(Animal foraging and investors’ portfolios: Why the similarity?)
Robert A. Olsen
Journal of Investing. Primavera 2009
O artigo traça um (perturbador) paralelo entre a busca por comida pelos animais e as decisões de investimento. Alguns dos comportamentos do investidor pessoa física aludidos no texto já foram tratados aqui.
Os animais demonstram aversão a perdas, preferindo os caminhos onde há menos risco de ter menos do que precisa e escolhendo caminhos de maior variância na distribuição de alimentos se os caminhos não oferecerem nutrientes suficientes. Os investidores também demonstram aversão a perdas, o que implica vender rápido demais investimentos que estão dando resultados positivos e mantendo maus investimentos. Os animais não diversificam muito suas opções, preferindo manter caminhos e alimentos mais familiares. Investidores pessoa física também demonstram uma tendência a uma baixa diversificação. Além disso, a busca por familiaridade leva os investidores e terem o “viés local”, preferindo ações de empresas localizadas próximas geograficamente a eles. Poderia ser mencionado também outro viés de familiaridade com trabalhadores dando preferência para empresas onde trabalham/vam. Por fim, sob as restrições da concorrência, os animais tendem a seguir estratégias de outros animais, assim como há o efeito manada para investidores.
O autor busca explicar essa similaridade de comportamento argumentando que o cérebro das pessoas, assim como dos animais, não foi “programado” para ser “otimizador”, e sim buscar um nível aceitável de satisfação com o menor esforço. Otimizar não é necessário para a sobrevivência e a evolução não favoreceu essa função. Ainda, em contextos complexos, ambíguos, incertos e com restrições de tempo (como é o caso da gestão de investimentos) os tomadores de decisão recorrem a “regras pétreas” para simplificar a tomada de decisões, muitas vezes fazendo escolhas que não são ótimas e nem sempre racionais.
Aversão a perdas é uma atitude natural, porém, que deixa o investidor em pior situação ao ganhar menos nos investimentos bem sucedidos e perder mais nos mal sucedidos. Baixa diversificação também é natural, mas deixa o investidor mais exposto a riscos que pode muito bem diminuir sem afetar seus rendimentos. Comportamento de manada e uso de regras simplificadoras para tomar decisões também são comportamentos naturais, mas pode acentuar os dois problemas anteriores e levar a decisões que o investidor não deveria tomar. É compreensível o comportamento do investidor semelhante ao dos animais procurando comida. Mas a humanidade pode mais, e se o investidor procura aumentar seus rendimentos restrito a um nível de risco (conforme recomendam as teorias clássicas de investimento), deveria procurar agir de uma forma diferente dos animais, agir de uma forma racional que o leve a uma situação melhor. Comportamentos irracionais e enviesados são naturais, compreensíveis, comuns, mas deixam as pessoas em pior situação (ou não se chamariam irracionais e enviesados).
Robert A. Olsen
Journal of Investing. Primavera 2009
O artigo traça um (perturbador) paralelo entre a busca por comida pelos animais e as decisões de investimento. Alguns dos comportamentos do investidor pessoa física aludidos no texto já foram tratados aqui.
Os animais demonstram aversão a perdas, preferindo os caminhos onde há menos risco de ter menos do que precisa e escolhendo caminhos de maior variância na distribuição de alimentos se os caminhos não oferecerem nutrientes suficientes. Os investidores também demonstram aversão a perdas, o que implica vender rápido demais investimentos que estão dando resultados positivos e mantendo maus investimentos. Os animais não diversificam muito suas opções, preferindo manter caminhos e alimentos mais familiares. Investidores pessoa física também demonstram uma tendência a uma baixa diversificação. Além disso, a busca por familiaridade leva os investidores e terem o “viés local”, preferindo ações de empresas localizadas próximas geograficamente a eles. Poderia ser mencionado também outro viés de familiaridade com trabalhadores dando preferência para empresas onde trabalham/vam. Por fim, sob as restrições da concorrência, os animais tendem a seguir estratégias de outros animais, assim como há o efeito manada para investidores.
O autor busca explicar essa similaridade de comportamento argumentando que o cérebro das pessoas, assim como dos animais, não foi “programado” para ser “otimizador”, e sim buscar um nível aceitável de satisfação com o menor esforço. Otimizar não é necessário para a sobrevivência e a evolução não favoreceu essa função. Ainda, em contextos complexos, ambíguos, incertos e com restrições de tempo (como é o caso da gestão de investimentos) os tomadores de decisão recorrem a “regras pétreas” para simplificar a tomada de decisões, muitas vezes fazendo escolhas que não são ótimas e nem sempre racionais.
Aversão a perdas é uma atitude natural, porém, que deixa o investidor em pior situação ao ganhar menos nos investimentos bem sucedidos e perder mais nos mal sucedidos. Baixa diversificação também é natural, mas deixa o investidor mais exposto a riscos que pode muito bem diminuir sem afetar seus rendimentos. Comportamento de manada e uso de regras simplificadoras para tomar decisões também são comportamentos naturais, mas pode acentuar os dois problemas anteriores e levar a decisões que o investidor não deveria tomar. É compreensível o comportamento do investidor semelhante ao dos animais procurando comida. Mas a humanidade pode mais, e se o investidor procura aumentar seus rendimentos restrito a um nível de risco (conforme recomendam as teorias clássicas de investimento), deveria procurar agir de uma forma diferente dos animais, agir de uma forma racional que o leve a uma situação melhor. Comportamentos irracionais e enviesados são naturais, compreensíveis, comuns, mas deixam as pessoas em pior situação (ou não se chamariam irracionais e enviesados).
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