Analisar bancos é algo muito diferente de analisar outro tipo de empresa. O balanço é de um formato diferente, para começar. Varejistas, indústrias, empresas de serviços, empresas de utilidade pública diferem entre si, mas é possível fazer um conjunto de considerações comuns (crescimento de receita, relação Dívida/Capital, por exemplo).
Para se medir o crescimento da atividade de uma empresa, a escolha do crescimento de receita líquida é a mais natural. Para bancos, não é possível fazer isso. Primeiro porque bancos não têm uma conta de resultado chamada “Receita Líquida” e segundo que as contas como Receita de Intermediação Financeira e Receita de Operações de Crédito são muito dependentes das taxas de juros. Por exemplo, apenas em 2006 o Itaú conseguiu registrar uma Receita de Intermediação Financeira superior ao número de 2002. De 2007 a 2002 o crescimento anual foi de modestos 5,62%. Se a Receita cresceu pouco, as despesas compensaram. A Despesa com Intermediação Financeira de 2002 só foi superada em 2006 e o crescimento entre 2007 e 2002 foi negativo.
Uma alternativa seria usar o Resultado Bruto. Mas isso não mede a atividade de um banco. Um banco pode estar emprestando mais, só que tendo Resultados Brutos declinantes por conta do aumento de custos não cobertos pelo aumento de receitas, tal como acontece com uma empresa normal. O que uso para bancos, como alternativa ao crescimento da Receita Líquida, é o crescimento da Carteira de Crédito (Empréstimos de Curto e Longo Prazo).
A comparação que costumo fazer é entre Receita Líquida e PIB nominal e inflação (deflator do PIB ou IPCA). Uma empresa que cresça acima do PIB nominal está em crescimento extraordinário, uma empresa que cresça entre o PIB nominal e a inflação tem um crescimento modesto e crescimentos abaixo da inflação deveriam ser encarados como perda de receita (mesmo que o crescimento seja positivo).
O mesmo não pode ser feito com a carteira de crédito de bancos. Estaríamos comparando uma variável fluxo (PIB) com uma variável estoque (carteira de crédito). Uma alternativa é comparar com o resto do setor bancário. Ao invés de coletar uma amostra e calcular o resultado dessa amostra, acho preferível usar os dados divulgados pelo Banco Central. Dessa forma, o crescimento médio em 2008 foi de 31,14% e a média de 5 anos foi de 24,02% (esses números podem ser revisados).
O resultado bruto eu não comparo com outra variável para definir se o crescimento é acima ou abaixo da média. Só considero desejável que haja crescimento positivo do resultado bruto.
O indicador Dívida/Capital para analisar a segurança dos bancos não faz sentido. Ao invés disso, uso o Índice da Basiléia. Esse índice é calculando dividindo-se o Patrimônio de Referência (Capital Próprio mais dívidas de captações) pelos ativos ponderados pelo risco. Quanto maior o índice de solvabilidade, menor é a alavancagem (medida pelo inverso do índice porcentual), mas também seria de se esperar um desempenho financeiro pior do que com índices mais baixos. O índice de solvabilidade recomendado pelo BIS (Banco Internacional de Compensações) é entre 8% (mínimo requerido) e 10% (mínimo requirido para ser considerada bem capitalizada) e pelo Bacen é de 11%.
Outro índice específico do setor é o Índice de Eficiência, que é a divisão das despesas operacionais com a receita de intermediação financeira. Quanto menor esse índice, melhor, significando um menor gastos para gerar uma determinada receita.
Crescimento de lucro líquido e Retorno sobre Patrimônio Líquido são medidas adequadas para bancos. Aliás, são medidas que podem ser aplicadas para qualquer empresa. Pode ser característica do setor possuir uma margem menor do que outro setor; pode ser característica de um setor possuir liquidez circulante abaixo de 1, enquanto é inadmissível que uma empresa de outro setor esteja nessa situação. Mas Retorno sobre Patrimônio Líquido é uma medida que serve para todos, embora, obviamente, varie de setor para setor, de empresa para empresa. Defino baixo retorno ou alto retorno comparando com o custo do Patrimônio Líquido. É possível calcular o Retorno sobre Capital Investido e, nesse caso, a comparação seria com o custo médio ponderado de capital.
Para se medir o crescimento da atividade de uma empresa, a escolha do crescimento de receita líquida é a mais natural. Para bancos, não é possível fazer isso. Primeiro porque bancos não têm uma conta de resultado chamada “Receita Líquida” e segundo que as contas como Receita de Intermediação Financeira e Receita de Operações de Crédito são muito dependentes das taxas de juros. Por exemplo, apenas em 2006 o Itaú conseguiu registrar uma Receita de Intermediação Financeira superior ao número de 2002. De 2007 a 2002 o crescimento anual foi de modestos 5,62%. Se a Receita cresceu pouco, as despesas compensaram. A Despesa com Intermediação Financeira de 2002 só foi superada em 2006 e o crescimento entre 2007 e 2002 foi negativo.
Uma alternativa seria usar o Resultado Bruto. Mas isso não mede a atividade de um banco. Um banco pode estar emprestando mais, só que tendo Resultados Brutos declinantes por conta do aumento de custos não cobertos pelo aumento de receitas, tal como acontece com uma empresa normal. O que uso para bancos, como alternativa ao crescimento da Receita Líquida, é o crescimento da Carteira de Crédito (Empréstimos de Curto e Longo Prazo).
A comparação que costumo fazer é entre Receita Líquida e PIB nominal e inflação (deflator do PIB ou IPCA). Uma empresa que cresça acima do PIB nominal está em crescimento extraordinário, uma empresa que cresça entre o PIB nominal e a inflação tem um crescimento modesto e crescimentos abaixo da inflação deveriam ser encarados como perda de receita (mesmo que o crescimento seja positivo).
O mesmo não pode ser feito com a carteira de crédito de bancos. Estaríamos comparando uma variável fluxo (PIB) com uma variável estoque (carteira de crédito). Uma alternativa é comparar com o resto do setor bancário. Ao invés de coletar uma amostra e calcular o resultado dessa amostra, acho preferível usar os dados divulgados pelo Banco Central. Dessa forma, o crescimento médio em 2008 foi de 31,14% e a média de 5 anos foi de 24,02% (esses números podem ser revisados).
O resultado bruto eu não comparo com outra variável para definir se o crescimento é acima ou abaixo da média. Só considero desejável que haja crescimento positivo do resultado bruto.
O indicador Dívida/Capital para analisar a segurança dos bancos não faz sentido. Ao invés disso, uso o Índice da Basiléia. Esse índice é calculando dividindo-se o Patrimônio de Referência (Capital Próprio mais dívidas de captações) pelos ativos ponderados pelo risco. Quanto maior o índice de solvabilidade, menor é a alavancagem (medida pelo inverso do índice porcentual), mas também seria de se esperar um desempenho financeiro pior do que com índices mais baixos. O índice de solvabilidade recomendado pelo BIS (Banco Internacional de Compensações) é entre 8% (mínimo requerido) e 10% (mínimo requirido para ser considerada bem capitalizada) e pelo Bacen é de 11%.
Outro índice específico do setor é o Índice de Eficiência, que é a divisão das despesas operacionais com a receita de intermediação financeira. Quanto menor esse índice, melhor, significando um menor gastos para gerar uma determinada receita.
Crescimento de lucro líquido e Retorno sobre Patrimônio Líquido são medidas adequadas para bancos. Aliás, são medidas que podem ser aplicadas para qualquer empresa. Pode ser característica do setor possuir uma margem menor do que outro setor; pode ser característica de um setor possuir liquidez circulante abaixo de 1, enquanto é inadmissível que uma empresa de outro setor esteja nessa situação. Mas Retorno sobre Patrimônio Líquido é uma medida que serve para todos, embora, obviamente, varie de setor para setor, de empresa para empresa. Defino baixo retorno ou alto retorno comparando com o custo do Patrimônio Líquido. É possível calcular o Retorno sobre Capital Investido e, nesse caso, a comparação seria com o custo médio ponderado de capital.
Obrigada pelo post, foi muito útil.
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