segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Curso IRPJ e CSLL na prática


A Fecap ministrou um curso chamado “IRPJ e CSLL na prática”. Tendo dúvidas sobre esse tema, participei do curso para ver se conseguia entender melhor esse tema.


O objetivo do curso é “conhecer de forma detalhada a apuração do Lucro Presumido e do Lucro Real”, focando mais no lucro real. A aula começa com uma explicação sobre o imposto de renda em geral, fala da norma mais recente (Decreto 9.580/18) depois passa para o cálculo do lucro real por meio do Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur) e do seu “irmão gêmeo”, O Livro de Apuração da Contribuição Social (Lacs). Explica sobre as adições e deduções, permanentes e temporárias, ao lucro contábil para criar a base de cálculo para o IR e a CSLL. Também explica sobre compensações de prejuízos fiscais e base negativa de CSLL. No último dos três dias de aula, há uma parte bastante prática com um exemplo no programa usado para a escrituração contábil, o SPED. O final dos dois primeiros dias é dedicado a resolução de exercícios propostos sobre os temas do dia.

Eu fui para esse curso com o objetivo de entender melhor o cálculo do IR e CSLL cobrados das empresas (basicamente, “por que a alíquota efetiva não é 34%?”) e também da contabilização de Tributos Diferidos, tudo isso para fins de valuation. Até, permitam o atestado de mau aluno, dispersei um pouco do conteúdo de aula para estudar em aula as contas que mais me causavam dúvidas nos balanços das empresas que já analisei, sentindo que a explicação me dava orientação para finalmente entender tais contas.

O primeiro tópico era exatamente o principal objetivo do curso e, após as aulas e enter como é feita a escrituração contábil, eu acho que passei a entender melhor do assunto para fins de projeção.

O segundo objetivo é uma situação interessante. Não era parte do curso explicar a contabilização de tributos diferidos, apenas a apuração da “parte B” do Lalur/Lacs que diz respeito às diferenças temporárias. Isso acaba resultando nos tributos diferidos, mas especificamente como é feita a contabilização em ativos ou passivos não era parte do programa. Mesmo assim, duas das principais dúvidas que eu tinha foram sanadas ao longo das aulas: diferença entre depreciação contábil e fiscal e prejuízos fiscais e base negativa de CSLL. Sobre o primeiro, acho que foi chave entender a apuração do Lalur/Lacs para compreender o mecanismo por trás dessa diferença tributária. O segundo foi tema do curso (apenas não a sua contabilização) e ter a aula presencial do tema me ajudou bastante a entender melhor esse assunto que eu até entendia o conceito básico, mas não conseguia partir disso para a projeção para fins de valuation.

No futuro (espero que breve) pretendo escrever mais um pouco sobre tributos diferidos (já escrevi um texto sobre isso no passado), especialmente sobre as duas dúvidas que eu tinha e não tenho mais: diferença entre depreciação fiscal e contábil e prejuízos fiscais e base negativa.

Não estou totalmente inteirado do assunto, mas pelo que vejo a Fecap oferece uma série de cursos de extensão durante as férias, não sei se apenas no começo do ano ou no meio também. O preço do curso de IR e CSLL foi de R$ 288 e atendeu as minhas expectativas. Eu tinha pesquisado curso semelhante em outra instituição a um preço 7 vezes maior e, embora a carga horária e abrangência programática do outro seja maior, acho que meu dinheiro foi muito bem investido neste curso, especialmente tendo sido eficaz em me ajudar com as dúvidas que tinha. Outros cursos da Fecap possuem preços na mesma faixa, então, talvez valha a pena conferir na próxima oportunidade para ver se eles estão oferecendo algo de interesse.

Informações
Local: Fecap (Av. da Liberdade, 532, São Paulo, SP)
Professor: Tiago Slavov
Preço (na época): R$ 288,00 (com desconto para alunos e ex-alunos da Fecap)
Carga horária: Aproximadamente 12h em três noites
Material: Formato digital

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Review: Workshop LinkedIn na prática


Eu participei do Workshop LinkedIn na prática de Cristiano Santos, um curso bem interessante com dicas práticas para melhorar o seu uso do LinkedIn.


O curso é muito útil para desmistificar vários conceitos sobre a rede social. Acho que o mais importante desses é que, apesar de ser uma rede profissional, não é esperado ou mesmo desejado que os participantes deixem de lado a parte pessoal quando está no LinkedIn. Claro que não é bom ir demais para o lado pessoal, há outras redes sociais para isso, mas o ponto principal é humanizar o profissional quando mostrando o seu perfil ou interagindo na rede social.

Outro ponto importante é que o LinkedIn NÃO É apenas, talvez nem principalmente, para procurar e divulgar vagas de trabalho. A rede seria um fracasso de outro modo, considerando que as pessoas não estão constantemente procurando emprego. Essa é uma rede social para troca de ideias e experiências profissionais, que não precisam ser necessariamente feitas com um profissionalismo rígido, mas sim de modo humanizado. Outras redes sociais também poderiam proporcionar isso, mas são anarquias tão gigantescas que as pessoas preferem não se expor muito nelas ou sequer delas participar. Sendo um ambiente muito mais civilizado, as pessoas se sentem mais confortáveis de participar do LinkedIn (conclusões minhas, o professor não chegou a fazer essa comparação). Eu, por exemplo, sigo todos os diretores da Aneel, RIs e presidentes de diversas empresas, repórteres, pessoas que poderia nunca ter contato de outra forma.

Ao longo do curso o professor vai passando diversas dicas práticas bem interessantes. Uma boa parte do curso é dedicada ao preenchimento completo do seu perfil. E uma coisa interessante, ligada com a ideia de trazer o lado pessoal para o profissional, está no preenchimento do Resumo. Esse espaço certamente serve para mostrar as qualificações e experiência do profissional, mas há uma grande abertura para acrescentar aspectos mais pessoais que ajudem as pessoas a entender quem você é, não apenas o que faz. Ao invés de um bloco de texto enumerando tudo o que o profissional fez ou estudou, informação disponível em outros campos, as pessoas querem ler um pouco da sua história e simplesmente se entediam se você só vai listando uma série de coisas. Acho que o ideal seria ligar o pessoal ao profissional quando mencionando temas mais particulares, mas são mostrados em aula vários casos reais de bons perfis que simplesmente citam gostos pessoais e até indicam o perfil no Instagram “para amenidades”. E esse é um aspecto interessante da aula, o professor mencionando perfis que ele acha que faz um bom trabalho na rede e recomendando seguir ou conectar.

O professor entende muito do assunto e tem uma didática incrível. No primeiro ponto, o SSI (uma nota de 0-100 para o seu perfil) dele é 80, sendo, ao que me parece, muito difícil ir muito além disso. 60 é considerada uma boa nota e, sem entregar a minha, eu ainda tenho um longo caminho até lá. No segundo ponto, o Cristiano é muito carismático, consegue dar uma dinâmica boa para a aula e oferece um atendimento personalizado na parte prática do curso quando temos que modificar o nosso perfil no LinkedIn em aula. A carga horária é de 8 horas e o investimento começa em R$ 299 (se você comprar o curso cedo), valor obviamente que pode mudar no futuro.

Em suma, é um excelente investimento a esse preço. Sigam o Cristiano Santos no LinkedIn para ter mais dicas e também saber a data dos próximos cursos. Vocês podem também mandar pedido de conexão para mim (https://www.linkedin.com/in/robertoushisima/)

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

John Bogle (1929-2019)

John Bogle em 1974

Tivemos hoje a infeliz notícia do falecimento de John Bogle, fundador da Vanguard e pai dos fundos indexados.


Por motivos diversos, estava pensando quem eram os cinco maiores nomes de Finanças e não tive dúvida em colocar Bogle como o número 1. Várias outras pessoas tiveram contribuições teóricas e práticas de extrema relevância, mas o fundo indexado é a maior invenção financeira dos últimos cinquenta anos, talvez até mais. Tim Harford em “Fifty Inventions That Shaped the Modern Economy” listou os fundos indexados como uma das cinquenta maiores invenções econômicas, para que não digam que exagero (para que, talvez, digam que não exagero sozinho). Essa é uma ideia que hoje parece simples e desinteressante, mas foi uma longa jornada descrita de forma resumida em um artigo (aqui resumido) e de forma mais longa em um livro (Stay the course, que ainda não li).

Como se essa não fosse contribuição suficiente para o avanço da indústria financeira (a contragosto da mesma), Bogle ainda participou ativamente do debate econômico escrevendo diversos livros e artigos, alguns inclusive comentados aqui. Apesar de sempre muito técnico, Bogle conseguia escrever de maneira bastante clara e pessoal, o que sempre facilita e enriquece a leitura.

Muito ainda pode ser comentado sobre a vida e a obra de John Bogle, mas deixo para outros fazerem. O primeiro obituário que tenho ciência foi publicado pela The Inquirer e é uma excelente leitura.

Descanse em paz, Jack.

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Textos do meu blog sobre Bogle:





Fonte da imagem