quarta-feira, 28 de outubro de 2009

IPO da Cetip

A IPO da Cetip marcou alguns recordes negativos:

Maiores desvalorizações no primeiro dia:
LLIS3: -20,00%
AGEN11: -14,23%
JBSS3: -12,50%
CTIP3: -9,54%
SEBB11: -8,64%

Maiores montantes negativos deixados na mesa (em R$ milhões):
JBSS3: -202,13
AGEN11: -94,78
CTIP3: -84,07
PRBC4: -37,79
MULT3: -37,00

A expressão “dinheiro deixado na mesa” refere-se ao montante que uma empresa deixou de arrecadar na IPO por ter vendido ao preço de lançamento e não ao preço de fechamento do primeiro dia, maior do que o de lançamento. Essa metáfora não se aplica para os casos em que o preço de fechamento é melhor, mas pode-se usar a mesma conta, como feita acima.

Será culpado o fato da oferta ter sido totalmente secundária, que todo o dinheiro foi para o bolso dos sócios, que ofertas secundárias não agregam valor etc. e tal. Porém, Tivit e Cetip foram as únicas duas ofertas totalmente secundárias a apresentarem queda no primeiro dia. Abaixo, o resultado das demais:

ABnote; 27/04/06; 17,00; 2.924; 5,88%
BMF; 30/11/2007; 20,00; 1.820; 22%
Bovespa Hld; 26/10/07; 23,00; 12.098; 52,13%
Dufrybras; 20/12/06; 26,84; 5.000 + 15,59%; 9,91%
Grendene; 29/10/04; 31,00; 21,15%; 12,10%
Localiza; 23/05/05; 11,50; 4.000 + 50,78%; 0,00%
Lopes Brasil; 18/12/06; 20,00; 4.500; 15,75%
M.Diasbranco; 18/10/06; 21,00; 5.000 + 31,63%; 0,71%
Natura; 26/05/04; 36,50; Não houve; 15,62%
Nossa Caixa; 28/10/05; 31,00; 5.000 + 4,62%; 17,58%
Visanet: 29/06/09; 15,00; 38,35%; 11,80%

Os piores resultados eram 0,00% (RENT3) e +0,71% (MDIA3). Como eu explico o fato de TVIT3 e CTIP3 terem sido ofertas secundárias e terem caído no primeiro dia? Não explico. Assim como não explico o fato das duas terem pertencido a uma empresa de Venture Capital (Votorantim foi algo equivalente para a Tivit) e terem caído, quando a hipótese inicial e as evidências empíricas coletadas (inclusive no Brasil) preverem o contrário. A operação do Santander Brasil (que sustento não ter sido IPO) foi totalmente secundária e igualmente caiu e ainda está abaixo do preço de lançamento. Não há nenhuma obrigatoriedade da ação cair ou subir por conta de uma característica só, seja qual for.

As informações sobre todas as IPOs (só as de verdade) desde a Natura estão atualizadas (na medida do possível) até a Cetip. Clique no link ou vá no marcador "Todas as IPOs".

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Journal of Corporate Finance Vol. 15 Nº. 5 2009

O timing de curto prazo nas ofertas públicas iniciais
(The short-term timing of initial public offerings)
Romain Bouis

“Condições adversas de mercado” são a principal justificativa para adiar uma IPO, mas o que exatamente isso significa? Esse artigo procura examinar os casos em que as empresas escolhem adiar a operação por alguns dias para melhor avaliar o mercado, quando poderiam fazer a oferta mais cedo.

O autor do artigo parte de uma proposição de estudos anteriores: os acionistas da empresa decidem abrir o capital se o valor de mercado que obterão é maior do que o valor que eles atribuem à própria empresa (valor menor do que o de mercado porque os acionistas privados são pouco diversificados) mais o valor do equivalente a uma opção de venda das ações em uma futura IPO.

Dessa forma, os acionistas se sentem mais inclinados a venderem as ações agora sem adiar quando a avaliação do mercado em geral está alta, quando a volatilidade do mercado estiver baixa (diminuindo o valor da “opção de tempo” diminuindo o valor de esperar por novas informações) e quando o mercado não está subindo rapidamente (imaginando-se que pode continuar a subir).

As análises feitas pelo autor só são estatisticamente significativas para as ofertas feitas na Nasdaq. Nessa bolsa, a probabilidade (ou risco, como coloca o autor) das ofertas serem realizadas quando o nível do índice acionário está alto, mas não quando o índice vem subindo na última semana. Também, quando a volatilidade está alta, a probabilidade da IPO ocorrer é menor. A reputação do coordenador líder e o fato de haver um fundo de Venture Capital aumentam a probabilidade da IPO se realizar mais cedo.

Os resultados acima se mantêm incluindo apenas as empresas que não tiveram que fazer modificações em suas ofertas e, portanto, adiar um pouco a IPO. Portanto, os resultados não ocorrem pela demora ocasionada pelas exigências regulatórias sobre os adiamentos de ofertas.

Separando os retornos em positivos e negativos (ou neutros), foi encontrada uma relação negativa entre probabilidade de IPO e retornos positivos, coerente com as evidências já analisadas. Não há relação entre retornos negativos e probabilidade de IPO. O efeito da volatilidade importa tanto nos mercados de baixa quanto nos de alta. Retornos negativos diminuem a probabilidade da oferta ser realizada na amostra das ofertas não realizadas.

Aplicando os resultados qualitativos desses resultados à situação atual do mercado brasileiro, é de se imaginar que uma elevada avaliação do mercado (comparada com o período mais agudo da crise) possibilitou três IPOs (Visanet, Tivit e Cetip), mas a perspectiva de mais altos níveis do mercado pode estar segurando mais novos lançamentos. As ofertas subseqüentes não se incluem nesse meu comentário, já que as análises apresentadas são em cima de IPOs, excluindo outras ofertas.

Reexamining the managerial ownership effect on firm value
(Reexaminando o efeito da propriedade por administradores no valor da empresa)
Bradley W. Benson e Wallace N. Davidson III

Um debate recorrente e que está sendo muito discutido hoje é o efeito no valor da empresa quando os administradores possuem ações (e stock options) da empresa. O raciocínio é de que, sendo um acionista, o administrador irá tomar decisões de forma a criar valor para os acionistas. Estudos anteriores constataram uma curva em U invertida entre a propriedade gerencial e o valor da empresa. A explicação disso é que na parte ascendente reflete os benefícios do alinhamento de interesses entre administradores e acionistas e a parte descendente reflete a aversão a risco do administrador no caso dos administradores terem muita exposição à empresa.

Na parte ascendente de alinhamento de interesses, participação na empresa cria incentivos para que os administradores se esforcem mais e aceitem projetos rentáveis, mas que podem ser arriscados (o que pode prejudicar a sua segurança no cargo). Na parte da aversão a risco, uma participação muito grande pode tornar o administrador um investidor pouco diversificado e pode fazer com que ele procure reduzir o risco de sua carteira diminuindo o risco da empresa, o que pode não ser bom para os demais acionistas. Há duas hipóteses envolvidas: a da contratação ótima (optimal contracting) que afirma que procura-se minimizar os custos de agência para maximizar o valor da empresa e a hipótese defendida nesse artigo de que o valor da empresa aumenta com o alinhamento de interesses (como na hipótese anterior), mas reduz-se depois de um certo nível por conta da aversão a risco do administrador (que provoca um custo de agência).

Na pesquisa, a variável para valor da empresa é o Q de Tobin, dado pelo valor de mercado das ações mais o valor contábil do passivo exigível dividido pelo valor contábil dos ativos. Foram usadas duas variáveis para medir a sensibilidade da propriedade pelo administrador e o valor da empresa. A primeira é a sensibilidade ao pagamento por desempenho (PPS) medido pela variação no valor de um dólar da riqueza do administrador para cada um dólar de variação no valor da empresa. A segunda é a semi-elasticidade do pagamento por desempenho (PPSE) que mede a mudança em valores monetários para cada 1% de variação do valor da empresa. Outras variáveis (alavancagem, oportunidades de crescimento, monitoramento do conselho etc.) que podem influenciar o valor da empresa foram consideradas.

O resultado final da pesquisa mostrou que existe uma relação entre o PPSE e o valor da empresa, mas não entre PPS e valor da empresa. Isso confirma a hipótese da curva em U invertida, desde que usando o PPSE como variável dependente. Esses resultados se mantêm usando ou não as demais variáveis que explicam o valor da empresa. Não há relação espúria entre PPSE, Q de Tobin e valor de mercado das ações. Foram feitos testes de robustez mudando-se diversas variáveis, trocando Q de Tobin pela relação Valor de mercado da Empresa/Valor Patrimonial da Empresa e usando como variável de potencial de crescimento a relação P&D/Vendas, todos os resultados se mantendo.

sábado, 24 de outubro de 2009

Lucro Sujo (II)

Submarino.com.br



Nessa segunda parte da resenha, vou resumir as seis falácias da esquerda apontadas pelo autor do livro. Mostram que boas intenções não são suficientes para resolver problemas.

Seis falácias da esquerda:
Preço Justo:
“A função dos preços numa economia de mercado é racionar os bens para que haja equilíbrio entre oferta e demanda”, escreve o autor. Preços refletem a escassez relativa dos bens e enviam mensagens ao mercado/às pessoas (as duas formas de escrever são equivalentes, mas soa “reacionário” adotar a primeira). Um bem vale mais do que outro porque é mais escasso comparado à utilidade que confere; para produtores, um preço que se eleva torna mais atraente a sua produção e um que se reduz torna menos atraente; para consumidores, há um incentivo ao consumo por conta de um preço menor e incentivo para reduzir o consumo ou procurar alternativas quando o preço se eleva. Também, os preços refletem os custos sociais incorridos em sua produção na forma de mão de obra, capital e insumos. Os fatores de produção poderiam ser utilizados de uma outra maneira para produzir outro bem ou serviço e o preço compensa os fatores por terem sido empregados da maneira que foram. Preços maiores ou menores refletem custos maiores ou menores.

Quando se tenta manipular os preços para que esses se tornem mais “justos” sempre há uma perda de eficiência. Estabelecer preços mínimos para a energia elétrica, por exemplo, aumenta o consumo de energia (quando se discute como reduzir) e desvia recursos da sociedade que poderiam ser melhor empregados de outra forma. O argumento em favor de preços artificialmente menores é que isso favorece os pobres. Porém, favorece também os ricos, e favorece mais, já que os ricos gastam mais, em valores monetários, com energia do que os pobres (essa é uma maneira eficiente de um político posar de pai dos pobres e ter ganhos econômicos simultaneamente). Melhor seria oferecer algum complemento de renda, dependendo do caso.

Também há a tentação de pagar preços acima dos preços de mercado para ajudar os produtores pobres (ou de países pobres) em uma espécie de precificação caritativa. Um exemplo analisado no livro é o do Fair Trade Coffee, onde as empresas compravam café diretamente dos consumidores a preços maiores. Como é possível imaginar, isso levou a um excesso de produção. Foi enviada uma mensagem ao mercado/aos produtores de que havia demanda e simplesmente não havia, resultando em toneladas de café sem consumidores e que acabaram sendo destruídas. Isso poderia parecer inconseqüente não fosse o fato de isso desviar terra e trabalho da produção de outras culturas que poderiam ser cultivadas para melhor proveito das pessoas.

A busca psicopata pelo lucro: Comentarei em maiores detalhes esse capítulo em outro texto, sob o marcador “Objetivo das Empresas”.

O capitalismo está condenado: O fim do capitalismo está próximo. Os sinais são visíveis e estão em toda a parte. As pessoas sequer terão que sujar as mãos para se livrar do sistema: o capitalismo irá se implodir. Pelo menos, é o que alguns imaginam. Porém, a verdade não é bem essa. A crise financeira iniciada em 2007 não foi a primeira e nem será a última crise econômica, capitalista ou não. As crises são freqüentes, mas estão ocorrendo menos freqüentemente comparado a tempos passados.

Mas o que é uma crise, quais as suas causas e como resolvê-las? Keynes é uma parte importante para a resposta a essas três perguntas e esse capítulo é praticamente dedicada a Keynes. A terceira pergunta é mais associada a Keynes (aumentar gasto público) e a mais lembrada pelos governantes. Isso é apenas uma parte da teoria da preferência por liquidez.

A teoria de que as crises (1929 em especial) são causadas por falta de demanda ou por excesso de produção é uma falácia. A economia não pára porque há excesso de produtos. Se fosse esse o único problema, preços menores resolveriam isso de forma simples. O excesso de poupança também não é necessariamente problemático, já que parte do que uma pessoa poupa depositando no banco pode ser emprestado para que outra pessoa ou uma empresa gaste.

O ponto principal da teoria da preferência por liquidez é que a demanda excessiva por um certo produto chamado dinheiro, menos por seu valor de troca, mais por ser reserva de valor. O problema não é que os produtos estejam caros: as pessoas simplesmente não querem abrir mão do dinheiro por outra coisa.

A primeira solução para isso é baixar a taxa de juros e fornecer (por meio de venda de títulos) o dinheiro que as pessoas desejem. A solução de política monetária tem limites (armadilha de liquidez) e pode ser necessário contar com a política fiscal para resolver o problema, ou seja, aumentando gastos (a parte favorita de muita gente). Com o que se gasta esse dinheiro é o de menos.

Igualdade Salarial: Muita da discussão remete à primeira falácia da esquerda, já que salário nada mais é do que o preço do trabalho. Os salários não são definidos pelo “reconhecimento social” de uma profissão, pela utilidade do trabalho, pelo grau de esforço requerido ou por um senso de “justiça” social ou econômica. A produtividade do trabalhador e o crescimento da economia também não são suficientes para explicar as diferenças salariais. O principal determinante do salário é a facilidade com que um empregado pode ser substituído ou com que um empregado pode trocar de emprego. Quanto mais substituível for o empregado, menos deveria ganhar; quanto mais fácil for o empregado trocar de emprego, maior deve ser o salário para mantê-lo. A escassez relativa de trabalhadores e os custos de troca entre profissões determinam essa facilidade maior ou menor.

Isso explica uma série de fatos. Profissionais de serviços pessoais (diaristas e eletricistas, por exemplo) ganham muito mais, em termos relativos, em países ricos do que em países pobres. Não houve um significativo aumento de produtividade no setor de serviços (ao menos, para os dois serviços citados acima). Mas, mesmo assim, há uma transferência de ganhos de produtividade da indústria para os serviços já que há uma grande mobilidade entre as profissões (o eletricista poderia ter outra profissão, por isso deve receber um salário relativamente alto para continuar a ser eletricista). Pela mesma lógica, músicos de orquestras fazem o mesmo trabalho há séculos, mas nem por isso recebem o mesmo salário que receberiam séculos atrás porque poderiam estar fazendo outra coisa. Chineses ganham menos do que americanos ou canadenses porque a China tem um PIB per capita muito menor do que esses países; é mais fácil convencer um chinês a fazer qualquer coisa do que convencer trabalhadores de outros países.

Repartindo a riqueza: Um dos grandes problemas da distribuição de renda no sistema capitalista não é o capitalismo em si, mas o fato de tão poucas pessoas desejarem ser capitalistas. Isso envolve, necessariamente, abrir mão de consumo presente para gerar mais consumo futuro, seja poupando seja investindo (dois conceitos ligeiramente diferentes). Um dos motivos que leva as pessoas a continuarem pobres (ou se tornarem) é o desconto hiperbólico, ou seja, valorizar muito mais o consumo presente do que o consumo futuro, gastando toda a renda (ou quase toda) e ainda trazendo consumo futuro para o presente (se endividando).

Que as pessoas sejam naturalmente assim é um problema sem solução fácil. Educação é uma sugestão (aliás, sugestão para tudo), porém, educação faz parte da mesma lógica: para se educarem, as pessoas precisam renunciar a fazer algo mais agradável no presente para obter benefícios futuros. Também, simplesmente dar dinheiro às pessoas pode redundar, em muitos casos, em um imenso gasto presente sem nenhuma poupança ou investimento futuro e a pessoa continuaria na mesma situação.

Nivelando por baixo: Por fim, é discutida a questão da igualdade e da eficiência, encarada muitas vezes como um conflito, embora não seja necessário abrir mão de um para obter o outro. Arranjos econômicos que melhorem o bem-estar de uma pessoa sem prejudicar o de outra são possíveis, nem sempre fáceis de serem planejados e executados. O governo pode ajudar nessa área. O autor fala de boa distribuição e má distribuição. A má distribuição apenas tira dinheiro de uma pessoa para a outra (como um professor meu ilustrou: tira dinheiro de um bolso da calça para colocar no outro). O resultado é uma perda de eficiência, já que há custos envolvidos na coleta de tributos, que financiam essa distribuição.

Mas há a boa distribuição. O governo pode melhora a eficiência da sociedade gastando os impostos em bens públicos destinados a corrigir falhas de mercado. Gastar em “seguros sociais” também podem melhorar a situação da sociedade, como exposto na sexta falácia da direita (“Responsabilidade Pessoal”). Os impostos de Pigou sobre produtos ou serviços que geram alguma externalidade negativa podem melhorar a eficiência justamente tornando esses mercados ineficientes (exemplos: combustíveis, bebidas, cigarros etc.). Uma vez gerados esses impostos, o gasto em qualquer coisa que não distorça os incentivos, pelos argumentos expostos na falácia “O capitalismo está condenado”, também podem aumentar a eficiência.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Revista Capital Aberto nº. 74

Mais abertas
Essa reportagem trata das mudanças na Instrução 202 da CVM sobre o registro de companhias abertas, substituindo o relatório Informações Anuais pelo Formulário de Referência. O objetivo das mudanças era oferecer mais informações aos investidores sempre procurando não divulgar informações consideradas estratégicas.

Os principais pontos, segundo a reportagem:
Comentários dos diretores: Nesse formulário deverá ser apresentado um relatório com comentários sobre a situação patrimonial (endividamento e liquidez, por exemplo) e sobre os resultados operacionais (novos produtos, P&D, impacto da inflação, etc.).

Remuneração dos administradores: Não foi tornada obrigatória a divulgação da remuneração individual dos administradores. Mas serão exigidos a divulgação agregada por órgãos, a política de remuneração, a proporção de remuneração fixa e variável e os maiores e menores salários (o que acaba revelando o salário do diretor-presidente, em muitos casos).

Foi excluída a necessidade da divulgação de detalhes da política de investimentos, que foi considerada estratégica demais para se tornar pública.

Uma questão de valores
Por que ações ON e PN possuem valores diferentes? É o que essa reportagem procura responder. O que melhor responde essa pergunta é um artigo de Richard Saito e Alexandre Di Miceli da Silveira, citado na reportagem. Esse artigo apresenta uma análise estatística da diferença entre ações ON e PN durante o período de 1995 e 2006. Os resultados da pesquisa feita mostram que a diferença do preço das ações ON e PN depende principalmente da diferença de liquidez entre as duas classes de ações, da concentração de ações ordinárias, da proporção de ações ordinárias no capital da empresa, do tamanho, da alavancagem, do período e de ser, do tag along ou não empresa familiar. A diferença é maior em favor das ações ordinárias para empresas com ações ordinárias mais líquidas em relação às preferenciais, com controle mais concentrado, menores em tamanho, mais alavancadas, se a empresa é familiar e se deixam de oferecer tag along adicional.

Em outras (e mais) palavras: Ações ordinárias deveriam valer mais do que as preferenciais por dois motivos: 1) Possuem direitos de controle sobre a empresa; 2) Dessa forma, o rendimento com dividendos é maior para as ações preferenciais, se os dividendos pagos por ação forem os mesmos (como são, em geral). O benefício do controle é tanto maior quanto maior for a concentração das ações ordinárias (que se não aumenta o valor das ordinárias, deveria diminuir o das preferenciais), se não houver tag along diferenciado e se a empresa for familiar (em geral, com governança pior). Porém, uma liquidez muito baixa das ações ordinárias diminui o valor dessa classe por impor um prêmio por iliquidez. É por isso que empresas como Itaú-Unibanco, Bradesco e Gerdau possuem ações preferenciais mais valiosas (as três pagam o mesmo de dividendo para as duas classes).

Os melhores na mesa
A reportagem trata do papel do conselheiro nos conselhos de administração e de suas mudanças para que as reuniões deixem de parecer “chá das cinco”. Por parte da oferta, os possíveis conselheiros passaram a ter mais cuidado na escolha de aceitar ou não um convite, menos preocupados com o prestígio e a remuneração e mais preocupados em conhecer melhor as empresas para não colocarem em risco a imagem e o patrimônio. O perfil procurado é de um conselheiro que já não esteja em muitos assentos, com um perfil financeiro (ex-CFO, ou controller ou “engenheiro financeiro”), ou de gerente geral e que conheça bem o setor de atuação. Porém, não está muito fácil satisfazer todas essas condições.

Alta performance
A reportagem trata dos investidores de alta freqüência (high frequency traders) que utilizam algoritmos para executar operações automaticamente. Trata dos potenciais benefícios para os investidores do uso dessas ferramentas na forma de retornos superiores e os indiscutíveis benefícios de geração de corretagens. Cita uma ferramenta interessante (Machine Readable News) que dispara ordens quando certas palavras surgem juntas em notícias (o exemplo usado foi a combinação “Petrobras”, “confirma” e “pré-sal”). Se esse sistema gerar apenas sinais confiáveis, pode tornar muito mais rápida a incorporação de informações nos preços.

Mas há alguns usos negativos dessas ferramentas, como o flash trading, que permite que certos investidores vejam as ordens de compra ou de venda alguns milésimos de segundos antes do resto do mercado, melhorando o desempenho dos algoritmos. Outro uso é o spoofing, a criação artificial de liquidez para atrair investidores para uma ponta enquanto opera-se na outra ponta.

Unidas pelo erro
Nessa coluna, são analisados 9 escândalos (de 10 empresas mais o Bernard Madoff) recentes envolvendo a questão da governança sob 11 critérios. Incluem-se os casos brasileiros da Agrenco e da Sadia/Aracruz (as duas em conjunto).

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

201 errores en la valoración de empresas

(201 erros em avaliação de empresas)
Pablo Fernandez, 1ªed. Editora Deusto (em espanhol).

Pablo Fernandez é professor da IESE Business School da Universidade de Navarra. Sua especialidade é avaliação de empresas, tendo escrito diversos artigos e livros sobre o assunto. Critica, em diversas ocasiões, as avaliações realizadas por especialistas e no livro 201 errores en la valoración de empresas reúne as críticas mais comuns.

Segundo Fernandez, é necessário para se fazer uma boa avaliação bom senso, experiência e alguns conhecimentos técnicos. As fontes mais comuns de erros apontadas são: precipitação, copiar outras avaliações, adotar simplificações didáticas, ausência de pensamento crítico sobre os motivos da avaliação, carência de conhecimentos técnicos, generalizações indevidas, confusão de conceitos e esquecer as hipóteses da avaliação.

O livro é escrito em linguagem técnica, mas cheia de ironia a respeito dos erros, tornando a leitura bastante agradável (para quem consegue entender a ironia). Começa com comentários sobre nove avaliações “memoráveis”, incluindo uma contagem de erros que servem de exemplificação para o resto do livro. No restante do livro, o autor passa a tratar dos 201 erros comuns, separados em diferentes categorias: erros na taxa de desconto; erros nos fluxos de caixa e no valor terminal; inconsistências e erros conceituais; erros na interpretação dos resultados, erros organizacionais e na redação de estatutos. Os últimos capítulos são dedicados à explicação sobre os métodos de avaliação, incluindo fluxo de caixa descontado e múltiplos, terminando com uma discussão sobre marcas e intangíveis. No site do autor, é possível encontrar a lista dos erros e das categorias.

Obviamente que não tratarei de todos os 201 erros. Vou apenas incluir nesse texto os assuntos que considero mais relevantes (e bastante específicos desse livro).

O valor da empresa não pode ser negativo: A razão disso é a responsabilidade limitada, já tratada aqui. Porém, alguns avaliadores chegam exatamente a essa conclusão, mesmo que todos os fluxos de caixa do acionista sejam positivos. Uma razão para isso é o uso inadequado do WACC, constante para um endividamento variável, subestimando o valor da empresa que pode se tornar menor do que o valor da dívida.

Incluir prêmios indevidamente: Em uma OPA, por exemplo, é inadequado incluir um prêmio por iliquidez já que há um comprador certo para as ações (o acionista ou a empresa que faz a oferta).

O valor de mercado é diferente do valor contábil: Ainda pretendo mostrar isso com mais detalhes. O autor argumenta mostrando que nenhuma empresa cotada em bolsa na Espanha e nos Estados Unidos tinha um valor de mercado igual ao contábil e que poucas tinham valor de mercado menor do que o valor contábil. Não obstante, o autor cita uma frase de um avaliador de que atribuir o valor de mercado como o contábil era um “diagnóstico certero”.

Valor e Preço: Há no livro uma perfeita definição dos dois conceitos. Preço é o valor monetário pelo qual um comprador e um vendedor concordam em negociar. Valor é o maior preço que um comprador estaria disposto a pagar e o menor preço que um vendedor estaria disposto a receber.

O valor é diferente para diferentes pessoas: Isso ocorre porque o prêmio por risco que faz parte do custo do capital próprio difere para agentes com diferentes disposições a correr risco e diferentes graus de diversificação, além de diferentes expectativas. Os fluxos de caixa futuros e os rendimentos sobre as ações serão os mesmos para todos os investidores (guardadas diferenças nos tipos de ações), mas os fluxos de caixa esperados e as rentabilidades exigidas são diferentes. Porém, deve-se ter cuidado com esse conceito, que pode justificar qualquer valor desde que a taxa de desconto utilizada esteja acima da taxa livre de risco.

Custo de capital = Rentabilidade Exigida: A taxa de desconto usada para descontar fluxos são taxas de retorno que um investidor exige para correr risco e investir na empresa, dependendo do risco percebido sobre a empresa. É um conceito diferente do retorno esperado e do custo de oportunidade.

F = E + D: Independente do método usado, o valor da empresa (Ações + Dívida) deveria ser igual ao valor das ações mais o valor da dívida. Porém, é comum ver o cálculo do valor da empresa descontando fluxos de caixa da empresa ao WACC subtraído do valor da dívida ser diferente do valor das ações pelo desconto dos fluxos de caixa ao acionista ao custo do capital próprio. Isso está errado. O autor escreveu diversos artigos sobre esse tema, incluindo esse.

Uso de análise de cenários: Há a recomendação de que não se deve oferecer apenas um valor para um determinado ativo, mas oferecer diversos valores para cada cenário. Porém, o que se faz quando se avalia uma empresa já incorpora essas questões ao utilizar os valores esperados. Ainda, não há qualquer utilidade de oferecer mais de um valor. Se digo que o valor das ações de uma empresa é $100 em um cenário médio, $110 em um cenário otimista e $90 em um cenário pessimista, quanto deveria pagar pelas ações? $100, $110 ou $90? A resposta é $100 e os demais valores são irrelevantes. Sequer oferecem máximos e mínimos, que continuam a ser infinito e zero, respectivamente.

Para terminar: A melhor parte do livro, na minha opinião. É a sentença de um juiz sobre a avaliação de uma empresa. Vou transcrever um trecho que dispensa comentários:

“Los flujos de caja descontados constituyen un recurso a la bola de cristal que, no suele ser muy precisa ni fiable en la adivinación del futuro. (…) ¡Oh flujos de caja descontados, cuanto crímenes se han cometido en tu nombre! Se desprecia la tesis de que el valor de las acciones es su valor contable, basada en el pasado, que es lo único que se puede medir, y se apoya en la medición imposible del provenir”.

Comprei o livro na Livraria Cultura, porém, pelo que vi hoje, o livro consta como “Não comercializado pela Livraria Cultura”. Na Martins Fontes aparentemente está disponível para encomenda.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Lucro Sujo (I)

Submarino.com.br



Joseph Heath, 1ª ed. 2009. Edição brasileira da Editora Campus.

Um filão literário até há pouco inexplorado foi descoberto por economistas: o de livros que procuram explicar de uma maneira simples economia para não economistas. Muitos autores recorrem a temas cotidianos nem sempre diretamente ligados à economia, alguns até banais. É uma opção válida, mas eu pessoalmente preferiria um livro que trate de temas mais relevantes de uma maneira simples. É disso que se trata o livro de Heath.

O autor discute doze questões (separadas igualmente em falácias da direita e falácias da esquerda) que são mal entendidas até por economistas ou pessoas “esclarecidas”. Resolvi separar a resenha em dois textos, um para as falácias da direita e outro para as da esquerda, para melhor tratar de cada uma.

O capitalismo é natural: Mercados não surgem espontaneamente e precisam do Estado para funcionarem. O autor cita as três leis fundamentais de Hume: proteger a propriedade privada, assegurar a voluntariedade da troca e fazer cumprir contratos. Sem um Estado, é impossível assegurar que essas três propriedades fundamentais do capitalismo existam. As pessoas poderiam muito bem valer-se do esforço de outra pessoa para benefício próprio, poderia obrigar alguém a agir contra a vontade dela e mudar acordos se isso a beneficiar. O interesse próprio e a autoregulação são insuficiente para garantir que os acordos sejam cumpridos. É necessário um Estado monopolista do uso legítimo da força para que isso aconteça.

Alguns programas sociais (ou assim podem ser chamados) do Estado como a responsabilidade limitada ou garantias a depósitos são contrárias a princípios liberais, mas são úteis para estabilizar o sistema (e os capitalistas não reclamam, já que isso os beneficia). E só o Estado pode promover tais “programas sociais”.

Os incentivos são importantes: Os incentivos são importantes, mas não são tudo. A discussão nesse capítulo remete à economia comportamental e mostra que as pessoas se preocupam com outros fatores. Questões como status social, justiça, o modo como o problema é apresentado, viés de autocongratulação e contabilidade mental tornam a questão muito mais complicada do que se supõe, podendo geral resultados práticos diferentes ou até inversos aos esperados desconsiderando esses efeitos. Porém, como ressalta o autor, desconsiderar que as pessoas reajam a incentivos também é a principal falha do pensamento econômico de esquerda.

A falácia do plano sem atrito: O autor trata do Teorema do Segundo Melhor, segundo o qual a falha de uma condição para uma situação ótima pode comprometer a eficiência das demais condições, mesmo que perfeitamente satisfeitas. Um mercado 90% perfeitamente competitivo não alcança 90% da eficiência de um mercado perfeitamente competitivo. Constatações desse tipo põem em dúvida a eficácia da adoção de modelos altamente idealizados sem que todas as condições sejam satisfeitas. Porém, como o autor coloca, não é porque os mercados falham nesse sentido que os governos conseguem fazer melhor.

Os impostos são muito altos: A direita reclama que o Estado é grande demais. Também, afirmam que o Estado não produz riqueza, e sim o mercado/as empresas. A última afirmação é falsa: o mercado também não produz riqueza, mas tampouco consome (igualmente para o governo). As pessoas produzem e consomem riquezas e o Estado e o mercado são apenas duas maneiras das pessoas se organizarem para produzir e consumir.

Duas analogias. As pessoas pagam uma taxa para se matricularem a uma academia, essa academia usa essas taxas para comprar equipamentos e as pessoas usam esses equipamentos “de graça”. Essa forma de organizar o consumo é útil, já que seria muito ineficiente uma pessoa pagar para comprar equipamentos de ginástica que, em geral, serão pouco usados por essa pessoa. Outro exemplo é o condomínio, onde os condôminos pagam uma taxa para que certos bens e serviços sejam comprados e possam ser usados “gratuitamente” pelos condôminos. Essa forma de organizar acaba reduzindo o efeito carona: seria extremamente injusto uma pessoa pagar pelo elevador ou pela segurança quando todos os condôminos se utilizam desse serviço. Também, seria ineficiente cada um construir um elevador ou contratar seu próprio segurança.

O governo funciona de modo semelhante. As pessoas pagam tributos para que sejam comprados certos bens ou prestados serviços que beneficiem as próprias pessoas. A diferença é a liberdade pessoal: enquanto as pessoas podem escolher se filiar a uma academia ou morarem em algum lugar que cobre condomínio, as pessoas não podem escolher pagar tributos (por definição, de pagamento obrigatório).

A questão sobre o quanto pagar de tributos (ou taxa de condomínio, ou mensalidade da academia...) tem a ver com o “nível de compartilhamento ótimo” do bem ou do serviço e a liberdade individual de escolha. Com certos bens (como uma escova de dentes) só é recomendável que uma pessoa use, enquanto que outros podem ser usados por mais pessoas (uma academia) e outros é mais eficiente que a população inteira compartilhe (seguridade social, segurança nacional etc.). Porém, quanto mais se compartilha, mais as pessoas perdem de liberdade de escolha. É difícil afirmar que haja um condomínio que tenha apenas o que alguém gostaria que tivesse e é difícil que o governo forneça um produto (exemplo mais uma vez da seguridade social) que atenda as necessidades de todas as pessoas. Há, então, uma troca entre compartilhamento e liberdade de escolha.

Essa discussão, porém, também respinga na esquerda. Se é inadequado falar que diminuição do tamanho do Estado é sempre bom, falar que todo aumento é bom também é inadequado exatamente pelo mesmo raciocínio.

Não competitivo em tudo: Em se tratando de comércio internacional, o mais importante não é a vantagem competitiva, mas a comparativa. Comparativamente, nenhum país pode ser pior em tudo. Se um país importa produtos de um país, paga ao exportador com sua moeda. O exportador vai querer fazer alguma coisa com essa moeda, seja comprar produtos do país importador, seja investindo na moeda local. Em qualquer momento, poderia haver uma transação de moedas do importador ou do exportador com um terceiro, mas isso não muda o fato de alguém externo ter moeda do país importador, que usará essa moeda para importar produtos ou investir em moeda.

Esse raciocínio não defende nem ataca o comércio internacional, só derruba a falácia do não competitivo em tudo. Essa argumentação também vale para a esquerda. A direita quer protecionismo alegando que as empresas perderiam em tudo para a concorrência estrangeira, o que levaria a uma grande onda de falências e perda de riqueza dos empresários. A esquerda alega o mesmo, mas sua ameaça trata dos empregos que seriam perdidos por conta da concorrência estrangeira. Ambas as justificativas para o protecionismo estão erradas.

Responsabilidade Pessoal: Parte importante do pensamento de direita é o da responsabilidade pessoal. As pessoas são responsáveis por seus atos e devem colher frutos ou sofrer punições dependendo dos atos praticados. Se alguém está em má situação, provavelmente fez algo (ou deixou de fazer) para chegar nisso. Ajudar os outros criaria um problema de risco moral: seguras de um nível de vida satisfatório, algumas pessoas diminuiriam seus esforços e pegariam carona nos esforços de outros. Programas sociais podem ser entendidos como um seguro social que inevitavelmente criaria esse problema de risco moral ao se aplicar a todos e não haver, em geral, necessidade de contrapartida.

Esse pensamento tem alguns acertos, mas o autor aponta falhas capitais. O problema do risco moral não é criado pela intervenção governamental, e sim pela mera existência do seguro. Certos sinistros (como gravidez na adolescência) não contam com um mercado privado, de forma que o governo tem que oferecer esse seguro, arcando com os custos de seleção adversa e risco moral. É ruim que esses seguros sociais existam, mas seria pior se não existissem.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Valor de Mercado do Santander

Após o primeiro dia de negociações das units do Santander, o valor de mercado ficou em R$86,5 bi.

A empresa tinha 1.819.891.71.114 de ações ON e adicionou 600.000.000*55. Tinha 158.154.602.751 ações preferenciais e acionou 600.000.000*50. O resultado é a composição acionária com 214.989.171.114 ordinárias e 188.154.602.751 preferenciais.

Há dois modos de se chegar ao valor de mercado ao final de 07/10/09. O primeiro é através do preço das units, somando as quantidades e multiplicando por R$22,62/105 (preço dividido pelo tamanho da unit). O resultado é um valor de R$86,85 bilhões. Outra maneira é multiplicar a quantidade total de ações por R$0,22 (o preço dos dois tipos de ações), resultando em R$88,69 bilhões. Ao menos no primeiro dia, a diferença entre os métodos não é tão grande.

Como notado, a diferença entre os dois métodos era grande usando os valores de 06/10 e os de lançamento das units. Era de se esperar que ou as ações ON e PN caíssem para 0,22 (para ficar ao preço de R$23,5/105) ou que as units subissem para R$25,20 (105*R$0,24). Poderia ainda as duas caírem ou as duas subirem, as ações ON e PN caindo mais ou as units subindo mais. O terceiro cenário é o que se realizou.

Independente do cálculo, o Santander passa a ser a 6ª maior empresa por valor de mercado. A lista das 10 maiores (preços de 07/10/09, em R$ bi).

Petrobras: 333,74
Vale: 219,78
Itaú Unibanco: 140,05
Bradesco: 95.47
Ambev: 88,22
Santander Br: 86.85
Banco do Brasil: 76,19
OGX: 50,90
Itaúsa: 47,30
Sid Nacional: 42,10

Por fim, o Santander Brasil já está na lista de “Listagens Recentes” da Bovespa. Se fossemos seguir o mesmo critério, a IPO da ALL deveria ser considerada em 2005 (quando houve o lançamento de units), não em 2004 (como consta na mesma seção). E o Banrisul, que lançou novo tipo de ações preferenciais em 2007, deveria ser considerado listagem recente. Se o critério for liquidez, deveríamos considerar um lançamento de ações da Eluma e da Embratel como IPO? Ambas já fizeram parte do Ibovespa (75-92 e 00-07 respectivamente), sendo que a segunda já esteve entre as maiores participações. As duas são companhias abertas com ações negociadas em bolsa, Eluma com 0,11% de ON e 1,86% de PN, Embratel com 2,09% e 1,99%. Não sei como seria possível explicar que uma ação primeiro fez parte do Ibovespa e depois fez uma oferta inicial, sem que tenha fechado o capital entre os dois fatos. É isso que teríamos que explicar se essas empresas fizessem ofertas públicas e se adotássemos o mesmo critério usado para o Santander.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Algumas questões sobre o Santander Brasil

Units e Valor de Mercado
A negociação de ações por meio de units traz alguns inconvenientes para o cálculo do valor de mercado de uma empresa. No caso em que não há a negociação dos papéis separadamente (quase todos os casos), só é possível fazer um tipo de conta, que é dividir o número total de ações (ON + PN) pelo tamanho das units e multiplicar esse resultado pelo preço das units. O problema é que isso significa atribuir o mesmo preço para ações ON e PN, o que não é correto. Quando só as ações PN são negociadas no mercado adota-se procedimento semelhante, o melhor existente, mas imperfeito.

Só que há duas exceções, empresas que têm ações ON, PN e units sendo negociadas no mercado: ALL e, agora, Santander Brasil. Há pouco tempo tinha o Unibanco, com uma unit de Unibanco e Unibanco Holding, mas o banco foi deslistado.

No caso da ALL, o problema é a pouca liquidez das ações. Nos 12 meses anteriores a 14/09/09 (a data não tem nada de especial: é a que tenho disponível), as ações ON não foram negociadas em 92 dos 248 pregões (37%), as ações PN 14 pregões (6%) e as units foram negociadas todos os dias.

Calculando uma unit sintética usando os preços das ações ON e PN e comparando com o preço das units não gera um resultado consistente. Ora a unit sintética vale mais, ora a unit vale mais. Em termos de valor de mercado usando os dois métodos (através das ações separadamente ou das units), geralmente o valor de mercado das ações separadamente é maior do que através das units. O que é esperado, já que as ações ON valem por volta de duas vezes mais, mas seu valor representa apenas 20% das units (1/5). Apesar da pouca liquidez das ações, prefiro calcular o valor de mercado da ALL pelas ações separadamente do que pelas units.

Com o Santander Brasil, a situação é diferente. As ações são cotadas em centavos (R$0,24 para os dois tipos em 06/09/09), o que torna a negociação dos papéis bastante difícil. Uma variação de um centavo é uma variação de mais ou menos 4%. Esse é um motivo para as ações valerem o mesmo. Porém, as ações preferenciais recebem mais dividendos (em termos monetários). Colocando em uma balança, valor do controle, dividendos preferenciais e igualdade de iliquidez parecem acabar se compensando.

A unit foi vendida a R$23,50 na oferta pública. Multiplicando R$0,24 por 105 (units de 55 ações ON e 50 ações PN), o resultado é 25,20 (um pouco acima do teto da faixa indicativa da oferta). Com preços separados em geral não muito distantes (um centavo de diferença ou 4% de diferença é pouco) e muito ineficientes e as units separadas quase igualmente entre os dois tipos, me parece que calcular o valor de mercado usando o preço das units é a melhor opção.

Aos preços de 06/09/09, o valor usando as ações separadamente era de R$81,6 bilhões e passa para R$ 94,86 bilhões (mantendo o preço). Usando o preço das units (R$23,50), o valor era de R$76,12 bilhões e foi para R$88,4 bilhões. Todas as contas foram feitas sem supor a colocação de units adicionais e lote suplementar. Será necessário esperar os negócios do primeiro dia de SANB11 para melhor comparar esses valores.

IPO
A oferta de units do Santander não é uma IPO, mesmo que se diga que os executivos considerem “como se fosse” IPO. O Santander já tem ações listadas na bolsa e por isso não deveria ser considerado como tal.

O fato de estar lançando units que não existiam até então não é relevante. Em 2007, o Banrisul fez uma oferta de um novo tipo de ação preferencial e nem por isso a oferta foi considerada IPO.

No site da Bovespa, na seção “Listagens Recentes” é possível encontrar informações sobre as IPOs ocorridas entre a Natura (2004) e a mais recente (Tivit). Duas empresas que constam dessa lista e que pode ser duvidoso que devessem estar são Tam e ALL.

A ALL tem ações em bolsa desde 1998. Porém, o número total de negócios no período anterior a 25/06/04 foi de 5 negócios para ON e 6 para as ações PN. Logo, apesar de ter algum histórico anterior, é melhor considerar essa oferta como inicial.

A Tam, por outro lado, apesar da pouca liquidez das ações PN, tinha ações negociadas com uma razoável freqüência. Mesmo caso das ações do Santander, que são negociadas até mais do que eram as da Tam antes da “IPO”.

Na CVM, a oferta do Santander estava registrada como subseqüente. A oferta da Brazilian Finance and Real Estate também consta como subseqüente porque a empresa tem registro de companhia aberta. Porém, como nunca teve ações negociadas em bolsa, é possível considerar a oferta como IPO.

Continuo discordando que a oferta do Santander seja IPO (mesmo que, futuramente, o Santander seja incluído na lista da Bovespa de listagens recentes). O mesmo pode ser válido para a Tam, mas não para a ALL.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Journal of Finance Vol. 64 nº. 5 2009

Driven to Distraction: Extraneous Events and Underreaction to Earnings News
(Movidos pela distração: Eventos irrelevantes e reações tímidas a divulgações de lucros).
David Hirshleifer, Sonya Seongyeon Lim e Siew Hong Teoh

Em outro texto, resumi algumas evidências sobre o comportamento dos investidores pessoa física. Muito do que está lá também se aplica para outros tipos de investidores (não fiz notar isso por falta de espaço). Esse artigo procura analisar a questão da atenção limitada no mercado como um todo da divulgação de notícias. Mais especificamente, estuda a relação entre divulgação de resultados das outras empresas e a reação à divulgação de resultados de uma certa empresa. A hipótese é a de que os resultados da outra empresa (muito menos informativos para o valor da empresa) acaba distraindo os investidores sobre as informações de uma empresa específica. Quanto maior essa distração, mais tímida a reação de curto prazo, que é compensada por uma reação de longo prazo mais forte.

A distração pode afetar o preço das ações por causa da atenção limitada que os investidores individualmente (ou analistas individualmente) podem dedicar a uma ação. A presença de investidores racionais totalmente informados não elimina/eliminaria esse efeito, já que a sua capacidade de correr riscos é limitada, assim como seus recursos. Esse efeito deve persistir mesmo na presença de investidores que se dediquem totalmente ao estudo de uma ação, já que esses negligenciam as demais.

Na pesquisa realizada, constatou-se que a diferença entre os retornos positivos a surpresas positivas nos lucros e os retornos negativos a surpresas negativas no período de dois dias é maior quando há poucas divulgações de resultados do que quando há muitas (uma diferença estatisticamente significativa de 1,21%).

Os resultados mudam (consistente com as expectativas) mudando o período para 60 meses. A diferença passa a ser de 4,52% em favor aos dias com mais anúncios. Ou seja, ações de empresas que divulgaram seus lucros junto com outras empresas oscilam menos no curto prazo, mas compensam no longo prazo.

Uma estratégia de comprar ações com surpresas positivas nos lucros e vender ações com surpresas negativas, separando também por grau de “concorrência” pela atenção do investidor, é mais bem sucedida para as ações que tiveram muitas divulgações concorrentes do que para as que tiveram poucas. Ainda, não há relação estatisticamente significativa dos resultados dessa carteira para períodos com poucas divulgações de resultados. Comprando a carteira com mais divulgações e vendendo a com poucas divulgações gera um retorno positivo e estatisticamente significativo. Isso corrobora o que se havia constatado.

O volume negociado também é afetado. Há uma relação negativa (estatisticamente significativa) entre o grau de “concorrência” e volume negociado pela ação, controlando por outros fatores. Quanto maior a concorrência, menor o volume.

Analisando o tipo de divulgação, não há evidências de que notícias de empresas relacionadas distraiam os investidores, mas há de que notícias não relacionadas o fazem. Também, surpresas maiores nos resultados distraem os investidores enquanto pequenas surpresas não o fazem. Por fim, o efeito é significativo apenas para anúncios de empresas pequenas e é positivo (distraem). Na verdade, os efeitos tamanho e tamanho da surpresa se misturam, já que empresas menores oferecem maiores surpresas (há menos informações e análises sobre elas).

Há evidências fracas de que o efeito é maior para surpresas positivas, em empresas pequenas, em empresas com menor cobertura de analistas e menor participação de investidores institucionais.

Media Coverage and the Cross-section of Stock Returns
(Cobertura da mídia e a análise transversal dos retornos de ações)
Lily Fang and Joel Peress

Esse artigo estuda a relação entre retornos das ações e cobertura da imprensa. Uma hipótese que faço anterior a evidências empíricas é a de que empresas com maior cobertura da imprensa são menos arriscadas do que seriam se não tivessem essa exposição por haver mais informações disponíveis. Em sendo menos arriscadas, o retorno dessas ações deveria ser menor (ou: o retorno de ações desconhecidas deveria ser maior).

As evidências apresentadas no artigo apóiam a relação negativa entre cobertura e desempenho (quanto menos cobertura, maiores são os retornos). Controlando por outros fatores de risco (tamanho, P/VPA, momento e liquidez), há um retorno superior e estatisticamente significativo de 2,8%a.a. de uma carteira que compra ações com baixa cobertura e vende ações com alta cobertura da imprensa. Isso se dá mais pelo melhor desempenho de ações com baixa cobertura do que pelo mau desempenho de ações com alta cobertura. Esse efeito também é ainda maior para ações de empresas menores.

Esses resultados se mantêm levando em conta o bid-ask spread, excluindo notícias de anúncio de lucros, excluindo IPOs, corrigindo as deslistagens e excluindo ações de tecnologia. Também, aumentar o período de formação melhora os resultados da análise (os efeitos são de longo prazo, não de curto prazo). O efeito é maior para empresas com baixa cobertura de analistas (entre 10,3% e 8,3%), com alta proporção de investidores pessoa física (11,75%) e alta volatilidade idiossincrática (7,7%).

Os autores examinam três possíveis explicações. A primeira é a de que esse é o resultado de padrões de reversão ou continuidade de curto prazo. Não são encontradas evidências nem de que são padrões desse tipo nem de que são de curto prazo. A segunda explicação é a hipótese de impedimento a operar. Não há evidências definitivas de que esse efeito é concentrado em ações de baixa liquidez, adotando-se vários critérios possíveis para aferir isso. Por fim, há a hipótese de reconhecimento do investidor, que diz que as ações pouco reconhecidas devem oferecer um prêmio na forma de retornos superiores para compensar a falta de informações (similar à minha hipótese inicial). Os retornos superiores de ações com pouca mídia, baixa cobertura de analistas, alta proporção de pessoas físicas e alta volatilidade idiossincrática confirmam essa hipótese. Essa terceira hipótese explica porque o efeito surge e a hipótese de iliquidez pode indicar porque o efeito perdura.

Implicações desses artigos
Os dois artigos sugerem duas fontes de ineficiência do mercado em incorporar informações: o excesso de informações e a fraca disseminação de informações sobre certas empresas pela imprensa. Poderia ser de interesse dos reguladores do mercado tentar corrigir a primeira fonte ao incentivar a adoção de melhores ferramentas de divulgação (XBRL, por exemplo). As empresas, através de áreas de relacionamento com imprensa ou relações com investidores, também poderiam trabalhar na melhor divulgação de informações para corrigir as duas fontes. Para as empresas, é mais importante a segunda (que afeta o custo de capital) do que a primeira (que só afeta a velocidade com que as informações são incorporadas).

Para investidores, esses artigos sugerem possíveis oportunidades de ganhos. Ao dar mais atenção a ações negligenciadas pela imprensa (ou seja, menos conhecidas) e tentando se aproveitar da atenção limitada do mercado. Porém, é necessária alguma vantagem por parte do investidor, seja na obtenção, seja no processamento de informações. Estratégias baseadas dessa maneira também podem ser mais arriscadas. Também, a execução não é das mais simples. Para alguns investidores, até que pode ser viável.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Mensais: Bovespa (Set/09)

Índices Brasileiros
Índice; 60 meses; Ano; 12 meses
Ibovespa; 164,65%; 63,83%; 24,18%
IBX 50; 186,70%; 56,69%; 16,69%
IBX; 191,31%; 56,10%; 18,39%
ISE; -; 48,86%; 6,39%
ITEL; 63,38%; 32,29%; 24,26%
IEE; 240,81%; 46,03%; 36,22%
INDX; 120,00%; 69,15%; 24,38%
IVBX2; 91,28%; 46,57%; 18,80%
IGC; 190,93%; 63,92%; 28,23%
ITAG; 211,26%; 67,37%; 30,69%
Small Cap; -; 96,35%; 45,13%
Middle Cap; -; 54,95%; 18,03%
Consumo; -; 70,44%; 42,71%
Imobiliário; -; 177,90%; 57,69%

Ibovespa:
Maiores altas (2009):
MMXM3: 293,50%
RSID3: 284,51%
GFSA3: 157,06%
CYRE3: 154,00%
BBAS3: 125,81%

Maiores altas (12 meses)
RSID3: 155,37%
JBSS3: 94,78%
NATU3: 82,40%
ELPL6: 66,48%
UGPA4: 61,40%

Maiores baixas (2009)

Maiores baixas (12 meses):
ARCZ6: -41,31%
VCPA3 -39,96%
BRTP3: -36,92%
TAMM4: -36,11%
EMBR3: -21,76%

Amostra de 161 ações:
Maiores altas em 5 anos
FBMC4: 1.498,52%
CYRE3: 1.394,43%
JFEN3: 1.132,67%
IMBI4: 987,50%
CEPE5: 941,88%

Maiores baixas 5 anos
KEPL3: -96,78%
ESTR4: -81,21%
VPTA4: -75,08%
GPCP3: -66,00%
JBDU4: -61,92%

Maiores sequências (161 ações)
Alta: CEPE5 (11 meses)
Baixa: CGAS5, (4 meses)

Datas importantes e/ou curiosas:
02/10: 40 anos da Caraíba Metais
03/10: 56 anos da Petrobras
12/10: 109 anos do atual Banco do Brasil.
16/10: 30 anos da Nutriplant
17/10: 50 anos do Café Cacique
20/10: 55 anos de listagem do Itaú
25/10: 15 anos de listagem da Cemat
26/10: 55 anos da Copel
26/10: 5 anos de listagem da Grendene
27/10: 1 ano da mínima do atual ciclo (29.435)

Fontes:
Bovespa.com
Planeta Dinheiro (http://www.pladin.com.br/)

Mensais: IPOs (Set/09)

Serão consideradas as ofertas:
Ocorridas a menos de 5 anos
Que ainda sejam negociadas, excluídas as que foram incorporadas por outras empresas.
A Tivit, com nem uma semana de negociações, está fora também. Seria a maior baixa em termos relativos (-66,77%).

Taxa a.m. Retorno desde o primeiro dia de negociações expresso em meses.
IBOV a.m. Retorno do Ibovespa desde o primeiro dia de negociações do ativo
Ganho s/ Ibov: Taxa a.m. – IBOV a.m.

5 maiores altas relativas ao Ibovespa
Empresa; Taxa a.m.; IBOV a.m.; Ganho s/ IBOV
Hypermarcas; 4,22%; -0,31%; 4,54%.
OGX Petróleo; 1,17%; -0,57%; 1,75%
GVT Holding: 2,67%; 0,96%; 1,71%
Localiza: 3,27%; 1,83%; 1,44%
Sul América: 1,24%; -0,06%; 1,29%

Errata Agosto/08: A PDG Realt não deveria constar daquela lista.

5 maiores baixas relativas ao Ibovespa
Empresa; Taxa a.m.; IBOV a.m.; Ganho s/ IBOV
Laep: -11,10%; -0,27%; -10,83%
Agrenco: -10,49%; -0,06%; -10,43%
Ecodiesel: -6,75%; 1,15%; -7,90%
Inpar: -5,09%; 0,61%; -5,70%

21/103 ações estão com ganhos relativos (20,39%)

38/103 ações estão com ganhos absolutos (36,89%)

Mensais: Índices Internacionais (Set/09)

De Agosto/08 a Agosto/09, apenas 21 índices apresentavam alta. Esse número passou para 43 agora, muito por conta da exclusão do desempenho negativo de Setembro/08 pós quebra do Lehman Brothers.

Maiores altas (mês)
Mongólia: 39,13%
Rússia: 18,36%
Ucrânia: 17,94%
Argentina: 16,46%
Sérvia: 16,20%

Ibovespa: 19º lugar (maior alta – maior baixa)
Altas 80/98

Maiores altas (ano)
Peru: 114,85%
Montenegro: 102,11%
Rússia: 99,49%
Sri Lanka: 95,52%
Argentina: 92,20%

Ibovespa: 15ª maior alta
Altas: 79/98

Maiores altas (12 meses)
Ucrânia: 49,75%
Montenegro: 49,51%
Sri Lanka: 37,17%
Colômbia: 36,51%
Indonésia: 34,66%

Ibovespa: 13º (Maior Alta – Maior Baixa)
Altas: 43/97

Maiores altas (Dez/04)
Mongólia: 1.202,37%
Malawi: 747,00%
Montenegro: 724,26%
Casaquistão: 608,73%
Peru: 308,16%

Ibovespa: 15ª maior alta
Altas: 66/90

Maiores baixas (mês)
Moldava: -5,67%
Bahamas: -4,70%
Nepal: -4,61%
Nigéria: -4,10%
Japão: -3,42%

Maiores baixas (ano)
Costa Rica: -38,35%
Bermudas: -30,45%
Nigéria: -29,83%
Malawi: -18,85%
Moldava: -18,14%

Maiores baixas (12 meses)
Islândia: -84,93%
Nigéria: -52,26%
Emirados Árabes: -46,92%
Costa Rica: -43,13%
Bermudas: -40,13%

Maiores baixas (5 anos)
Islândia: -84,90%
Irlanda: -45,99%
Bermudas: -25,92%
Itália: -23,74%
Bulgária: -23,22%

Maiores sequências:
Altas: Austrália, Indonésia, Russell 2000, S&P 500, Canadá, Suíça, Israel, Colômbia, Espanha, Turquia, Luxemburgo, Maurícia (7).
Baixas: Moldava (4)

Desvio-padrão (mensal)
S&P 500: 4,51%
Brasil: 7,31%
Rússia: 11,36%
Índia: 8,57%
China: 10,52%

Fontes: http://rapidshare.com/files/228133431/Descricao_Indices.xls
(Preciso atualizar esse arquivo)