Algumas análises simples sobre os resultados do segundo trimestre de 2009.
Números: Do grupo de empresas que apresentaram resultados nesse trimestre e evitando duplas contagens (Gerdau e Metalúrgica Gerdau, por exemplo), a receita no primeiro semestre de 2009 em comparação com o mesmo período de 2008 cai 1,47% e o lucro cai 23,58%. A rentabilidade sobre o patrimônio líquido das empresas que apresentaram balanço em 2009 e evitando duplas contagens é de 11,49%.
Excluindo Petrobras e Vale, a receita líquida cresce 5,84% e o lucro cai apenas 14,9%. Essa conta serve para tentar mostrar um comportamento mais típico das empresas, já que só essas duas representam 26,04% da receita e 40,87% do lucro do total da amostra.
Números (II): Do grupo com 322 empresas que são cotadas em bolsa (inclui duplas contagens), o P/L médio foi de 16,82 e o P/VPA de 1,90.
Bancos (I): Dentre os bancos de capital aberto, as operações de crédito cresceram 1,88% (as operações do Sistema Financeiro Nacional cresceram 4,14%). Para se chegar a esse número, é necessário considerar a carteira de crédito do Itaú Unibanco como R$221.071 milhões ao final de 2008, unindo Itaú e Unibanco. Os bancos públicos aumentaram as operações em 14,86% e os bancos privados diminuíram em 3,85%.
Usando dados ajustados em alguns casos, o lucro dos bancos privados caiu 3,57% e dos bancos públicos 9,3%. Retirando a Nossa Caixa da amostra, a queda do lucro dos bancos públicos é de apenas 2,47%. Parte desses resultados é explicado pelas maiores provisões para devedores duvidosos feitas pelos bancos privados.
Bancos (II): O Banco do Brasil voltou a ser o maior banco por valor dos ativos totais. Afora o valor sentimental que isso possa ter para o Banco do Brasil e para o governo, isso não significa nada. O Itaú Unibanco ainda é um pouco menos do que duas vezes maior e, com a recente alta das ações do Santander, o Banco do Brasil sequer é o terceiro maior banco por valor de mercado.
Petrobras e Vale: A receita líquida e o lucro líquido da Petrobras caíram 15,17% e 20,08% respectivamente na comparação semestre a semestre. Para a Vale, os números são de queda 27,27% e 58,35% para receita e lucro. De 2003 a 2007 (ou seja, antes da fase mais séria da crise), a receita líquida da Vale cresceu a uma taxa anual de 35,10% e o lucro 45,13%. Para a Petrobras, esse mesmo período não foi tão bom por conta do ano de 2007, com aumento de receitas de 15,53% a.a. e de lucro de apenas 4,86%. Isso nada mais indica o que já se sabe, que essas empresas são altamente cíclicas.
Em 5 anos, os resultados das duas empresas ainda são bons, em termos de crescimento de receitas e lucro.
Siderúrgicas: As três grandes siderúrgicas (Gerdau, CSN e Usiminas) apresentaram quedas em receitas e em lucros na comparação semestral. Em 5 anos, todas apresentam queda no lucro (no caso da CSN, usando lucro ajustado, a alta em 5 anos é de apenas 1,46%, que em termos reais pode ser considerado uma queda).
Câmbio: Gol e Tam, Sadia e as empresas de papel e celulose, que tiveram prejuízos decorrentes da depreciação cambial, estão com lucros nos seis primeiros meses de 2009. Em 12 meses, ainda estão no prejuízo.
Apesar do lucro em 2009 que, por conseqüência, aumentaram o patrimônio líquido, o endividamento (Dívida/(Dívida + Patrimônio Líquido) de Sadia e Aracruz continua elevado, 94,53% para a primeira e 83,83% para a segunda.
Nem tudo é desgraça: Em geral, os resultados estão abaixo dos obtidos em 2008. Mas algumas empresas cresceram em 2009. A Ambev tem crescimento de receita em 2009 apenas um pouco abaixo da média desde 2004, mas a rentabilidade está superior (20,17% usando lucro ajustado). A receita líquida da Natura cresceu em 2009 tanto quanto vinha crescendo desde 2004 e o lucro subiu quase 40%. Visanet, Redecard, Net, Souza Cruz entre outras também tiveram resultados bons em 2009.
Resultados em baixa, ações em alta: Esse fenômeno não tem nada de estranho. Seria preciso uma análise profunda da qual não disponho para determinar quais fatores melhor explicam essa alta em 2009. Pode ser porque os resultados não vieram tão ruins quanto se esperava, a expectativa para os próximos anos pode ter melhorado, a aversão a risco diminuiu ou a queda em 2008 foi exagerada. Ainda, a alta em 2009 é que pode estar sendo exagerada. Sem uma análise melhor, só posso fazer essas conjecturas.
Visanet e Redecard: A relação P/L Visanet sobre P/L Redecard está em 1,16. Em outro lugar, escrevi que, considerando apenas a diferença na distribuição de dividendos, essa relação deveria ser de 1,12 (distribuição de dividendos média em quatro anos) ou 1,21 (distribuição em 2008). Que a relação esteja entre as duas estimativas não significa que essa estimativa esteja correta.
MMX: Pelas prévias do Ibovespa, a MMX deverá entrar no Ibovespa a partir de Setembro.
Cosan: A Cosan mudou o ano fiscal que utiliza. Agora, o ano fiscal é encerrado em 31/03, sendo que antes era encerrado em 30/04. A principal dificuldade é comparar a demonstração de resultados dos últimos 12 meses (Julho de 2008 até Junho de 2009). Com os dados fornecidos, não foi possível fazer esse cálculo com exatidão. A solução que utilizei foi somar as contas do período entre Abril e Junho de 2009 com as contas do período entre Maio de 2008 e Março de 2009 e subtraindo dois terços da conta do período entre Maio e Julho de 2008 (restando apenas a terça referente a Julho de 2008).
Ausente: Alegando problemas operacionais, a Eletrobrás não divulgou os resultados do segundo trimestre.
Sorte: Uma pequena curiosidade: A Cedro Cachoeira está com lucro bruto nos últimos 12 meses de R$ 77.777 mil. No mínimo, significa sorte!
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Resultados trimestrais 2T 2009
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