terça-feira, 5 de março de 2013

Rápido e Devagar parte 1


Daniel Kahneman, principal estudioso do efeito de vieses comportamentais nas decisões, inclusive econômicas, descreve nesse livro duas formas de pensar: a rápida (que ele chamou de Sistema 2 no livro) e a devagar (Sistema 1).

O Sistema 2 é o mais analisado nos estudos a respeito de tomada de decisões e refere-se à decisão ponderada e analítico que demora mais tempo para realizada. Algo que Kahneman e seu grande colaborador, Amos Tversky, passaram a estudar foi o Sistema 1, as decisões intuitivas que as pessoas tomam e como essas decisões possuem uma série de vieses e são guiadas por heurísticas simplificadoras.

A conclusão que Kahneman e Tversky chegaram depois de muitas discussões foi a de que as pessoas (inclusive eles) não são estatísticos intuitivos. Um exemplo, fornecido pelo autor, é o seguinte: Ele descreve um rapaz como tímido e prestativo e depois pede para que as pessoas deduzam se ele é um bibliotecário ou um fazendeiro. Pela descrição, o primeiro impulso é pensar que ele é um bibliotecário, mas, como há muito mais fazendeiros do que bibliotecários, estatisticamente faz mais sentido supor que ele seja um fazendeiro. Mas o primeiro impulso é, naturalmente, supor que ele trabalhe em uma biblioteca.

Esse exemplo demonstra como o pensamento rápido pode ser enganoso. Mas há outro caso que mostra as vantagens do pensamento rápido, que foi o caso de um bombeiro que, após perceber alguns sinais, instintivamente mandou os seus colegas saírem de uma casa em chamas pouco antes do chão desabar. Sua experiência permitiu que ele percebesse que a origem do fogo era o porão e que o chão desabaria em breve. Mas isso não foi uma deliberação longa e racional, foi a intuição, moldada por anos de experiência, que permitiu que ele deduzisse a situação correta com um pequeno número de indícios.

O ponto, me parece, é que há algumas situações em que o pensamento deliberado e racional é melhor, enquanto que em outras a intuição pode fazer um trabalho muito mais adequado, o difícil é saber qual usar e como não deixar que os vieses da intuição (heurística da disponibilidade, heurística afetiva, enquadramento etc.) afetem o pensamento racional.

Ao longo do livro, Kahneman tratará dessa e de várias outras questões. Tratarei de cada um dos capítulos em textos futuros.

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