Finanças
IPO da Brazil Pharma – Essa IPO teve uma peculiaridade que não tinha visto em outra oferta, que é a “oferta de dispersão”. O valor mínimo de reserva para essa oferta era de R$ 100 mil e no máximo R$ 1 milhão, acima desse valor entrando na oferta institucional. O usual em ofertas de varejo é um investimento mínimo de R$ 3 mil ou R$ 5 mil e no máximo R$ 300 mil. Não vi essa oferta de dispersão em outras ofertas; consultei todos os prospectos das IPOs desde a Natura, mas não cheguei a verificar essa parte de oferta não institucional, de forma que isso pode ter ocorrido e eu não vi. O problema é como classificar essa oferta como exclusiva de institucional ou aberta ao varejo, já que, embora o valor mínimo seja alto (característica de oferta exclusivamente institucional), o mínimo ainda é inferior ao máximo da maioria das ofertas (R$ 300 mil).
Buy and Hold em xeque? Índice Nikkei 225 – 1) Investir em ações individuais ao invés do índice poderia ter salvo o investidor japonês? Sim. E poderia fazê-lo perder mais. 2) O crash do Nikkei em 1989 não tem nada a ver com P/L, que continuou subindo até 1996. 3) O caso japonês é um caso contra buy and hold, gestão passiva, investimento de longo prazo? Em parte. O que mostra é que nenhuma estratégia de investimento é infalível. Retomando o tópico 1), usar esse caso para descartar uma das estratégias citadas é inadequado, já que nada indica que outra estratégia crível seria melhor e trata-se de um (1) caso em uma (1) dada janela de tempo. 4) Investimento em ações é arriscado e não há garantia alguma que no longo prazo você estará rico. Se houver realmente um prêmio por risco por investimento em ações, esperar ter mais investindo em ações do que em renda fixa é uma expectativa apropriada. Mas sempre as coisas podem dar errado e ninguém garante que o mercado brasileiro não venha a ser um dos perdedores no futuro. 5) O Nikkei 225 não leva em conta dividendos, mas o desempenho continua fraco mesmo levando isso em consideração. 6) Perder não é o único problema, deixar de ganhar também é. Em artigo que comentarei futuramente, foi analisado o caso do mercado americano e a perspectiva de um investidor que começasse a investir em 2000 recuperar o investimento, entendido como ter um retorno médio composto de 10% a.a. A probabilidade não é muito alta. 7) Começar na hora errada (como investir no mercado americano em 2000) pode ser desastroso para a carteira. Infelizmente, não há muito remédio contra isso (custo médio não é, por exemplo) 8) Apesar do desempenho da bolsa nas últimas duas décadas não ser bom, nem tudo é má notícia no Japão.
Perdemos poder, mas tudo bem – Reportagem da mais recente edição da Exame (995) sobre a IPO da Drogaria Raia, contando um pouco dos bastidores, incluindo os preparativos para a oferta (desde a tentativa fracassada em 2007) como a contratação de auditoria contábil e os roadshows para a oferta bem sucedida.
E se o banco, onde eu estiver investindo em CDB, quebrar? O FGC na prática (saiu na Folha de S. Paulo de domingo)… - Sobre como funciona na prática o FGC. Pensei que era mais demorado, mas credores do Banco Morada, que sofreu intervenção do Banco Central há poucos meses, já vão receber a garantia do FGC. Bom saber, para quem tem conta ou investimentos (desde que cobertos pelo FGC) em bancos que não sejam os grandes (não que estes não possam ter problemas também).
Economia
When the levee breaks – Sobre Hayek e Mises, defensores do livre mercado, terem sido “subsidiados” por grandes empresas o que tiraria a independência deles. Como se grades empresas defendessem o livre mercado! General Electric, George Soros, Warren Buffett/Berkshire Hathaway, JBS-Friboi e Eike Batista/EBX, grandes empresas e grandes empresários, são a favor de livres mercados e contra a intervenção governamental? Contra “estímulos”, subsídios, pacotes de salvamento e protecionismo? Os bancos odeiam os bancos centrais, que deveriam regular suas atividades? A General Motors, a AIG e os bancos americanos não foram salvos com dinheiro público? Isso tudo não vai contra as ideias de Hayek, Mises e outros liberais/libertários? Claro que grandes empresas, assim como qualquer outra instituição ou pessoa, são a favor daquilo que as beneficia, e seriam a favor de medidas de livre mercado como a queda de barreiras ao comércio (desde que ganhem com isso), menor impostos (para elas), legislação trabalhista mais flexível e menos intrusão do governo (exceto na hora de receber subsídios), mas isso não significa que comprem todo o “pacote” livre mercado.
6 sinais de que já pode haver uma bolha imobiliária no Brasil – O foco do texto foi o do preço dos imóveis e dos aluguéis, mas a alta expressiva de prelos não me parece ser essa a parte pior de bolhas, que se tornam um problema quando há excesso de investimentos e especialmente maus investimentos e se torna um problema ainda maior quando o governo intervém para sustentar artificialmente esses investimentos. Fala-se muito do mercado imobiliário brasileiro por conta do que ocorreu em outros países, mas, primeiro, a próxima bolha (que certamente ocorrerá em algum momento) não necessariamente ocorrerá no mercado imobiliário (ou em alta tecnologia) e segundo que no Brasil não são utilizados os instrumentos financeiros destinados a aumentar o investimento no mercado imobiliário (os tais CDOs, ARMs, HELOCs etc.). Quanto a imóveis como uma opção de investimentos da mesma forma que ações e títulos públicos, eu pessoalmente não acho uma grande ideia. Não por ser pouco rentável, muito arriscado ou algo do gênero. Imagino que abrir um banco, explorar poços de petróleo ou minas de ferro ou abrir uma siderúrgica sejam bons negócios assim como comprar imóveis, mas não tenho dinheiro para abrir um banco (ou outra dessas indústrias) e nem habilidade para administrar um. Posso até ter dinheiro para comprar um imóvel, mas continuo a não ter habilidade especial para obter algum rendimento que compense o risco e o esforço. Quem achar que tem, boa sorte.
Keynesian Dismisses Crowding Out – “Smart, however, just means you can articulate your beliefs well, not that they are correct.” Frase interessante, embora não tenha, em si, a ver com o texto.
Paul Krugman: Housing bubble instigator, not predictor- Em 2002, Krugman escreveu que “Alan Greenspan needs to create a housing bubble to replace the Nasdaq bubble”. Fora de contexto, de fato parece se tratar de pedido por uma nova bolha. Verdade seja dita, o que ele dizia nesse texto era que, se o FED quisesse que a economia voltasse ao ritmo do tempo da bolha ponto com, precisaria criar uma nova bolha, o que, como ele afirmaria mais recentemente, não é o mesmo que quiser ser uma boa ideia. Porém, o que Krugman afirmou e mantém é que o FED deveria baixar as taxas de juros, porém, juros artificialmente baixos pela ação do banco central é um fator criador de bolhas (ver aqui). Ou seja, ele pediu que o veneno fosse soltado no ar, mas não pediu para ninguém ser envenenado, mesmo sabendo (como ele se vangloria) para onde o veneno iria. Interessante.
Humans Born Capitalists – Texto do Falkenblog que causou uma controvérsia nos comentários, sendo raro a maioria dos comentários de um texto ser contra o autor. Trata-se da análise de um texto que trata de um artigo que mostra um estudo feito com crianças entre 4 e 5 anos e adultos. Foi mostrada uma imagem com um garoto usando o crayon (rotulado “usuário”) e uma garota rotulada de “proprietária”. Foi perguntado quem deveria ficar com o crayon e 75% das crianças decidiram a favor da proprietária, contra apenas 20% dos adultos. Falkenstein concluiu que crianças nascem capitalistas, e depois é que se tornam a favor de “flexibilizar” a propriedade privada. Não sei se o autor do estudo (Ori Friedman) realizou outros experimentos análogos para examinar a mesma questão e talvez a conclusão não seja robusta a mudanças na metodologia. Mas, caso seja verdadeira a conclusão, além de não nascermos avessos a risco, nascemos respeitando a propriedade privada.
Pimenta na cerveja dos outros é refresco – Incrível como toda semana tem alguma notícia parecida com essa.
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