segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Outros Ativos/Passivos



Anteriormente, defendi a necessidade de se projetar o Balanço Patrimonial e considerar outras contas além de capital de giro, capital fixo e dívida.


Apesar de existir algumas contas patrimoniais que eu considero que devem ser projetadas, pelas razões expostas anteriormente, outras não mereceriam o mesmo tratamento. Para não elencar as razões para isso por exclusão, penso em três principais motivos que levam uma conta patrimonial a ter um tratamento simplificador na avaliação da empresa:

  • É de baixo valor 
  • É um valor que aumenta ou diminui sem tendência clara
  • É uma conta que não tem nenhuma ligação com outra que pudesse dar base para uma projeção
Lembrando rapidamente os motivos para projetar explicitamente uma conta patrimonial: Ela tem a ver com a atividade da empresa, é absurdo supor que vai sumir e impacta fluxo de caixa e resultados. De certa maneira, as duas listas são independentes exceto por mais um item da lista anterior: “possuem alguma base de previsibilidade”.

O principal exemplo de contas que deveriam ser endereçadas da maneira mais simples possível é Outros Ativos/Passivos, que seguem os três pontos mencionados anteriormente. Geralmente não são de valor elevado, principalmente se você considerar o valor líquido, variam trimestralmente sem nenhuma tendência clara de aumentarem, diminuírem ou zerarem e não parecem ter ligação com outra conta patrimonial ou de resultado. Como consequência, é difícil concluir que é uma conta necessária para a empresa ou que tenha uma relevante natureza econômica.

Porém, é uma conta chata já que nunca será zerada, ao final do período sempre tem ativos ou passivos irrelevantes sendo contabilizados. O que eu queria mesmo fazer é ignorar e dar valor zero a esses ativos e passivos, mas pensando que é ligeiramente melhor ter Outros Ativos do que Outros Passivos, acho melhor considerar essas contas, mas de maneira simplificadora. Um jeito é somar o valor contábil ao valor da empresa. Funciona perfeitamente considerando que queremos uma solução simplificadora. Porém, eu prefiro supor que a parte circulante será recebida/paga em quatro parcelas trimestrais e a parte não-circulante em oito. Não é muito diferente da primeira proposta, é tão simples quanto, mas funciona melhor nos meus modelos.

Outras contas patrimoniais possuem um padrão semelhante, como “Outros Tributos Diferidos”. Uma conta que eu geralmente incluo nesse padrão é o de Tributos a Recuperar/Pagar e aqui há uma discordância com relação ao ponto da natureza econômica. Anteriormente, argumentei que um ativo ou passivo deveria ser projetado se tivesse razão econômica relevante e fosse um absurdo simplesmente ignorar. Simplificar essa parte dos tributos significaria dizer que a empresa recuperaria ou pagaria os impostos imediatamente, o que não é o que acontece. Porém, o que se vê, na maior parte dos casos, é que essas contas são imprevisíveis, ainda mais considerando o valor líquido. As contas aumentam e diminuem sem nenhum padrão, seja temporal ao longo dos trimestres, seja em relação à atividade da empresa. Dessa maneira, não há uma base confiável para fazer projeções e, portanto, o melhor mesmo é simplificar.

Pode ser que em determinadas empresas haja um Tributos a Recuperar e/ou a Pagar mais previsível e que acompanhe a atividade da empresa. Nesse caso, é necessário projetar explicitamente como se fosse um capital de giro, já que teria as mesmas consequências negativas para o modelo de não se modelar o capital de giro, invertendo o sinal do impacto no valor. Se a empresa sempre tem um Imposto a Recuperar no ativo, isso é uma redução no caixa livre já que demora para a empresa recuperar impostos que lhe são devidos e simplesmente somar ao valor contábil iria aumentar ao invés de diminuir o valor da empresa.


Nos próximos textos, vou entrar em detalhes nas contas que sou da opinião de que deveriam ser projetadas explicitamente.

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