terça-feira, 21 de julho de 2009

Oferta Pública do Santander Brasil

Notícia de capa do Valor Econômico de 21/07/09: Santander planeja fazer uma oferta de ações (a princípio, apenas primária) de sua subsidiária brasileira, que já tem ações em bolsa (desde o Banespa).

Essa operação possui vários pontos positivos para o Santander Brasil. O mais óbvio é que se capitaliza para crescer (expandir a carteira de crédito). Outro menos óbvio é que aumenta a liquidez das ações e com isso aumenta o valor da empresa (deixa de existir o prêmio por iliquidez). Apenas 1,59% das ações ordinárias e 2,65% das preferenciais estão em circulação. Não seria nada mal também mudarem a quantidade de ações, já que o preço está em centavos (R$0,16 em 20/07). A movimentação mínima de um centavo é um movimento de 6,25% (bid-ask spread), um elevado custo de transação que afeta o prêmio por iliquidez (na maioria dos estudos, o prêmio por iliquidez é definido pelo bid-ask spread).

Hoje (20/07/09), o Santander Brasil é a sétima maior companhia aberta por valor de mercado, por volta de R$ 52 bilhões. Não sei o porquê, mas o Santander não consta do BID (Boletim Informativo Diário) da BMF Bovespa, mas o valor de mercado é de R$ 52 bilhões, o que a coloca entre Banco do Brasil e Itaúsa. Pelo valor do Patrimônio Líquido, é a quarta maior empresa e por lucro líquido é a 14ª maior.

Enquanto escrevo, as ações são negociadas a R$0,22 (ON) e R$ 0,23 (PN), o que indica o sexto maior valor de mercado (aos preços de ontem, seria quinto, mas atualizando o valor da Ambev, esta continua como a quinta maior empresa). Ontem, era negociada a R$ 0,16 (tanto ON quanto PN), altas de 37,5% e 43,75% para ON e PN, respectivamente.

Uma rápida discussão sobre eficiência de mercado. Na revista Valor Investe desse mês (Jul/07), dentro de uma das reportagens havia uma rápida menção a essa possibilidade. Alguém poderia usar essa informação para negociar e comprar as ações antes. De 20/05 até 20/07, SANB4 subiu 23,84%, muito mais Itaú (8,54%) e Bradesco (3,53%). Pode-se entender que parte dessa informação (antes e depois da reportagem) foi incorporada nos preços e a confirmação do que até então era boato o restante foi incorporado hoje. Isso com alguma demora; demorou (SANB4) 10 minutos para o preço ir a R$ 0,18, e 49 minutos para chegar em R$ 0,23. Se o mercado para esse ativo fosse eficiente, a informação pública deveria ter sido incorporada nos preços logo na abertura, o que não aconteceu. Disso, não se conclui que o mercado seja ineficiente, e sim que o mercado para essa ação seja ineficiente. Com tão baixa liquidez e tão alto bid-ask spread, nada além do compreensível.

Por fim, rogo-vos: não chamem a oferta do Santander de IPO. O Santander Brasil já tem ações listadas e, portanto, apesar de estar sendo tratada como abertura de capital, como a notícia diz, deve ser tratada como uma oferta subseqüente. Também, rogo-vos que não chamem de OPA. Em outros casos, a confusão não é tão grande (não tem porque Hypermarcas ou MRV fazerem uma OPA de fechamento de capital), mas uma OPA de tão poucas ações em circulação do Santander seria compreensível. Esse não é um erro tolo: chamar isso de OPA é simplesmente inverter, dizer que o Santander está comprando, quando esta vendendo (Sobre essas nomenclaturas, ver aqui).

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