Um problema prático com o qual o investidor se depara é com a análise do desempenho histórico de sua carteira de investimentos. Esse problema é ainda maior quando possui aplicações em diversas instituições e quando faz novos aportes ou resgates em sua carteira.
Considere que o investidor esteja na situação
abaixo:
Suponha que a aplicação ou resgate seja feita
sempre no final do período, de forma que o valor inicial no período seguinte
seja o valor final do anterior, mais ou menos as aplicações ou resgates.
Uma primeira abordagem seria calcular o retorno no
período e acumular. Nesse caso:
Retorno Período 1: 110/100-1 = 10%
Retorno Período 2: 143/130-1 = 10%
Retorno Período 3: 148,35/138-1 = 7,50%
Retorno Período 4: 170,22625/158,35-1 = 7,50%
O retorno acumulado desses quatro anos é de 39,83%.
Outra abordagem poderia ser a da “cotização”, ou
seja, calcular o retorno de sua carteira como se fosse um fundo de
investimentos. Por exemplo:
O resultado final desse método é o cálculo da
rentabilidade através do cálculo da variação do valor da cota. Nesse caso:
1398,30625/1000 = 39,83%, que não coincidentemente bate com o resultado do
primeiro método.
Esses dois métodos mostram o desempenho médio da carteira. Há, porém, uma questão importante a
ser apontada nesses dois métodos equivalentes. Imagine que o investidor tivesse
investido $ 125 mil logo de início, sem fazer aportes ou resgates
intermediários. O resultado seria:
O rendimento período a período dessa carteira é o
mesmo e, por consequência, o retorno acumulado. Porém, o resultado final é
diferente, $ 174 mil contra $ 170 mil. É possível fazer uma série de alterações
à série inicial, modificando os aportes intermediários e os resgates. O retorno
através dos dois primeiros métodos vai ser sempre o mesmo, porém, o valor final
será diferente em cada método.
Isso acontece porque é importante a ordem em que ocorrem aplicações e
resgates. Eu já comentei anteriormente essa questão em dois
artigos (Retornos:
Comparando o incomparável e TIR
não é média). O cálculo da taxa interna de retorno (TIR) permite uma melhor
avaliação da evolução patrimonial do investidor.
Para o primeiro caso, a TIR é de 8,69% a.a. (39,58% em quatro anos) e para o
segundo é justamente de 39,83%.
Isso aconteceu porque o investidor investiu menos
pesadamente nos períodos de maior rentabilidade (os dois primeiros períodos) em
relação à situação de investimento único e ainda aumentou o investimento antes
de um período de rentabilidade baixa.
Dessa forma, a ordem em que aplicações e resgates
são feitas importa para o valor monetário final. A interpretação da TIR nesse
caso é que enquanto a acumulação de retornos mensais e a cotização (os dois
primeiros métodos) medem o desempenho dos
investimentos, a TIR mede a taxa de
retorno efetivamente obtida pelo investidor considerando fluxos de caixa
intermediários ou, como mencionei antes, a sua evolução patrimonial. Numericamente,
é como se $ 100 mil ficassem aplicados à taxa 8,69% a.a. por quatro períodos,
$20 mil ficaram aplicados pela mesma taxa por três períodos e por ai vai, só
ressalvando que isso não é linear na prática.
Resumindo tudo, o investidor deveria manter
registro de três coisas: o desempenho de suas aplicações (individualmente e no
agregado), as aplicações e resgates e o valor financeiro. Com o primeiro
registro, pode verificar a qualidade dos seus investimentos, com o segundo pode
calcular a TIR e ter uma ideia da taxa pela qual o seu patrimônio está sendo
rentabilizado e com o terceiro verificar como o seu patrimônio está evoluindo
em termos monetários.
Você tem alguma planilha que possibilite esse acompanhamento triplo que é sugerido no último parágrafo?
ResponderExcluirEu vou tentar preparar um modelo. A dificuldade prática é que deveria acompanhar os retornos diários preferência, para maior exatidão.
ExcluirOla,
ExcluirNao poderia colocar as tabelas acima na formula do Excel para nos ajudar por favor?
Grato.
Olá!! Uma planilha exemplificando os cálculos nos ajuda a entender melhor.
ExcluirEstou montando uma planilha no google sheets e estou com dificuldade de calcular o retorno da carteira. Obrigado
Consegue a planilha pra nós, por favor?
ResponderExcluirMil perdões, eu não pude dar atenção para esse assunto. Na verdade, fui fazer uma planilha e percebi que aportes ou taxas muito elevadas distorcem a TIR e fazem com que o a taxa de retorno pela TIR fique distorcida. Não encontrei solução para isso, mas posso disponibilizar uma planilha simples que calcule a TIR.
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