segunda-feira, 25 de abril de 2011

Santos e pecadores no mercado acionário

Sebastian Lobe e Christian Walkshäusl

SRI é a sigla em inglês para Social Responsible Investment, investimento socialmente responsável em empresas que adotem boas práticas de responsabilidade social e sustentabilidade. Do outro lado, estão as ações-pecadoras de empresas que atuam no Sexteto do Pecado: entretenimento adulto, bebidas alcoólicas, jogo, energia nuclear, fumo e armas. Há um bom número de fundos de investimento do primeiro tipo (aproximadamente 11% dos ativos em gestão nos Estados Unidos), o mesmo não podendo ser dito do segundo tipo (com exceções como os Vice Funds).

O artigo analisa o desempenho desses dois investimentos, as ações-santas sendo representadas por índices de SRI (como o ISE no Brasil) e as ações-pecadoras sendo representadas por índices criados pelos próprios autores contendo ações dos setores mencionados no parágrafo anterior. O período de análise é entre 1995 e 2007. As carteiras são analisadas por meio do índice de Sharpe (na verdade, a diferença entre o índice de Sharpe do índice e de seu benchmark), do CAPM e do modelo de quatro fatores (o modelo de três fatores mais ou fator Momentum de Carhart).

Quase todas as carteiras-pecadoras possuem alfas do CAPM e do modelo de quatro fatores não distinguíveis de zero e índices de Sharpe não diferentes do que se esperava que fossem, a única exceção sendo ações da Austrália, a exceção não invalidando a regra geral que as ações-pecadoras não possuem desempenho superior. O mesmo ocorre com os índices de SRI, a regra geral sendo a de que índices de SRI não geram retornos ajustados ao risco superiores.

Para as ações-“santas”, apesar de não haver evidências de desempenho superior, também não há evidências de desempenho inferior, indicando que os investidores podem negligenciar ações que não tenham boas práticas socioambientais sem correr risco de sua carteira tenha um desempenho inferior. Ou seja, investimento politicamente correto não é economicamente incorreto em termos de diversificação.

Quanto às ações pecadoras, os resultados parecem contradizer os de um artigo anteriormente comentado aqui. O período de tempo desse outro artigo é maior, sendo utilizada a janela 1926-2006 e 1965-2006, enquanto que os autores utilizaram a janela 1995-2007 (e usar 1982-2007 não muda os resultados). Logo, pode não haver uma contradição, na medida em que talvez houvesse um maior número de investidores que não estavam dispostos a investir nessas ações, menos investimento de investidores institucionais e menor cobertura de analistas, de forma que no passado havia um retorno superior das ações pecadoras, mas mais recentemente (1982-2007) não há esse efeito. Para investidores contemporâneos, parece não haver um ganho em investir em ações-pecadoras. O retorno absoluto não é de todo mau, no entanto, e um investidor poderia correr mais risco investindo em ações-pecadoras que tipicamente possuem baixas relações Preço/Valor Patrimonial, segundo as análises do artigo.

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