No
blog da Apogeo, eu escrevi sobre o que se está chamando de Cinco
Frágeis, termo cunhado em um relatório do Morgan Stanley e que parece que
colou tanto que o FMI e o Federal Reserve começaram a utilizar. E aí que vem
o problema. A inclusão do Brasil entre grupos de “frágeis” por parte de órgãos
estrangeiros tão importantes suscitaram reações no governo brasileiro.
Não
estou familiarizado com o que o Fed falou sobre o Brasil, mas, no relatório do
Morgan Stanley, tudo que era dito é que a situação de vários indicadores
brasileiros (em especial, contas externas, que pioraram em 2014) indicavam uma fragilidade externa
e que isso seria ruim para a moeda brasileira. E, de fato, o Real depreciou
fortemente em 2013, inclusive depois da data do relatório, agosto de 2013.
O
que muita gente deve ter confundido nessa história de o Brasil fazer parte dos
Cinco Frágeis é que isso tem um significado muito restrito. Não quer dizer, por
exemplo, que o Brasil é um dos países com maior probabilidade de dar calote,
por isso, nem adianta falar em dívida externa líquida negativa.
Armando
Castelar analisou a dita fragilidade brasileira e as reclamações
dos políticos sobre as declarações do Federal Reserve, que incluem ter ignorado fatores
como valor das reservas internacionais, déficit em conta corrente e crescimento
do PIB. O Fed, por sua vez, criou um indicador de vulnerabilidade que está
correlacionado com a depreciação cambial – justamente o foco da discussão sobre
fragilidade. Esse indicador é baseado em seis variáveis:
Saldo
em conta corrente como proporção do PIB
Dívida
bruta do setor público como proporção do PIB
Inflação
anual média nos últimos três anos
Variação
nos últimos cinco anos do crédito bancário ao setor privado como proporção do
PIB
Relação
entre dívida externa total e as exportações
Razão
entre as reservas internacionais e o PIB
E
como está o Brasil segundo esses indicadores? Castelar tentou reproduzir o
índice do Fed (já que não foram fornecidos maiores detalhes metodológicos) e
chegou à mesma conclusão do Federal Reserve, que o Brasil está entre os mais vulneráveis,
mesmo incluindo os indicadores que os políticos sugeriram que o Brasil está
bem. Para mais detalhes sobre os números, ver o texto do Castelar (aqui
o link novamente).
Nenhum comentário:
Postar um comentário