Desde o trabalho seminal de Harry Markowitz que o potencial de redução de risco proporcionado pela diversificação está bem estabelecido. Uma questão mais prática é: precisamos de quantas ações para obter uma carteira “bem diversificada”.
Em um já clássico artigo publicado no Journal of Financial and Quantitative
Analysis, Meir Statman analisou essa questão. A ideia básica da análise é
que diversificar tem um benefício e um custo marginal e o número ótimo de ações
é aquele que mais perto chega de igualar os dois.
Na parte do benefício, Statman comparou o retorno
de uma carteira com n ações com o retorno de uma carteira S&P 500
alavancada de forma a ter o mesmo risco da carteira de n ações, a diferença de
retornos (que favorece o S&P 500) sendo a medida de benefício da
diversificação.
Quanto aos custos, Statman precisou estimar os
custos de transação da referência dele (o Vanguard Index Trust) e de uma
hipotética carteira subdiversificada. No primeiro caso, a estimativa era de
0,49 pontos percentuais, sendo que hoje em dia esse custo deve ser muito menor
do que esse (a taxa de administração é de 0,05%). Statman presume que o custo
de se manter uma carteira menos diversificada é menor do que o de investir no
Vanguard, o que talvez fizesse sentido na época, mas hoje não me parece ser o
caso. A conclusão sobre o tamanho mínimo da carteira depende da estimativa dos
custos de transação.
O resultado da análise de Statman é a de que uma
carteira com por volta de 30 ações já providencia a diversificação necessária,
mas nem isso os investidores conseguem, tendo sido comprovado que os
investidores sistematicamente subdiversificam as suas carteiras. Statman
conclui o artigo com algumas sugestões sobre como fazer com que os investidores
mudem de comportamento, ideia que seria explorada em trabalhos futuros.
Considero a análise do artigo ultrapassada. O fundo
utilizado como referência possui um custo de transação muito menor do que o
apontado e provavelmente menor do que o de manter uma carteira com 30 ações.
Seria necessário realizar uma atualização dessa análise ou mesmo considerar que
investir em um fundo indexado é a melhor opção considerando apenas a variância
da carteira. Dessa foram, é errôneo citar esse artigo como referência para
afirmar que são necessárias apenas 30 ações para diversificar uma carteira em
termos de risco e retorno.
The
Journal of Financial and Quantitative Analysis, Vol. 22, Nº 3. 1987
Meir
Statman
Nenhum comentário:
Postar um comentário