A Saraiva passou a oferecer um serviço de aluguel e compra de filmes pela internet, batizado de Saraiva Digital. Esse serviço é novo no Brasil, mas empresas como a Apple (pelo iTunes) já oferecem em uma escala bem maior o serviço, oferecendo também download de MP3.
Essa iniciativa (mais as reportagens sobre o assunto) é interessante por alguns aspectos:
Cauda Longa: Chris Anderson escreveu um livro chamado Cauda Longa que mostra como a internet possibilitou que praticamente tudo pudesse ser disponibilizado para a venda sem grandes aumentos de custos. Como a reportagem da Exame colocou, uma locadora de porte médio consegue disponibilizar 4.000 filmes (unidades físicas, pelo que entendi), enquanto que apenas a Saraiva Digital pretende disponibilizar até o final do ano 10.000 filmes. A diferença é que as locadoras e lojas físicas têm problemas de espaço para a venda e a estocagem de produtos que o site de downloads não tem. Assim, o custo de adicionar um filme ao catálogo de uma locadora é maior do que o custo de se adicionar um filme no site (esse custo é praticamente nulo). Dessa forma, o site pode disponibilizar desde os lançamentos mais procurados (os hits) até aqueles filmes que podem gerar apenas meia dúzia de compras, se tanto (pense em algo como cinema mudo iraniano da década de 20). Também, não há a rivalidade pelo aluguel ou compra de um produto, já que uma pessoa alugar um filme pela internet não impede que outra também o faça, como não acontece com as locadoras e lojas físicas.
Obsolescência das empresas: Venda de download de filmes, música e livros afeta muito vários negócios tradicionais como gravadoras de CDs, editoras, locadoras e lojas físicas. Não quer dizer que as empresas que atualmente exploram esses negócios estejam fadadas a desaparecer. Isso só acontecerá se as empresas não se adaptarem às novas tecnologias e deixar que outras empresas ocupem o espaço que atualmente ocupam. A própria Saraiva, por exemplo, ao invés de tomar como uma ameaça às lojas físicas a venda de filmes pela internet, está explorando essa tecnologia como uma oportunidade. As livrarias estão desde há algum tempo investindo em melhorias no ambiente físico das lojas e em eventos para atraírem consumidores que poderiam, alternativamente, comprar pela internet.
Tecnologia disruptiva: Tecnologia disruptiva é um termo cunhado por Clayton Christenseen. Refere-se a inovações tecnológicas que oferecerem maior valor para o cliente com um benefício menor, mas com muito menor custo. O MP3 é um exemplo: como a reportagem da Exame colocou, a qualidade de som do MP3 é pior do que a do CD (que por sua vez é pior do que o LP), mas o custo do MP3 é bem menor. O custo aqui pode ser definido amplamente (todo sacrifício incorrido pelo consumidor), envolvendo o preço monetário e a inconveniência, já que comprar CD requer ou ir à loja ou pedir pela internet e esperar por algum tempo e ter um CD significa ocupar espaço físico, mais limitado do que o espaço digital.
No caso específico da Saraiva, isso ainda não se aplica já que há filmes mais caros comprando o download do que o DVD (ver aqui), não sei se é a maioria ou não.
Exame – A fantástica fábrica de downloads
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Saraiva Digital
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