domingo, 24 de junho de 2012

A semana (18-24/06)

Finanças

Economia

Ministra quer mulheres em conselhos de empresas – “Equidade de gênero é considerada um fator fundamental para o desenvolvimento de uma economia sustentável” A reunião das melâncias está contaminada ainda pelos “doutores amebas”, que, convidados a falar sobre elefantes, falam um minuto de elefantes e aproveitam o ensejo para dedicar o resto do tempo às amebas que estão no corpo do animal. Bem que eu poderia ter ido palestrar sobre a importância dos blogs de Finanças na Sustentabilidade...






Controvérsia do Bolsa-Família e Criminalidade


Resposta de um dos autores do artigo


O Drukneynesian já fez o trabalho de resumir o debate que se seguiu na blogosfera, referenciando colocando diversas referências e aproveitou para dar a opinião dele. Alguns outros blogs voltaram ao assunto, especialmente Selva Brasilis e Cláudio Shikida, mas essa é uma coletânea bastante completa.

Frase da semana (e do debate): “Nunca brigue se o adversário estiver a mais de dois desvios de você em qualquer dimensão: conhecimento, ideologia, inteligência ou porte físico.” Leonardo Monastério.

A exemplo de grande parte dos envolvidos nessa discussão, eu não li o trabalho que originou a celeuma toda. O que posso dizer é que me parece que há algumas confusões nessa estória toda. Não me parece que os autores do artigo tenham apresentado o BF como a solução para todos os problemas e nem poderiam (o escopo do trabalho é limitado demais, com janela de tempo de 4 anos e com dados apenas de São Paulo), apenas apontam que, na margem, o programa pode ter um efeito benefício na criminalidade. Também não afirmaram que apenas isso explica a queda na criminalidade, havendo a possibilidade de outros fatores (como os apresentados por Azevedo) influenciarem a criminalidade e contrabalancearem o efeito do BF. E mesmo que se aponte o efeito negativo (em termos de sinal estatístico) do BF na criminalidade ainda há vasto espaço para críticas ao programa e para ser contra ele, já que sequer foi feita uma análise custo-benefício da medida. Que fique claro que essas são mais impressões do debate do que do artigo, que não li e admito isso.

Liberdades Individuais
MP derruba acordo sobre proibição de sacolinhas em SP – Os supermercados deixarem de distribuir sacolinhas plásticas é uma estupidez, mas obrigá-las a distribuir é pior. Não deveria ter lei nem proibindo nem exigindo, IMHO.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Aposta de Pascal


Em editorial do Journal of Portfolio Management, Peter Bernstein fala da Aposta de Pascal: Deus existe ou não? Imagine que uma pessoa considere as duas hipóteses possíveis (não tenha nenhuma firme inclinação para uma ou outra): deve agir como se existisse ou como se não existisse. Se existir e você agir como se existisse, estará eternamente salvo; se existir e você agir como se não existisse, estará eternamente danado. Se não existir e você agir como se existisse, no fim tudo dará na mesma, mas certamente uma vida levada na suposição de que não existe será mais proveitosa. Algo semelhante ocorre com eficiência de mercado: Mercados são eficientes ou não? Se não forem e você agir como se fossem, irá ganhar os retornos de mercado, o que não é uma perspectiva tão ruim; se agir como se não fosse, ganhará mais dinheiro do que se agisse como se fossem. Caso os mercados seja mesmo eficientes e você agir como se fossem, irá ganhar os retornos de mercado e se agir como se não fossem irá perder dinheiro. Logo, agir na suposição de que os mercados sejam eficientes é prudente, o pior que pode ocorrer é obter os mesmos retornos do mercado, um pouco menos por conta dos custos, mas não tanto menos quanto na gestão ativa. 

Fonte da imagem: Blaise Pascal, retrato anônimo, século XVII via Wikipédia.

Hipótese do ciclo de vida de Modigliani

(Franco Modigliani and the Life Cycle Theory of Consumption)
Angus Deaton. 2005

Mais conhecido pelos teoremas de irrelevância da estrutura de capital e da irrelevância da política de dividendos, Franco Modigliani não ganhou o Nobel apenas por essas suas contribuições, e talvez nem principalmente por isso (ou Merton Miller teria ganho o Nobel junto com Modigliani, e não em 1990 junto com Sharpe e Markowitz), e sim pela hipótese do ciclo de vida (vamos abreviar como HCV). A teoria desenvolvida inicialmente em Modigliani e Brumberg (1954) é bastante simples: as pessoas poupam nas fases inciais da vida para suavizar o consumo ao longo do ciclo de vida e ter dinheiro para manter o padrão de vida na aposentadoria. Como argumenta Angus Deaton, apesar de simples, essa ideia resulta em diversos desdobramentos não triviais, como a explicação das taxas de poupança e como variam de acordo com variáveis demográficas e econômicas.

Deaton começa o texto mostrando como a HCV não é tão trivial e óbvia quanto parece a sua formulação. Uma implicação da HCV é que quando as pessoas se aposentam elas vendem seus ativos, que devem ser comprados pelos mais jovens, que ainda estão na fase de acumulação. Outro fator a ser considerado é o crescimento, tanto da população quanto das rendas. O crescimento populacional indica que há mais jovens (acumulando patrimônio) do que velhos (desfazendo-se do patrimônio), gerando poupança líquida positiva. O mesmo ocorre se houver um aumento na renda. Se isso ocorrer, o mais importante não é o nível de renda, apenas a sua taxa de crescimento, já que novas riquezas serão criadas e não apenas passadas de geração para geração. E também haveria uma relação entre a riqueza e duração da aposentadoria, a razão entre patrimônio e renda devendo ser metade da duração média da aposentadoria (não sei qual a fonte dessa informação de Deaton).

Diversas teorias sobre consumo e poupança foram criadas, principalmente a partir da Teoria Geral de Keynes. Muitos trabalhos empíricos foram publicados gerando diversos fatos estilizados, mas faltava algo para juntar esses estudos. A HCV é consistente com a teoria da escolha do consumidor e resiste a diversos testes da época. Uma primeira crítica que poderia ser feita é que a taxa de poupança geralmente acompanha o crescimento de renda, de forma que pessoas com maior renda tendem a também poupar mais, contrariamente ao que seria de se esperar inicialmente. Porém, o que se observa é que parte do aumento de renda é transitório de forma que a maior taxa de poupança também é transitória. No nível macro, a taxa de poupança agregada deveria ser constante ao longo do tempo, mas variará de acordo com o ciclo de negócios.

Diversas críticas à HCV foram feitas ao longo do tempo. Das injustas, segundo Deaton, estão a de que essa é uma “teoria dos solteiros” (o fato da pessoa ter filhos não muda significativamente a teoria e a inclusão desse fator mais confunde do que explica) e que as pessoas deixam de considerar alguns rendimentos como “renda” nas pesquisas (o que na verdade cria um viés contra a HCV). Afora essas críticas imprecisas, outras foram formuladas. Incertezas quanto à longevidade e desejo por deixar um legado intencionalmente mudam a importância da HCV na explicação do comportamento das pessoas (mas não se sabe a magnitude dessa modificação). James Tobin imagina o cenário em que a pessoa suavizaria o consumo contraindo dívidas no começo e venderia ativos no final da vida, da forma que haveria consumo de poupança no começo e no fim do ciclo e talvez até haja relação negativa entre crescimento e taxa de poupança. Modigliani credita como pouco plausível esse comportamento.

A HCV gera várias previsões teóricas que precisam ser testadas com dados empíricos para se constatar a sua validade. Demorou para ser possível reunir dados suficientes sobre os países para testar as previsões da relação entre taxa de poupança, demografia e renda. Em artigo de 1992, Modigliani constatou a relação entre crescimento e demografia com a a taxa de poupança, com pouca influência do nível de renda. Testes foram feitos sobre a relação entre demografia e taxa de poupança, com evidências anômalas ao que seria de se esperar da HCV. Observa-se ainda relação entre crescimento e poupança, mas é difícil estabelecer causalidade. Precaução por conta da incerteza de rendas e taxas de retorno é outro motivo para investir além de preocupações com ciclo de vida traz maior complexidade para a questão, mas não chega a ser incoerente com a HCV e até é uma explicação adicional para o fato das pessoas não quererem suavizar o consumo aumentando o endividamento no começo da vida.

Outro desafio da HCV vem da Economia Comportamental. A primeira observação (extensível para outros assuntos), é que a Economia Comportamental encontra diversas anomalias em teorias alheias, mas de forma geral não consegue reunir seus achados em uma teoria unificada para explicar os fatos que procura examinar. Contribui enormente para o debate, mas não oferece um modelo alternativo (na maioria dos casos). Como escreve Deaton, economistas têm o receio de que se a maximização de utilidade for abandonada, então tudo será possível. Mais concretamente na HCV, a questão do desconto hiperbólico faz com que as pessoas prorroguem começar a poupar, contrariamente ao que a HCV prevê. Além disso, a HCV mostra o que as pessoas fariam se tivessem interessadas no seu bem-estar, mas nem sempre as pessoas agem da melhor maneira para seu próprio bem. Talvez a economia comportamental venha a comprovar que as pessoas não agem conforme o prescrito na HCV, mas, como em outros tópicos, isso só invalida a HCV como uma teoria positiva, mas não como teoria normativa.

Esse é um resumo do resumo das ideias de Modigliani para o que seria seu aniversário de 94 anos. Quem sabe no ano que vem faço algo melhor, sem atraso e sem improviso.
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Fonte da imagem: Umofomia via Wikiédia

domingo, 17 de junho de 2012

A semana (09-17/06)

Finanças

Artigos - XII Encontro Brasileiro de Finanças – Muitos artigos interessantes mesmo. Destacaria os relacionados com a liquidez das ações, tema que tratei há algumas semanas atrás.

Economia

Elinor Ostrom – Homenagem no Escolhas e Consequências





Comissão da Câmara aprova PNE com investimento de 8% do PIB em educação – “Apesar do aumento do índice para 8%, alguns deputados, como Ivan Valente (PSOL-SP), ainda defendem 10% do PIB para o setor” Quem será o progressista a pedir 15%? 20%? Por que não 50%? E por acaso a doutrinação está falha e precisa de mais dinheiro?

4G pode repetir precariedade do 3G – O que importa é a propaganda do governo como um promotor das telecomunicações do Brasil. Depois, é só botar a culpa nas empresas.








Liberdades Individuais


quarta-feira, 13 de junho de 2012

Economia em Pessoa


Há diversas abordagens para transmitir teoria econômica para um público mais amplo. Duas formas bastante comuns é simplificar à lá Freakonomics (e Lucro Sujo, resenhado aqui e aqui) ou relacionar com grandes escritores. Quatro livros lançados no Brasil (brasileiros ou tradução de edições estrangeiras) com participação de Gustavo Franco são: Economia em Pessoa, Shakespeare e a Economia, Dinheiro e Magia e a Economia em Machado de Assis. Como hoje é o aniversário de 124 anos de Fernando Pessoa, vou resenhar o livro sobre o poeta português.

O livro é uma série de 11 artigos (mais uma “entrevista” com o poeta) escritos por Fernando Pessoa ele mesmo (ou seja, sem utilizar um heterônimo) em sua maioria para a Revista de Comércio e Contabilidade, valendo-se da experiência dele em trabalho de escritório e empreendedor, já que ele não vivia (ou “subsistia”) apenas de sua poesia, assim como outros escritores hoje de renome. O que muitos biógrafos fazem notar é que não havia nenhum aspecto de “martírio” nessas atividades de “vida prática” de Pessoa e havia sim até um interesse lúdico pela atividade comercial. Apesar de escrever os artigos com o ortônimo, não se deve pensar que o “verdadeiro” Pessoa escreve esses artigos, porque, como dizem os especialistas em sua obra (categoria na qual não me incluo), não há tal coisa como um “verdadeiro” Pessoa. E tampouco podem ser categorizados como “fingidos” os textos, que não deixam de expressar opiniões sinceras e genuínas do poeta.

Gustavo Franco além de escrever a introdução do livro contribuiu com introduções para cada capítulo e, mais importante, nomeando cada um com um termo que não existia na época de Pessoa para ressaltar a sua atualidade. O primeiro capítulo, por exemplo, foi intitulado “Privatização” e trata de um artigo sobre o monopólio da extração de tabaco concedido a uma empresa privada. Nesse artigo, Pessoa discute três tipos de organização empresarial, a administração estatal, o monopólio privado ou o sistema de livre concorrência. Logo no começo, ele é categórico sobre o primeiro dos tipos: “a administração do Estado é o pior de todos os sistemas imagináveis para qualquer das três entidades [Estado, comércio & indústria e consumidores] com que essa administração implica: de todas as coisas ”organizadas”, é o Estado, em qualquer parte ou época, a mais mal organizada de todas”. Pessoa argumenta que o Estado corre o risco de arruinar a vida social espontânea ao invés de contribuir para seu melhor funcionamento, incluindo o funcionamento de setores econômicos importantes. Adicione-se a isso o tipo de trabalhador típico do serviço público (segundo Pessoa, incompetentes e desleixados). O governo prejudica a indústria com sua má administração e dessa forma prejudica a si mesmo, assim como o consumidor, mesmo quando a empresa é administrada para ser deficitária e “beneficiar” o consumidor (que também é pagador de impostos). Essa situação não muda se o estado conceder monopólio para uma empresa privada, que continuará a apresentar os mesmos problemas de falta de concorrência e de incentivos presentes na administração estatal, além de sua “artificialidade econômica”. A liberdade econômica, por sua vez, é natural, estimula a proficiência técnica e tendem a manter os preços e seu mínimo, porém, leva a um sistema instável e descoordenado. Embora alegue ter tentado ser o mais imparcial possível, a argumentação de Pessoa parece ser mais favorável ao regime de liberdade, apesar dos argumentos desfavoráveis, que na minha opinião são pouco convincentes, exceto talvez no que se refere à formação de monopólio e a sindicalização por conta da descoordenação e da instabilidade.

O segundo capítulo é intitulado “Globalização” ou “A evolução do comércio” pelas palavras de Pessoa, que classifica junto com a cultura como os traços distintivos das sociedades civilizadas, havendo relação de paralelismo e de causa e efeito entre esses dois fatores. Segundo Pessoa, “é no comércio que as relações materiais entre as sociedades atingem o seu máximo” e “é na cultura que as relações mentais entre os povos conseguem o seu auge”, de forma que uma sociedade com alto desenvolvimento material e mental será paralelamente altamente comercial e altamente cultural. A relação de causa e efeito se dá na medida em que a cultura precisa se abrir para o que lhe é alheio, ou seja, a novas culturas, e “tende para a universalidade”. E para se formarem contatos mentais, o meio mais seguro é formar contatos materiais por meio do comércio entre os povos (ou seja, globalização), contato pacífico e de longo prazo.

Em seguida, Pessoa trata da desregulamentação no capítulo três, escrevendo sobre as legislações que, já naquele tempo, atentavam contra as liberdades individuais, gerando problemas políticos, sociais e comerciais, este último sendo o foco do artigo. Pessoa analisa cinco legislações restritivas: 1) Legislações mercantilistas contra importações para não afetar o câmbio; 2) Proibição de produtos “de primeira necessidade”; 3) Tutela estatal sob o consumo, proibindo-se a venda de produtos “nocivos”, típico do “estado-babá”; 4) legislações que supostamente protegeriam os trabalhadores; 5) Legislação para proteger os industriais. O autor mostra como essas legislações prejudicam o comércio, causam distorções e ineficiência na economia e acabam por se voltar contra aqueles que deveriam beneficiar.

O marketing é o tema do quarto capítulo. É interessante a caracterização do comerciante como “servidor público” ou “de um público”, sempre preocupado em agradar a quem serve a fim de obter a sua recompensa (o lucro). Para melhor servir o consumidor, o comerciante deve estudá-lo a fim de saber como pensam e para pensar como eles, que é justamente o que se faz em Marketing, saindo-se do uso dessa palavra apenas para referir-se à publicidade de produtos. O estudo, segundo Pessoa, deve ser de três ordens: econômica (conhecer a aceitação do produto e comparar com a concorrência), psicológica (conhecer o potencial comprador para melhor se comunicar com ele, afora questão de preço) e social (conhecer as circunstâncias especiais de ordem social que afetariam os outros dois fatores).

O quinto capítulo trata de clusters empresariais antes de o termo existir, ou, nas palavras de Pessoa, “a conversão de pequena indústria em grande indústria pelo processo de agrupamento”. O texto é um projeto de concentração industrial idealizado por Pessoa para um empreendimento seu que acabou por não vingar. Na minha opinião, esse é um dos capítulo menos interessantes do livro (perdendo para o décimo).

“Pós-fordismo” é o sexto capítulo que trata do conceito de organização. Pessoa explica o conceito de organização, vindo de “organismo” no sentido biológico, com a diferenciação de órgãos que cumprem a sua função especializada com o ideal sendo que um órgão seja tão especializado que não possa substituir outro. Os órgãos funcionam em conjunto, cada um cumprindo o seu papel para o objetivo, que é a manutenção e defesa do conjunto (do organismo). Organizar seria fazer com que algo se pareça com um organismo, com a diferença de um organismo artificial ser remodelável, ter suas partes mais facilmente substituíveis. A organização seria então uma entidade viva, delineada em linhas gerais do topo e tendo seus contornos preenchidos “com os acidentes e as contingências da realidade da vida”, resultando em uma entidade complexa e maleável.

“Governança Corporativa” é o tema do sétimo capítulo, tomando como ponto de partida uma fraude ocorrida em um banco, que deveria estar sendo monitorado pelo conselho fiscal e pelos  “comissários do governo” (em empresas estatais, me parece). Essa é uma situação parecida com fraudes recentes no Brasil e alhures, onde os conselhos de administração e o conselho fiscal falham em detectar a fraude, principalmente de natureza contábil, antes que seja tarde demais, seja por falta de querer fiscalizar, seja por incompetência, sem falar nas amizades entre gerência e aqueles que deveriam fiscalizá-la, de forma que a fiscalização é feita por um “amigo incompetente”. Os comissários do governo, por sua vez, são “nomeados para não fazer nada, e é efetivamente o que fazem” escolhidos por “obscuros lances de xadrez partidário”. A solução sugerida por Pessoa são as auditorias independentes, que, infelizmente, também não resolvem de maneira totalmente satisfatória o problema de monitoramento.

Branding é tema do oitavo capítulo e o texto de pessoa fala nos tipos de preceitos: os de ordem moral (o que devemos fazer para ficar bem com nossas consciências), de ordem racional (o que devemos fazer para ficarmos de bem com nossa vida) e os práticos (o que devemos fazer para ficarmos bem com nossa ambição). O foco do texto é nesse último, que podem ser morais ou não, sensatos ou insensatos. O artigo de Pessoa termina analisando os preceitos práticos de Henry Ford e a conexão de Franco com o branding é feita associando o enunciamento de preceitos práticos com a construção de uma identidade de marca.

Padrões industriais como o dos teclados (padrão QWERTY) são temas do nono capítulo. Alguns padrões como o de teclados, não obstante terem falhas que poderiam ser corrigidas, são amplamente adotados pelos usuários, assim como o calendário gregoriano, tema do artigo do poeta. Não cabe aqui resumir quais as propostas, só que elas poderiam mudar radicalmente o calendário e afetar o modo como as pessoas vivem (que tal um ano de 13 meses, 28 dias cada, um dia “fora da semana” e dias da semana fixos?). De forma parecida, mudar o teclado atual, mesmo que para um padrão mais intuitivo, afetaria radicalmente os usuários que teriam que reaprender a utilizar o teclado.

E-mail” é o título do décimo capítulo e o texto de Pessoa é sobre a organização de arquivos. A relação que Franco faz entre este texto e organização de mensagens eletrônicas é interessante, mas sua observação de que o texto não despertaria interesse se não fosse de Pessoa é imprecisa: o texto continua desinteressante mesmo o autor sendo quem é, tanto que confesso nem ter lido inteiro.

O último artigo de Pessoa antes de sua “entrevista” tem como tema dado por Franco o blog e trata-se de uma coletânea de pequenos textos publicados na Revista de Comércio e Contabilidade, reunidos de uma forma parecida com a de um blog. O principal tema desses textos curtos é dicas para escrever boas cartas comerciais, que era a profissão de Pessoa (poesia sendo sua vocação, não profissão), mas ele escreve sobre diversos temas como o comércio, elementos da vitória (saber trabalhar, oportunidade e criação de relações) e também sobre o propósito da revista. É um capítulo bem interessante.

Por fim, o livro termina com a “entrevista” de Fernando Pessoa, um “Ctrl + C, Ctrl + V” feito por João Alves das Neves para responder perguntas formuladas na fictícia entrevista. Grande parte (se não a totalidade) das respostas de Pessoa já estão nos textos anteriores, mas ainda assim é uma leitura interessante, especialmente se houver alguma distância entre os 11 capítulos anteriores e o último.

Para quem não conhecia esse lado de Pessoa (como eu) e é um defensor da liberdade econômica e contra os “teoristas de sociedades impossíveis” (como eu), vai gostar muito desse livro. Os textos também são muito bem escritos e com raciocínios organizados e competentemente construídos, e Franco faz um trabalho muito bom na organização do livro e sai-se como um bom crítico literário.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Mudanças no Blog

Realizei algumas mudanças no blog. Na parte de "Páginas", na parte superior do blog, separei sete temas dentre os principais abordados no blog. Por enquanto, só há uma lista dos textos publicados sobre o assunto, mas pretendo no futuro escrever sobre cada tema com a minha opinião consolidada de cada tema, sujeita a mudanças conforme novos textos sejam publicados ou eu vá mudando de ideia.

A última página é a "Estatísticas do blog", com algumas informações e curiosidades sobre o blog, o que inclui o número de postagens, as fontes de pesquisa, os autores citados e as fontes citadas nas postagens "A Semana".

sábado, 9 de junho de 2012

A semana (05-08/06)

Finanças
Ótimo resumo do blog Contabilidade Financeira sobre a bagunça no Cruzeiro do Sul.



Economia




Entendendo a genial constatação de Hayek em São Paulo – Escrevi sobre o referido artigo de Hayek aqui.

Liberdades Individuais
Nova lei exige atestado médico semestral para frequentar academia – Se por um lado é mais um dos atentados contra as liberdades individuais, é também uma boa oportunidade de “exercitar” conceitos de Economia e de Jornalismo. Manchetes alternativas: 1) Governo de SP edita lei para desestimular a prática de exercícios físicos; 2) Governo de SP acredita que o cidadão é incapaz de cuidar da saúde autonomamente [Precisaria reduzir isso...]; 3) Governo de SP edita lei para afastar pessoas de baixa renda das academias; 4) Governo de SP edita lei para favorecer a indústria de atestados médicos.

Tweet da semana
“Para estimular a economia, velhas fórmulas não funcionam.” – Nunca funcionaram. E as novas também não irão.

Livros
Saiu nova edição em português do livro Moderna Teoria de Carteiras, de Elton et. al., baseado, se não me engano, na sétima edição em inglês. A novidade em relação à antiga edição em português (5ª) é a inclusão de um capítulo sobre finanças comportamentais na gestão de carteiras. Quando não tiver outras prioridades, comprarei essa nova edição. Pretendo ainda fazer uma resenha da 5ª edição.

terça-feira, 5 de junho de 2012

A semana (19/05-04/06)

Finanças
Vou de táxi? – Talvez retome o tema em texto mais longo, mas acho errado o tratamento dado pela depreciação e pelo custo de oportunidade em análises desse tipo. A análise deveria ser feita comparando o valor presente dos fluxos de caixa de seu utilizar o carro com o valor presente de utilizar taxi. Nem depreciação nem custo de oportunidade são fluxos de caixa, o que não significa que sejam insignificantes. O primeiro entra no preço de revenda do carro, supondo que haja uma troca de carro. Se a pessoa mantiver o carro para sempre, a depreciação será irrelevante. Claro que isso afeta outros custos, como a manutenção, mas esse custo já é considerado em várias das análises desse gênero e basta modelar corretamente esse custo. Se houver troca de carro, então haverá uma elevada saída de caixa (compra do carro novo) parcialmente reduzida pelo preço de venda do carro usado (que será uma fração depreciada do preço de compra). Já o custo de oportunidade entra na taxa de desconto utilizada para calcular os valores presentes.

Economia

The endangered public company e The big engine that couldn’t: Duas reportagens da The Economist sobre o ocaso das empresas de capital aberto nos EUA.

A espiral da competição – Interessante texto sobre a diferença salarial entre homens e mulheres.





Hayek's Gift – Novo vídeo Keynes vs. Hayek.

Dodd-Frank's Too-Big-to-Fail Dystopia – "Too big to fail" é um problema. Solução do governo: aumentar o número de instituições grandes demais para quebrar.

Greece's False Austerity – Governo grego impõe austeridade para o setor privado e continua com gastos inflados no setor público.


A Tutorial for the President on 'Profit Maximization' – Boa explicação sobre maximização de lucro à lá Michael Jensen.



Liberdades Individuais
Mantega dá um mês para bancos reduzirem juros em até 40% - Começa com os bancos, depois para as grandes empresas, depois para qualquer empresa até que o governo comande toda a economia. E por que se limitar à economia...?

Bloomberg Defends Move to Curb Big-Soda Sales – No Brasil, em breve. Aguarde.

O Brasil no caminho da servidão - e conduzido por um animador de circo – Excelente artigo que sinto que deveria ter sido escrito há muito tempo. De forma parecida, semanalmente eu cito notícias de novos ataques às liberdades individuais.

Off-topic

sábado, 2 de junho de 2012

Mensais: Brasil (maio/12)

Índices Brasileiros
Índice; 60 meses; Ano; 12 meses
Ibovespa; 4,25%; -3,99%; -15,68%
IBX 50; 9,30%; -2,19%; -9,47%
IBX; 16,84%; -0,33%; -6,79%
ISE; 36,51%; 6,34%; 1,18%
IEE; 100,23%; 3,82%; 13,22%
IBRA; -; 0,77%; -5,69%
ICO2; -; 1,37%; -1,71%
INDX; 12,96%; 3,31%; -2,52%
Consumo; 64,39%; 11,93%; 15,83%
IFNC; -; -3,11%; -4,44%
UTIL; -; 9,70%; 21,34%
Imobiliário; -; 0,67%; -22,03%
IMAT; -; -2,14%; -24,66%
IVBX2; 15,76%; 8,98%; 1,64%
IGC; 11,40%; 3,14%; -5,07%
ITAG; 8,01%; 1,86%; -5,12%
Small Cap; -; 6,92%; -9,07%
IGC Trade; -; 1,55%; -6,39%
Mid Large Cap; -; 0,11%; -5,29%
IDIV; -; 8,20%; 19,97%

Comparações
Indicador; Desvio-padrão; Correlação IBOV; Retorno 60 meses; Retorno 12 meses
IBOV; 7,17%; 100%; 4,25%; -15,68%
Ouro; 5,99%; -19,27%; 129,55%; 28,17%
Dólar; 5,22%; -69,51%; 4,84%; 28,00%

Notem que o dólar está com desempenho melhor em 60 meses do que o Ibovespa.

Ibovespa x CDI
Janela; IBOV- CDI
12 meses; -23,74% a.a.
5 anos; -9,02% a.a.
10 anos; 1,03% a.a.

Ibovespa:
Maiores altas (2012):
SBSP3: 42,06%
CIEL3: 38,48%
CMIG4: 37,57%
UGPA3: 31,36%
HGTX3: 30,83%

Altas: 34/68

Maiores altas (12 meses)
CIEL3: 73,91%
AMBV4: 64,04%
CMIG4: 61,10%
UGPA3: 54,81%
SBSP3: 53,07%

Altas: 26/68

Maiores baixas (2012)
USIM3: -46,31%
PDGR3: -41,37%
GFSA3: -36,89%
GOLL4: -35,37%
BTOW3: -32,67%

Maiores Baixas (12 meses)
BTOW3: -72,52%
GFSA3: -70,11%
PDGR3: -65,06%
RSID3: -60,82%
USIM3: -60,39%

Amostra de 194 ações:
Maiores altas em 5 anos
TELB4: 2.844,27%
HGTX3: 1.143,04%
ECPR4: 589,91%
MEND5: 506,53%
CRUZ3: 298,48%

Maiores baixas 5 anos
VAGR3: -96,06%
KEPL3: -94,65%
BTOW3: -92,43%
PLAS3: -91,29
LUPA3: -89,46%

Maiores sequências (179 ações)
Alta: TBLE3 e LIPR3 (10 meses)
Baixa: AELP3 (6 meses)

Datas
02/06: 30 anos de listagem da Botucatu Têxtil (STRP)
03/06: 35 anos de fundação da SLC Agrícola
05/06: 70 anos de fundação da Vulcabrás
05/06: Aniversários de Adam Smith (1723) e Keynes (1790)
06/06: 5 anos da IPO da Viver (VIVR), ex-Inpar
13/06: Aniversário de 84 anos de John Nash
15/06: 5 anos da IPO da SLC Agrícola
21/06: 5 anos da IPO da Log-In
22/06: 5 anos da IPO da Eztec
26/06: 5 anos da IPO do Cruzeiro do Sul
29/06: 5 anos da IPO da Marfrig e do Daycoval
30/06: Aniversário de Frédéric Bastiat (1801)

E aguardem julho, com 31 IPOs fazendo 5 anos!

Fontes:
Bovespa.com.br
Economatica
Infomoney

Mensais: Índices internacionais (maio/12)

Maiores altas (mês)
Moldava: 3,09%
Quênia: 2,94%
Romênia: 2,74%
Bahamas: 2,38%
Malawi: 2,14%

Ibovespa: 91º lugar (maior alta – maior baixa)
Altas: 13/101

Maiores altas (ano)
Egito: 29,38%
Romênia: 26,09%
Vietnã: 22,09%
Paquistão: 21,49%
Islândia: 17,61%

Ibovespa: 68º lugar (maior alta – maior baixa)
Altas: 55/100

Maiores altas (12 meses)
Panamá: 29,38%
Tunísia: 22,14%
Filipinas: 19,94%
Malawi: 19,78%
Paquistão: 13,72%

Ibovespa: 68º Lugar (maior alta – maior baixa)
Altas: 21/101

Maiores altas (12 meses, em dólar)
Panamá: 32,89%
Filipinas: 19,48%
Paquistão: 3,95%
Tunísia: 3,60%
Arábia Saudita: 3,55%

Essa é a provável lista das cinco maiores altas. Verifico o rendimento em dólar apenas das maiores altas até que a maior alta em dólar seja superior ao rendimento nominal do próximo da lista.

A Venezuela fica fora das listas por conta de seu câmbio artificialmente fixo (ver aqui). Suspeito que o Irã tenha problema parecido (câmbio artificial e falta de dólares), mas não tenho como confirmar isso.

Ibovespa em dólar: -34,12%

Maiores altas (Dez/07)
Paquistão: 402,09%
Irã: 174,79%
Tunísia: 92,56%
Mongólia: 91,74%
Sri Lanka: 90,17%

Ibovespa: 33ª maior alta
Altas: 20/88

Maiores baixas (mês)
Chipre: -37,19%
Grécia: -24,93%
Ucrânia: -24,03%
Rússia: -22,07%
Cazaquistão: -17,47%

Maiores baixas (ano)
Chipre: -49,98%
Espanha: -28,03%
Ucrânia: -24,65%
Grécia: -22,78%
Sri Lanka: -20,45%

Maiores baixas (12 meses)
Chipre: -81,23%
Grécia: -59,87%
Ucrânia: -58,77%
Sérvia: -45,68%
Espanha: -42,12%

Maiores baixas (5 anos)
Grécia: -89,85%
Islândia: -88,23%
Bulgária: -83,37%
Sérvia: -80,67%
Bermudas: -78,24%

Maiores sequências:
Altas: Quênia (6 meses)
Baixas: Sri Lanka (9 meses)

Desvio-padrão (mensal)
S&P 500: 5,47%
Brasil: 7,17%
Rússia: 11,99%
Índia: 8,61%
China: 9,59%

Fontes:
Bloomberg
Sites das bolsas de valores
Yahoo Finance

Não consegui acessar dados da bolsa do Nepal nesse mês.

Mensais: IPOs (maio/12)

Serão consideradas as ofertas:
* Ocorridas a menos de 5 anos
* Que sejam realmente ofertas públicas iniciais
* Que ainda sejam negociadas, excluídas as que foram incorporadas por outras empresas.
* As ofertas dos últimos 12 meses foram desconsideradas por serem muito recentes

Taxa a.m. Retorno desde o primeiro dia de negociações expresso em meses.
IBOV a.m. Retorno do Ibovespa desde o primeiro dia de negociações do ativo
Ganho s/ Ibov: Taxa a.m. – IBOV a.m.

5 maiores altas relativas ao Ibovespa
Ação; Taxa a.m.; IBOV a.m.; Ganho s/ IBOV
MPLU3; 4,48%; -0,89%; 5,37%
RNEW11; 4,03%; -0,69%; 4,72%
RADL3; 3,49%; -1,22%; 4,71%
ARZZ3; 2,87%; -1,27%; 4,14%
MILS3; 3,17%; -0,95%; 4,13%

5 maiores baixas relativas ao Ibovespa
Ação; Taxa a.m.; IBOV a.m.; Ganho s/ IBOV
MILK1; -11,91%; -0,34%; -11,58%
AGEN11; -6,72%; -0,25%; -6,48%
HRTP3; -6,46%; -1,28%; -5,18%
VIVR3; -3,71%; 0,08%; -3,79%
SGPS3; -3,18%; 0,05%; -3,23%

46/71 ações estão com ganhos relativos (64,79%)

40/72 ações estão com ganhos absolutos (56,34%)