mas alta de 5,76% também não é muito bom (ficou abaixo do IPCA de 5,90%).
A questão não é mostrar uma notícia mais otimista ou mais pessimista, e sim mostrar uma notícia correta. O lucro do Bradesco precisava ser ajustado para excluir os eventos extraordinários (não recorrentes), pois esses eventos distorcem os resultados. E, embora seja fato que o lucro ajustado caiu no quarto trimestre, prefiro sempre tratar do lucro anual, que é o que importa, principalmente na divulgação do quarto trimestre. Nos outros trimestres, a base de comparação que prefiro é o acumulado do ano contra mesma período do ano passado.
A turma que sempre acha que tem alguma coisa por trás deve estar dizendo que a “mídia” (para usar os termos dessa turma) manipula os fatos para vender que há crise. Essa acusação é improcedente. O erro de não ajustar o lucro (o principal erro) ocorreu no ano passado, ao relatar aumento de 58,48% no lucro do Bradesco (ver aqui) e em 2006 ao relatar diminuição no lucro (ver aqui). Cabe ressaltar que o erro foi da manchete, não da reportagem. Na maioria dos casos, a notícia fala do reajuste para efeitos não recorrentes. O que está fora de tom é a manchete.
Só para constar, em 2006, o lucro ajustado subiu 15,39% e em 2007 13,32%.
Mas não se pode descartar um certo viés emocional nas manchetes dos dois últimos anos. No ano passado, o aumento de 58,48% no lucro instiga a aversão das pessoas a bancos (“os bancos lucram demais!”) e o desse ano está no contexto da crise (para manterem-se coerentes com o resto do noticiário, falam que o lucro do Bradesco caiu).
Observação: Escolhi os links para reportagens da Folha de São Paulo aleatoriamente. Não era intenção minha falar que a Folha errou, mas manter a mesma fonte nos três casos. O erro é generalizado. Pesquisei no Google sobre a notícia e achei 17 manchetes, todas dizendo que o lucro caiu.
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