Todo mundo já viu uma apresentação que depois de
algum tempo desejaria estar fazendo praticamente qualquer outra coisa do que
continuar assistindo. Muitos provavelmente vocês participaram de uma
apresentação assim. Mas e se fosse possível prender a atenção do espectador
como um filme ou uma série conseguem fazer?
Essa é a proposta de uma técnica conhecida como
Storytelling, que procura aplicar técnicas utilizadas para contar boas
histórias em outros contextos como apresentações corporativas. Estrutura de
Três Atos, Viagem do Herói, construção de personagens, arquétipos... todas
essas teorias e técnicas podem ser aplicadas para encadear ideias e raciocínios
de uma forma melhor do que simplesmente ir amontoando fatos e números. Isso
cria um contexto que as pessoas conseguem entender melhor e naturalmente
prestarem mais atenção. Por mais que os espectadores de uma apresentação
corporativa devessem naturalmente prestar atenção ao assunto (principalmente se
é o cliente), isso não ocorre e pode prejudicar o receptor e o emissor da
mensagem.
Eu participei de um curso chamado “Storytelling
para Negócios”, ministrado por Bruno Scartozzoni e oferecido pela Fiap, que
procurou ensinar essas técnicas. As aplicações são múltiplas, o que se vê na
composição da turma, com participantes trabalhando com vendas, RH, RP, educação
e outras áreas, além de um médico, um humorista e um analista de investimentos
(eu). É possível aplicar Storytelling para melhorar sua abordagem de venda, a
apresentação institucional de uma empresa, apresentação de resultados de um
projeto e por aí em diante. Essa já é uma técnica muito utilizada em
propagandas e o curso apresenta diversos casos envolvendo anúncios em
audiovisual. Mostra inclusive casos em que a empresa tentou incluir uma
história em uma propaganda, mas como não era uma boa história o efeito não foi muito
bom. Não basta apenas contar uma história para prender a atenção, a história
obviamente tem que ser boa.
O curso procura apresentar o máximo de técnicas possíveis
para que o participante possa posteriormente aplicar de acordo com o seu
contexto específico. Nem todas serão úteis ou poderão ser usadas ao mesmo
tempo, mas é uma boa aprender diversas abordagens de Storytelling. Ao final do
curso, com carga horária de 12 horas espalhadas em uma sexta à noite e manhã e
tarde de sábado, há uma espécie de projeto final a ser feito em sala e
apresentado por voluntários. Nem sempre tenho tanta proatividade,
principalmente quando envolve apresentação em público, mas fui e apresentei
algo totalmente relacionado com meu trabalho.
Agora, onde análise de investimento entra nisso?
Talvez desviando um pouco do tópico principal (resenha do curso), uma ideia
emergente em avaliação de empresas é que ela deve envolver uma narrativa.
Basicamente, e conforme meu próprio pensamento, uma boa avaliação deve contar a
história da empresa. Se você apenas jogou um monte de números e não consegue
transformar em uma história que faça sentido, então a sua avaliação está
incorreta mesmo que do ponto de vista dos números tenha sido feito de maneira
tecnicamente correta. Narrativa é o antídoto para o “Excel aceita tudo (menos
referência circular)” e os números na planilha são o antídoto para o “Power
Point aceita tudo”. Logo, Storytelling pode ajudar a melhorar o próprio
conteúdo de uma avaliação.
Embora talvez menos enfatizado, é possível usar
Storytelling em relatórios escritos, portanto, a técnica pode ser usada para
melhorar a forma dos relatórios também. Na área de investimentos é nítido que
os participantes estão usando essas técnicas no mínimo em suas propagandas,
incluindo certas empresas usando
Storytelling possivelmente para o mal. Então, faz todo sentido usar a técnica
para criar relatórios mais interessantes.
Portanto, aprender Storytelling pode ser muito útil
para todo tipo de profissional e o curso que participei é bem sucedido em
apresentar a técnica e estimular o uso prático dela. Uma dica importante para
participar deste ou de qualquer curso de Storytelling é já ir com problemas
práticos de seu trabalho para serem resolvidos e assistir o curso pensando em
como resolvê-los. É o que fiz e já tenho ideias para aplicar no futuro próximo.
Informações:
Professor: Bruno Scartozzoni
Número de participantes: Por volta de 30
Material: Digital
Investimento: R$ 920
Carga Horária: 12 horas, sexta à noite, sábado
manhã e tarde (pode mudar em outras versões)
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