quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Mensais: Bovespa (Dez/09)

Índices Brasileiros
Índice; 60 meses; Ano; 12 meses
Ibovespa; 161,83%; 82,66%; 82,66%
IBX 50; 173,75%; 72,41%; 72,41%
IBX; 177,99%¨; 72,84%; 72,84%
ISE; -; 66,41%; 66,41%
ITEL; 69,75%; 52,64%; 52,64%
IEE; 250,03%; 59,09%; 59,09%
INDX; 110,49%; 88,84%; 88,84%
IVBX2; 84,83%; 68,03%; 68,03%
IGC; 166,37%; 83,36%; 83,36%
ITAG; 175,91%; 84,93%; 84,93%
Small Cap; -; 137,73%; 137,73%
Mid Large Cap; -; 69,43%; 69,43%
Consumo; -; 92,22%; 92,22%
Imobiliário; -; 204,88%; 204,88%

O Ibovespa precisa subir 7,77% para, do fechamento de 2009, alcançar o seu topo histórico (73.920).

Ibovespa
Maiores altas (2009)
MMXM3: 345,85%
RSID3: 312,84%
DTEX3: 188,28%
GFSA3: 172,09%
CYRE3: 169,98%

A Duratex é um caso mais complicado. Quando houve a conversão de Duratex antiga (DURA3 e DURA4) e Satipel (SATI3) na Duratex atual (DTEX3), a relação foi de uma SATI3 para uma DTEX3 e 2,54467001 DTEX3 para cada DURA4, que era a ação que estava no Ibovespa. Então, para fazer o histórico do ano de DTEX3, é possível usar como base em 30/12/08 a SATI3, DURA4 ou DURA3. O que fiz foi usar DURA4, convertendo os preços anteriores a 7/10/09 dividindo por 2,54467001.

Maiores altas (12 meses)
Igual Maiores altas (2009)

Maiores baixas (2009)
BRTO3: -50,43%

Amostra de 161 ações
Maiores altas em 5 anos
JFEN3 : 1.302,37%
CYRE3 : 1.131,22%
TELB4 : 1.122,95%
FBMC4 : 1.120,07%
HGTX3: 1.002,64%

Maiores baixas 5 anos
KEPL3: -95,59%
CAFE4: -72,48%
ESTR4: -72,31%
IGBR3: -72,28%
JDBU4: -68,67%

Maiores sequências (161 ações)
Alta: HGTX3 e PCAR5 (10 meses)
Baixa: VAGV4 (5 meses)

Datas importantes e/ou curiosas
Estarão no post de Índices Internacionais

Fontes:
Bovespa.com
Planeta Dinheiro (www.pladin.com.br)

Mensais: IPOs (Dez/09)

Serão consideradas as ofertas:
* Ocorridas a menos de 5 anos
* Que sejam realmente ofertas públicas iniciais
* Que ainda sejam negociadas, excluídas as que foram incorporadas por outras empresas.
* A Fleury e a Direcional, muito recentes, foram excluídas. Constariam como as maiores alta relativa ao Ibovespa.

Taxa a.m. Retorno desde o primeiro dia de negociações expresso em meses.
IBOV a.m. Retorno do Ibovespa desde o primeiro dia de negociações do ativo
Ganho s/ Ibov: Taxa a.m. – IBOV a.m.

5 maiores altas relativas ao Ibovespa
Empresa; Taxa a.m.; IBOV a.m.; Ganho s/ IBOV
Hypermarcas; 4,35%; 0,27%; 4,08%.
GVT Holding: 3,42%; 1,20%; 2,22%
OGX Petróleo; 2,28%; 0,11%; 2,17%
Sul América: 2,32%; 0,37%; 1,95%
Totvs; 2,81%; 1,43%; 1,37%

5 maiores baixas relativas ao Ibovespa
Empresa; Taxa a.m.; IBOV a.m.; Ganho s/ IBOV
Ecodiesel; -5,54%; 1,36%; -6,90%
Laep; -6,45%; 0,19%; -6,65%
Inpar; -5,21%; 0,92%; -6,13%
Springs; -4,74%; 0,91%; -5,66%
Agrenco; -4,94%; 0,37%; -5,31%

21/101 ações estão com ganhos relativos (20,79%)

47/101 ações estão com ganhos absolutos (46,53%)

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

O peso morto do Natal

(The deadweight loss of Christmas)
Joel Waldfogel
The American Economic Review. Vol. 83. Ed. 5. 1993
http://graphics8.nytimes.com/images/blogs/freakonomics/pdf/WaldfogelDeadweightLossXmas.pdf

Embora não seja simpático comentar esse artigo no Natal (o próprio artigo foi lançado em um Dezembro), não há época mais apropriada para isso. Afinal, muitos devem estar recebendo presentes que não gostaram muito, apesar de não demonstrarem isso. È disso que se trata o artigo, a perda de bem-estar que presentes indesejados causa.

O artigo examina a decisão de dar presentes como um bem ou serviço (“produto”) ou em dinheiro. A hipótese inicial do autor é a de que seria preferível, em geral, presentes em dinheiro, já que a própria pessoa que recebe (“recebedor”) o presente conhece melhor as suas preferências do que quem dá o presente (“presenteador”). A magnitude do peso morto está relacionada com o conhecimento das preferências do recebedor por ele mesmo e pelo presenteador. Se o recebedor conhece perfeitamente as suas preferências, o presente em produto pode, no máximo, igualar a satisfação que o presente em dinheiro daria, no caso do presente ser algo que o recebedor gostaria de comprar. Porém, o que ocorrerá com mais freqüência é que o presente recebido não era exatamente o que o recebedor queria. O resultado seria a atribuição de um valor menor para o recebedor do que o preço pago pelo presenteador, destruindo valor. Se o recebedor não conhece perfeitamente as suas preferências, pode ocorrer do presenteador encontrar um presente tal que o recebedor não compraria por si próprio, criando valor.

O autor argumenta utilizando-se de elementos da teoria da escolha do consumidor.




O eixo horizontal é a quantidade de presentes em produto e o eixo vertical é o valor de outros bens. As linhas são linhas de orçamento e as curvas que as tangenciam são curvas de indiferença. A situação inicial é a linha de orçamento aa’, com escolha ótima em I e utilidade de Uo. Se o recebedor recebesse presente só em dinheiro, sua linha de orçamento aumentaria e a utilidade iria de Uo para U1. Se, ao invés, recebesse presente em produto no mesmo valor, a utilidade iria para o ponto no eixo horizontal com o que ele compraria do produto antes mais o que recebeu e no eixo vertical continua comprando o que comprava dos outros produtos anteriormente. Nesse caso, sua utilidade seria U2, em um ponto ineficiente da segunda linha de orçamento, já que, com menos do produto dado em presente, seria possível alcançar o mesmo nível de utilidade (linha tracejada), gastando menos. O peso morto é a distância entre os dois pontos de mínimo das curvas de indiferença.

Com esse modelo, é possível analisar a decisão de maximização da utilidade do recebedor do presente, seja presente em dinheiro, seja em produto. O presenteador escolherá o tipo de presente de acordo com a sua expectativa a respeito da recepção do presente pelo recebedor. Os que acreditam não conhecer muito bem as preferências do recebedor preferirão dar mais presente em dinheiro enquanto que os que acreditam conhecer melhor o recebedor irão utilizar-se mais de presentes em produto. O primeiro grupo deve ser composto por presenteadores próximos socialmente do recebedor (pais, irmãos, amigos) e o segundo de presenteadores mais distantes (avós, tios/tias).

Essa é a previsão teórica do modelo do autor. Para testar empiricamente, o autor realizou uma pesquisa com estudantes de Economia, nível intermediário. Foi pedido que estimassem o quanto o presente em produto custou e qual valor eles dão ao presente (quanto pagariam para comprar esse presente). A diferença entre o valor e o preço, se negativa, indica o peso morto. Foi considerada a hipótese do recebedor ter trocado o presente. Foram feitas duas pesquisas, uma perguntando o máximo preço que a pessoa estaria disposta a pagar no presente e na segunda o mínimo valor pelo qual trocariam o presente. A segunda pesquisa deve estimar um peso morto menor e a primeira maior. Apesar do artigo se referir ao Natal, inclui todos os presentes recebidos pelos respondentes no ano da pesquisa (1992).

O resultado da primeira pesquisa mostrou uma perda de valor de mais de 30%, o valor médio dos presentes sendo apenas 71,5% do preço médio estimado. A perda é de 33,9% se for considerada a média das proporções valor/preço. A segunda pesquisa mostrou uma perda de valor de apenas 9,2% do valor médio ou 12,9% da média das proporções. Excluindo presentes em dinheiro (ou vales), o peso morto sobe para 16,1% na segunda pesquisa.

Em seguida, o autor procura estabelecer os determinantes desse peso morto. Para isso, usando as informações da pesquisa, procurou qual presenteador possível representou o maior peso morto, qual teve mais presentes trocados e a tendência para dar presente em dinheiro. Os presenteadores são: tios, irmãos, pais, “outro significativo”, avós e amigos. Conforme o esperado, há uma correlação entre a perda de valor, a quantidade de trocas e a porcentagem de presente em dinheiro. Os dois presenteadores que dão presentes considerados menos valiosos são os tios e os avós, mais distantes socialmente dos recebedores, e são esses públicos que mais presenteiam com dinheiro. Amigos e irmãos, com valor próximo do preço, baixa taxa de troca e baixa tendência a presente em dinheiro. Um caso especial é o “outro significativo”, namorado/a, esposa/marido (suponho) com valor não muito distante do preço, zero taxa de troca e zero taxa de presente em dinheiro.

Um porcentagem grande (88,5%) dos presentes era em produto na pesquisa. O autor oferece duas explicações. A primeira é que o presenteador sente-se mais satisfeito por dar um presente em produto, e não teria a mesma satisfação dando presente em dinheiro. A segunda é que há um estigma contra dar presente em dinheiro.

A conclusão é que dar presentes em produto diminui o bem-estar na medida em que as pessoas que recebem os presentes atribuem menos valor a esse produto do que ele custa. Esse artigo oferece algumas recomendações na hora de dar presentes, que já devem ser levadas em conta pelas pessoas. A primeira é que, se não se conhece muito bem a pessoa, o mais recomendável seria dar presente em dinheiro. A segunda é que, sendo esse o caso, um vale-presente pode ser preferível, sendo menos impessoal do que dinheiro, desde que o presenteador, no mínimo, saiba o que o recebedor gosta de comprar. A terceira é que o presenteador deveria prestar mais atenção no que o recebedor quer recebedor do que ele gostaria de presentear. Quarto, que pode valer muito a pena dar presente em produto se esse produto for algo que o recebedor não compraria para si mesmo, normalmente, talvez pelo presenteador conhecer melhor o recebedor do que ele próprio.

O autor lançou um livro sobre esse tema, de nome Scroogenomics (em referência à personagem do Um Conto de Natal, de Charles Dickens). Eu não li o Scroogenomics, mas muito do que está lá deve ter a ver com esse artigo.

domingo, 20 de dezembro de 2009

A Crise Financeira Global e HME

(The Global Financial Crisis and the Efficient Market Hypothesis: What have we learned?)
Journal of Applied Corporate Finance – Volume 21 – Ed. 4 - 2009
Raymond Ball
http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=1502815


Esse artigo examina a culpabilidade da Hipótese de Mercados Eficientes (HME) pela Crise Financeira Global que começou a se manifestar em 2007. Alguns dos argumentos apresentados pelo autor coincidem com argumentos já apresentados aqui em outro texto, mas há muitos outros argumentos interessantes.

O autor define a HME como a união de dois conceitos: o primeiro é o de que, em um mercado competitivo, a competição acaba por reduzir os lucros até o ponto em que o lucro econômico é nulo. O segundo é que as variações nos preços das ações é uma função do fluxo de informações. Juntando os dois conceitos: a competição entre os participantes do mercado faz com que os retornos pelo uso de informações se igualem ao custo.

Como essa idéia se relaciona com a crise? É o que o artigo explora. A primeira observação é quase uma brincadeira: se a HME é a culpada pela bolha gestada nesse início de século, a quem culpar pela existência de tantas bolhas anteriores ao advento dessa teoria (1965): tulipas holandesas, South Sea Company, mania das ferrovias, bolha imobiliária na Flórida em 1926 e o Crash de 1929?

Em seguida, o autor contesta que a HME seja uma teoria amplamente aceita pelos participantes do mercado. Ao menos na prática, quase ninguém parece ligar a mínima para a HME. Comentário meu: A HME é a teoria mais antipática, mais estraga prazeres e mais indesejável de todas as teorias de Finanças. Os únicos que podem gostar (e não necessariamente gostam) dessa teoria são os acadêmicos e aos reguladores: a todos os demais, é bastante perigoso que tenha algum crédito entre as pessoas.

A HME diz ao gestor de investimentos ( que pode ser uma pessoa física gerenciando os próprios investimentos): Não adianta tentar uma gestão ativa ou especulação de qualquer tipo, já que não haverá retorno anormal (ajustado ao risco). Quantos gestores de fundos conseguiriam atrair clientes e deles cobrar taxas se as pessoas assim pensassem? Ou, quantos dos analistas, consultores, escritores e palpiteiros afins poderiam vender seus conhecimentos (ou pretensos conhecimentos) de como ficar rico ao público? Ou, haveria alguma diversão para as pessoas físicas investir em ações?

Para bancos de investimento, corretoras de valores, provedores de informação e outros participantes do mercado, há também implicações extremamente antipáticas da HME, de forma que é temerário dizer que a HME era amplamente aceita. Antes, parece mais ser amplamente rejeitada, se não em palavras, certamente em atos, de forma que é mais conveniente atacar essa teoria para justificar a existência de seu trabalho (o autor do artigo, trustee de um fundo, certamente não se encaixa nessa categoria).

Muitos dos problemas com a análise da HME derivam não tanto do entendimento do que a teoria implica, e sim da incompreensão do que ela não implica. A seção mais longa do artigo é justamente sobre isso.

HME não implica que ninguém deveria atuar com base em informação, da mesma forma que o modelo de mercado competitivamente perfeito não implica que ninguém deveria atuar em um mercado perfeitamente competitivo (cabeleireiros ou bancas de jornal, por exemplo). HME diz mais respeito ao resultado e menos às ações que levam a esse resultado.

Também, a HME não deveria prever essa ou outra crise qualquer. Ao contrário: a HME afirma que as crises são imprevisíveis. Se a crise fosse previsível, os preços não conteriam eficiência na incorporação de informações. E é necessário não se deixar enganar pelos profetas dessa crise, ou das crises pretéritas ou futuras: não basta dizer que algo acontecerá, e sim quando acontecerá e ganhar dinheiro com base nessa análise, e não vendendo consultoria no pós-fama.

Outra observação que se fez (George Soros) é que a quebra de uma instituição financeira como o Lehman Brothers invalida a HME. Ao contrário, a valida: sob uma condição de lucro anormal zero, alavancagem e exposição ao risco levarão qualquer um para a falência.

Também, a HME nada diz sobre a distribuição de retornos, de forma que, se suposições desse tipo puderem ser consideradas como culpadas pela crise, a HME nada tem a ver com isso. Por fim, não faz muito sentido dizer que os reguladores foram induzidos ao erro pela HME. Ao contrário, se realmente levassem em consideração, teriam se atentado para possíveis fraudes e falhas de mercado (nada a ver com HME) que borbulharam nesses últimos dois anos. Em um mercado com eficiência na incorporação de informações, um investidor nunca conseguiria um retorno estável e elevado por diversos anos: se “acreditassem” na HME, o Madoff teria sido pego há muito tempo. Também, os reguladores teriam se perguntado sobre como os pivôs da crise (Citigroup, AIG, Fannie Mae etc.) vinham conseguido ganhar tanto dinheiro, se os mercados são eficientes. Não parece que os reguladores confiavam muito na HME, como todos os demais.

Logo, não parece haver uma relação entre crise e HME. Não que essa teoria seja pefeita. Ao contrário, tem limitações. Essa não é uma declaração bombástica, nova ou revolucionária. A HME tem limitações e falhas como toda e qualquer teoria. Não consegue oferecer todas as respostas para o que se propõe estudar. Existem anomalias extensivamente estudadas desde 1965 (momento, padrões sazonais, previsibilidade de retornos etc.). HME não leva em conta os padrões de retorno, liquidez, custos de transação, impostos, processamento de informações, expectativas heterogêneas... e muitos outros fatores. Porém, continua útil para entender e explicar uma série de eventos no mercado. Ainda, as próprias anomalias apontadas têm suas próprias anomalias: um teste sobre a eficiência da HME é um misto de erros no mercado, na teoria e na metodologia de pesquisa.

O autor termina com uma análise sobre Finanças Comportamentais, que apontam diversas anomalias nos modelos usados para entender Finanças, inclusive HME. Juntando comentários meus, é possível dizer que Finanças Comportamentais não é uma teoria separada das finanças, digamos, tradicionais, e sim, parte dela. O autor diz ter procurado extensivamente e não encontrado uma referência sequer a uma anomalia das Finanças Comportamentais. Isso poderia implicar que esse corpo de conhecimento é perfeito e explica tudo o que se propõe a explicar. Ou que seja o que se afirmou há pouco, uma parte componente das Finanças, não uma substituta. A contribuição da escola comportamental (na Economia e em Finanças) é incremental, melhora o nosso entendimento gradualmente, mas não substitui necessariamente as teorias existentes. Fatores comportamentais já são considerados pelos pesquisados – ver, por exemplo, comentários de artigos sobre o investidor pessoa física.

Para finalizar, na minha opinião, a maior contribuição da HME seria dar humildade aos participantes do mercado. Oferece um muro de pedra a todos os que pensam em uma idéia nova ou revolucionária de ganhar dinheiro no mercado. O mercado financeiro é extremamente competitivo e necessita de algum tipo de vantagem competitiva legal para gerar lucros anormais. Não é com informações públicas e com regrinhas de investimento que se conseguirá isso.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Mercados

Três conceitos que, não obstante serem distintos, têm interpretações parecidas, não raro são confundidos como iguais e que geram o mesmo tipo de atitude: mercados eficientes, mercados racionais e mercados perfeitos.

Todas as pessoas respondem, explícita ou implicitamente, a seguinte questão análoga para os três casos:

A afirmação de que os mercados são eficientes/racionais/perfeitos:
a) É verdadeira, felizmente.
b) É verdadeira, infelizmente.
c) É falsa, infelizmente.
d) É falsa, felizmente.
e) Não tenho condições de responder.

Muitas pessoas que se julgam bem intencionadas poderiam responder as alternativas b e d. Cada uma dessas respostas transparecem certa atitude: a primeira um inconformismo com o “sistema” e a segunda uma idéia de ser novo e revolucionário e que 200 anos de Economia mudaram em 1 ano. Para muitos desses, entretanto, a resposta deveria ser a letra e.

A ideologia geral das respostas b e d é uma visão “contrária ao mercado”, “contrária à ganância”, pelo “bem-estar da coletividade global”, ou seja, contrária ao que é associado às grandes empresas capitalistas de forma que esse epíteto seja um palavrão. Que se pense assim vai de cada um. O que acontece, entretanto, é que as respostas b e d acabam por favorecer a ganância e o famoso “ganho de poucos e perda de muitos”.

Em mercados acionários ineficientes informacionalmente, existirão investidores desinformados que irão pagar preços maiores ou vender a preços menores do que deveriam, de forma que investidores “predadores” terão lucros acima do custo de capital. Em mercados irracionais, agentes econômicos irracionais farão mau negócios (de outra forma, o certo seria agir da forma considerada irracional) e os “frios e racionais” irão fazer bons negócios em cima deles. Em mercados imperfeitos, empresas venderão bens ou serviços em menores quantidades a preços maiores (poder de mercado), ou um agente econômico mais informado irá ganhar em cima de agentes menos informados (assimetria de informações) e certos bens (bens públicos) podem deixar de serem oferecidos. Não parece haver “bondade no coração” alguma nesse estado de coisas.

Contrariamente, em mercados acionários com eficiência na incorporação de informações nos preços, os investidores não terão lucros ou perdas anormais, exceto em desvios aleatórios (para mais ou para menos) que irão se anular no longo prazo. Em mercados racionais, todos os agentes comprariam bens e serviços a um preço igual ou menor ao preço que consideram justos de outros agentes que venderiam a preços iguais ou maiores a preços que consideram justos. Em mercados perfeitos, há a maximização de quantidades vendidas e minimização de preços, de forma que o bem-estar coletivo é maximizado. Em mercados com perfeita incorporação de informações e perfeitamente competitivos, os lucros econômicos (acima do custo de capital) são zero, situação totalmente indesejável para um capitalista.

Logo, quem dá vivas à constatação de que o mercado não funciona ou lamenta que funcionem, defende interesse de “oportunistas”, “gananciosos” e “porcos capitalistas”. Defende que investidores desinformados percam, que pessoas sem grande conhecimento econômico percam (gente que compra por impulso ou que compra ações de forma aleatória, por exemplo) e que capitalistas extraiam excedente do consumidor. Em suma, que poucos ganhem muito e muitos ganhem pouco ou percam, quando o que seria desejável (para a sociedade como,um todo) é que poucos ganhassem (aleatoriamente) acima da média e poucos ganhassem abaixo da média (também aleatoriamente).

Na minha opinião, a resposta à pergunta inicial é a letra c. A justificativa para mercados eficientes está em outro texto; é impossível um consenso de que mercados sejam eficientes, porque o consenso destruiria a eficiência. Qualquer investidor pode entrar no mercado e qualquer consumidor pode gastar no que quiser, podendo agir de forma irracional contra o melhor interesse deles. Não havendo livre entrada e saída, havendo poucos compradores e/ou poucos vendedores, havendo assimetria de informações, entre outras condições, os mercados não podem ser perfeitamente competitivos. Dependendo de que lado estou dessas relações, posso achar isso maravilhoso. Pensando no geral, há de se lamentar que assim seja.

Por fim, uma citação de Oskar Lange (extraída do livro “Lucro Sujo”): “a competição obriga os empreendedores a agirem exatamente como teriam de agir se fossem gerentes de produção num sistema socialista”. Os resultados finais de uma economia socialista perfeita e uma economia capitalista perfeita deveriam ser muito parecidos, mas nunca chegamos nem a um sistema perfeito de mercado nem a um sistema de planejamento central perfeito.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Instrumentos financeiros com componentes de loteria esportiva

(Financial instruments with sports betting components: Marketing gimmick or a domain for behavioral finance?)
Journal of Banking and Finance, Vol. 33, Ed. 12, 2009
Wolfgang Breuer, Guido Hauten e Claudia Kreuz
http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=1081287

O artigo estuda instrumentos financeiros (não veículos de apostas convencionais oferecidos por casas de apostas) com características de loterias esportivas, mais especificamente, de produtos sobre a Copa do Mundo de 2006 na Alemanha. Um investidor poderia valer-se da Copa do Mundo para (tentar) ganhar dinheiro de duas maneiras: investindo em empresas que supostamente se beneficiariam da Copa ou apostar nos resultados dos times.

Os autores descartam o primeiro motivo. Por mais intuitivo que possa parecer, não há razões para se acreditar que investir em empresas que ganhariam com a Copa (construtoras, hotéis etc.). Que os mercados sejam informacionalmente ineficientes é uma coisa: que ignore um evento como a Copa do Mundo e deixe de incorporar esse evento nos preços requereria que os mercados fossem absolutamente idiotas.

Mas essa não é a principal questão do texto, e sim os instrumentos de apostas nos resultados dos jogos. Os autores fazem hipóteses sobre a conveniência desses instrumentos para os investidores. Uma potencial vantagem não seria diminuir o risco de carteiras, já que não há correlação entre os retornos de outros ativos, além do próprio instrumento de aposta ter muito de risco não diversificável (como um investidor poderia diminuir, legalmente, a chance de um time perder?).

Os instrumentos financeiros de apostas funcionam da seguinte maneira geral: são depósitos remunerados que pagam taxas abaixo das oferecidas por depósitos com características similares (mesmo prazo, mesmo montante). Mas, além dessa taxa, há um bônus na contingência de um resultado esportivo (a seleção alemã ganhar um jogo ou a Copa ou ser eliminadas nas Oitavas, por exemplo). Um exemplo é Sparkassen-KickTipp (SKT), em duas versões: Na versão A (“patriótica”, digamos) o investidor ganha 2,5% a.a. se a Alemanha ganhar a Copa e na versão B o investidor ganha 2,5% a.a. se a Alemanha for eliminada na fase de grupos. O investidor receberá com certeza 1,5% (se a Alemanha cair na fase de grupos na versão A e se for campeã na versão B).

Na época, o banco oferecia remuneração para depósitos no mesmo período uma taxa de 1,90% (5.000 €) ou 2,15% (acima de 10.000€). A média das taxas na época era de 2,29%. Ao invés de aplicar nesse instrumento, o investidor poderia aplicar um pouco menos do que 10.000€ à taxa de 1,90% e conseguir o mesmo rendimento sem risco do SKT (1,5%), ainda apostando em casas de apostas nos mesmos resultados que um SKT aposta. Na análise dos autores, replicar o SKT do tipo A custa menos do que 10.000 € (9.995,59 €) e , portanto, é preferível replicar do que comprar o SKT. À taxa de 1,90%, o SKT do tipo B poderia ser preferível (replicar custa 10.007,6€), mas à taxa de quase 1,98% replicar seria preferível, de forma que o SKT não parece ser interessante como investimento.

Mesmo nessa situação, há alguns motivos para se investir nesse instrumento. Pode haver heterogeneidade de expectativas, o que permitiria que um investidor com maior capacidade de analisar as probabilidades de vitórias de um time tenha vantagem. Ou, que uma pessoa pense que tenha capacidade analítica superior e que pense ter vantagem sobre os demais. Sob essa condição, o investimento pode não parecer ser de retorno esperado baixo para esse investidor.

Outra explicação seria o comportamento de busca pelo risco. Um investidor pode gostar de correr risco porque os ganhos possíveis lhe parecem muito mais importantes do que as perdas, mesmo que o valor médio seja mais de perda do que de ganho

Uma terceira explicação seria a de que a aposta gera outras utilidades além do dinheiro. O investidor poderia compensar “perdas” futebolísticas com ganhos monetários ou compensar perdas monetárias com “ganhos” futebolísticos.

Ainda, há um viés conhecido como framing hedônico: as pessoas contabilizam perdas e ganhos de maneira diferente, valorizando mais os ganhos do que as perdas. Dessa forma, os investidores podem encarar o SKT como um ganho certo de 1,5%a.a. com possibilidade de bônus, enquanto que a estratégia replicante é um ganho certo de 1,5% a.a. com possibilidade de perdas nas apostas. Na estratégia replicante, se a Alemanha caísse na fase de grupos, o investidor teria 10.150€ nas duas alternativas, mas sentiria que perderia o dinheiro da aposta, embora já tivesse pago as apostas (34,84€ no STK A). Assim, investir no STK poderia parecer mais vantajoso (embora não seja).

Um viés que torna o produto menos atraente é a ilusão de controle. Uma vez feito o investimento pelo produto, o investidor já não tem mais controle. Apostando de acordo com as probabilidades estimadas pelo investidor na hora da aposta dão ao investidor/apostador uma ilusão de controle. Certo ou errado, esse ganho de flexibilidade faz com que o apostador preferira apostar diretamente do que pelo SKT.

Isso é o que a teoria existente (incluindo contribuições comportamentais) pode nos dizer sobre esse assunto. Para melhor compreendê-lo, fez-se uma pesquisa com 385 alunos que tiveram a disciplina de “Orçamento de Capital”, uma das mais básicas de Finanças na RWTH Aachen University (de forma que os alunos não tenham grandes conhecimentos de Finanças). Agora o estudo é feito em cima da primeira divisão Alemã (Bundesliga). São feitos diversos testes sobre a atratividade de instrumentos financeiros de apostas, alguns com probabilidades dadas pelo teste e outras que requerem que os alunos estimem as probabilidades.

As hipóteses de framing hedônico, comportamento de busca pelo risco e ganho de flexibilidade foram rejeitadas. Os estudos corroboraram parcialmente a hipótese de utilidade não-monetária, totalmente a de heterogeneidade de expectativas com aversão à ambigüidade e a de que o banco pode lucrar com a venda desses produtos.

Apesar dos resultados levarem a conclusão de que, na média, os investidores não serão atraídos por esses instrumentos às taxas oferecidas (inferiores a uma taxa de risco menor), ainda assim os bancos podem oferecer os produtos lucrativamente. Há suficiente número de investidores amantes ao risco para que o banco ofereça o produto e atraia clientes. Ou seja, a atratividade está na diversidade dos clientes, não em sua média.

Porém, apesar dessas hipóteses confirmadas, os resultados não são muito auspiciosos para esses produtos. Em cada hipótese confirmada, há o porém de que apostar com bookmakers pode ser mais vantajoso para o cliente. Na verdade, o SKT e outros instrumentos estão “presos no meio”: não oferecem a segurança da renda fixa, o retorno esperado superior ao da renda fixa das ações ou a diversão das apostas. Isso conduz à conclusão dos autores de que esses produtos são mais marketing gimmick (ou seja, diferente e notável, mas inútil) do que um bom produto de investimento.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Mensais: Bovespa (Dezembro/2009)

Índices Brasileiros
Índice; 60 meses; Ano; 12 meses
Ibovespa; 166,81%; 78,55%; 83,20%
IBX 50; 190,54%; 70,63%; 77,61%
IBX; 194,25%¨; 69,90%; 76,04%
ISE; -; 55,11%; 50,90%
ITEL; 70,23%; 49,41%; 42,71%
IEE;234,29%; 49,45%; 44,77%
INDX; 112,39%; 79,65%; 87,75%
IVBX2; 89,79%; 57,67%; 53,87%
IGC; 184,05%; 75,79%; 77,18%
ITAG; 193,13%; 77,33%; 77,93%
Small Cap; -; 126,77%; 135,37%
Middle Cap; -; 66,96%; 72,76%
Consumo; -; 82,33%; 77,17%
Imobiliário; -; 205,21%; 242,95%

Ibovespa:
Maiores altas (2009):
MMXM3: 346,21%
RSID3: 296,65%
GFSA3: 179,80%
CYRE3: 172,19%
GOLL4: 150,19%

Maiores altas (12 meses)
RSID3: 335,86%
MMXM3: 282,66%
GFSA3: 235,05%
CYRE3: 219,40%
LREN3: 194,46%

Maiores baixas (2009)
EMBR3: -0,79%
FIBR3: -0,44%

Maiores baixas (12 meses):
BRTO3: -48,47%

Amostra de 162 ações:
Maiores altas em 5 anos

TELB4 : 1.428,11%
JFEN3 : 1.371,81%
CYRE3 : 1.256,18%
FBMC4 : 1.020,41%
BGIP4 : 931,54%

Maiores baixas 5 anos
(essa seção estava errada. Modificado em 31/12/2009)

Maiores sequências (161 ações)
Alta: JFEN3 (10 meses, incluindo variação nula)
Baixa: CGAS5 (6 meses)

Datas importantes e/ou curiosas:
9/12: 16 anos de fundação da Cyrela Realty
10/12: 45 anos de fundação do Banco Regional de Brasília
13/12: 95 anos de fundação da Saraiva
16/12: 11 anos de fundação do JBS
19/12: 50 anos de fundação da Alfa Holding
29/12:20 anos do topo histórico do Nikkei 225 (38.957 pontos). Fechou o mês passado em 10.034
30/12: 66 anos de fundação do Banco Itaú (segundo site de RI)

Fontes:
Bovespa.com
Planeta Dinheiro (www.pladin.com.br)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Mensais: Índices Internacionais (Nov/09)

Maiores altas (mês)
Bangladesh: 30,22%
Macedônia: 12,76%
Cazaquistão: 9,31%
Brasil: 8,93%
Jamaica: 8,47%

Ibovespa: 4º lugar (maior alta – maior baixa)
Altas 57/98

Maiores altas (ano)
Rússia: 117,59%
Cazaquistão: 108,86%
Peru: 100,45%
Argentina: 98,88%
Sri Lanka: 93,84%

Ibovespa: 7ª maior alta
Altas: 79/98

Maiores altas (12 meses)
Argentina: 116,02%
Rússia: 108,91%
Ucrânia: 105,28%
Indonésia: 94,58%
Cazaquistão: 91,43%

Ibovespa: 8º (Maior Alta – Maior Baixa)
Altas: 74/97

Maiores altas (Dez/04)
Mongólia: 949,94%
Malawi: 780,76%
Cazaquistão: 761,63%
Montenegro: 465,53%
Peru: 280,80%

Ibovespa: 10ª maior alta
Altas: 64/90

Maiores baixas (mês)
Chipre: -17,12%
Egito: -15,76%
Grécia: -15,74%
Sérvia: -15,50%
Mongólia: -15,27%

Maiores baixas (ano)
Bermudas: -38,54%
Costa Rica: -38,16%
Nigéria: -33,19%
Nepal: -23,96%
Moldava: -22,61%

Maiores baixas (12 meses)
Islândia: -47,83%
Bermudas: -40,37%
Nigéria: -36,38%
Costa Rica: -33,57%
Nepal: -29,55%

Maiores baixas (5 anos)
Islândia: -85,10%
Irlanda: -54,70%
Bermudas: -34,54%
Letônia: -31,65%
Itália: -29,04%

Maiores sequências:
Altas: Israel(9).
Baixas: Ilhas Fiji (5)

Desvio-padrão (mensal)
S&P 500: 4,57%
Brasil: 7,36%
Rússia: 11,35%
Índia: 8,64%
China: 10,52%

Fontes: http://rapidshare.com/files/315520183/Descricao_Indices.xls

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Mensais: IPO (Dezembro/09)

Serão consideradas as ofertas:
* Ocorridas a menos de 5 anos
* Que sejam realmente ofertas públicas iniciais
* Que ainda sejam negociadas, excluídas as que foram incorporadas por outras empresas.
* A Tivit, a Cetip e a Direcional, que abriram capital muito recentemente, foram excluídas.

Taxa a.m. Retorno desde o primeiro dia de negociações expresso em meses.
IBOV a.m. Retorno do Ibovespa desde o primeiro dia de negociações do ativo
Ganho s/ Ibov: Taxa a.m. – IBOV a.m.

5 maiores altas relativas ao Ibovespa
Empresa; Taxa a.m.; IBOV a.m.; Ganho s/ IBOV
Hypermarcas; 4,19%; 0,17%; 4,02%.
GVT Holding: 3,47%; 1,17%; 2,30%
Sul América: 2,08%; 0,29%; 1,79%
OGX Petróleo; 1,58%; -0,01%; 1,59%
Localiza: 3,35%; 1,93%; 1,42%

5 maiores baixas relativas ao Ibovespa
Empresa; Taxa a.m.; IBOV a.m.; Ganho s/ IBOV
Laep: -9,70%; 0,11%; -9,81%
Agrenco: -8,34%; 0,30%; -8,63%
Ecodiesel: -5,66%; 1,33%; -6,99%
Inpar: -5,27%; 0,87%; -6,14%
Springs; -4,94%; 0,86%; -5,80%

19/102 ações estão com ganhos relativos (18,63%)
39/102 ações estão com ganhos absolutos (38,24%)