segunda-feira, 4 de maio de 2009

Dívida (Pessoa Física).

Em 27 de Abril, o Valor Econômico publicou um artigo de Luiz Humberto Veiga, disponível no blog dele aqui com um complemento aqui. É um bom lembrete (ou ensinamento) sobre o que significa dívida para pessoa física e como as pessoas tomam decisões sobre endividamento.

Não se consome mais fazendo dívidas, consome-se mais no presente e menos no futuro, já que a pessoa terá que pagar juros, na soma consumindo-se menos. Dívida significa, como o artigo diz, trazer poder de consumo futuro para o presente. Os juros por empréstimos podem ser entendidos como o custo da ansiedade, na definição do autor, e os juros recebidos em aplicações (pense principalmente em renda fixa) como a recompensa pela procrastinação do consumo.

A decisão de se endividar leva em conta os benefícios e os custos de se fazer isso. O benefício que a dívida traz é o prazer, por assim dizer, de consumir mais no presente do que seria possível apenas com o que está disponível. O custo explícito é o juro pago, mas há o custo implícito de perda de oportunidade de poupar. A pessoa irá tomar emprestado se tiver uma forte preferência por consumo presente e irá poupar se tiver uma forte preferência por consumo futuro. Isso tem a ver com o perfil da pessoa e de sua situação financeira.

Mais tecnicamente, pensando em uma situação de dois períodos (hoje e daqui a um ano), a pessoa recebendo $100 em cada período. Se não houvesse mercados de capitais, a pessoa poderia consumir no período 1 no máximo 100 e no período 2 no máximo 200 (isso é representado pela linha vermelha no gráfico). Com mercados de capitais (demais linhas), com juros de aplicação de 6% e três diferentes taxas de empréstimos:
O eixo x é o consumo no período 1 e o eixo y é o consumo no período 2. A linha azul antes de 100 nos dois eixos é comum aos três casos.

Nota-se claramente que é menos atrativo se endividar quando as taxas de juros são maiores. Os máximos consumos no primeiro período são 189, 155 e 125 com taxas de 12%, 80% e 290%.

Aumentar a taxa de aplicação torna mais atrativo poupar, já que aumenta o máximo consumo no segundo período. A diferença entre a linha com e sem mercados de capitais vai aumentando.


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