Anteriormente, defendi a necessidade de se projetar o Balanço Patrimonial e considerar outras contas além de capital de giro, capital fixo e dívida.
Apesar de existir algumas contas patrimoniais que
eu considero que devem ser projetadas, pelas razões expostas anteriormente,
outras não mereceriam o mesmo tratamento. Para não elencar as razões para isso
por exclusão, penso em três principais motivos que levam uma conta patrimonial
a ter um tratamento simplificador na avaliação da empresa:
- É de baixo valor
- É um valor que aumenta ou diminui sem tendência clara
- É uma conta que não tem nenhuma ligação com outra que pudesse dar base para uma projeção
Lembrando rapidamente os motivos para projetar
explicitamente uma conta patrimonial: Ela tem a ver com a atividade da empresa,
é absurdo supor que vai sumir e impacta fluxo de caixa e resultados. De certa
maneira, as duas listas são independentes exceto por mais um item da lista anterior:
“possuem alguma base de previsibilidade”.
O principal exemplo de contas que deveriam ser
endereçadas da maneira mais simples possível é Outros Ativos/Passivos, que
seguem os três pontos mencionados anteriormente. Geralmente não são de valor
elevado, principalmente se você considerar o valor líquido, variam trimestralmente
sem nenhuma tendência clara de aumentarem, diminuírem ou zerarem e não parecem
ter ligação com outra conta patrimonial ou de resultado. Como consequência, é
difícil concluir que é uma conta necessária para a empresa ou que tenha uma
relevante natureza econômica.
Porém, é uma conta chata já que nunca será zerada,
ao final do período sempre tem ativos ou passivos irrelevantes sendo
contabilizados. O que eu queria mesmo fazer é ignorar e dar valor zero a esses
ativos e passivos, mas pensando que é ligeiramente melhor ter Outros Ativos do
que Outros Passivos, acho melhor considerar essas contas, mas de maneira
simplificadora. Um jeito é somar o valor contábil ao valor da empresa. Funciona
perfeitamente considerando que queremos uma solução simplificadora. Porém, eu
prefiro supor que a parte circulante será recebida/paga em quatro parcelas
trimestrais e a parte não-circulante em oito. Não é muito diferente da primeira
proposta, é tão simples quanto, mas funciona melhor nos meus modelos.
Outras contas patrimoniais possuem um padrão
semelhante, como “Outros Tributos Diferidos”. Uma conta que eu geralmente
incluo nesse padrão é o de Tributos a Recuperar/Pagar e aqui há uma discordância
com relação ao ponto da natureza econômica. Anteriormente, argumentei que um
ativo ou passivo deveria ser projetado se tivesse razão econômica relevante e
fosse um absurdo simplesmente ignorar. Simplificar essa parte dos tributos
significaria dizer que a empresa recuperaria ou pagaria os impostos
imediatamente, o que não é o que acontece. Porém, o que se vê, na maior parte
dos casos, é que essas contas são imprevisíveis, ainda mais considerando o
valor líquido. As contas aumentam e diminuem sem nenhum padrão, seja temporal
ao longo dos trimestres, seja em relação à atividade da empresa. Dessa maneira,
não há uma base confiável para fazer projeções e, portanto, o melhor mesmo é
simplificar.
Pode ser que em determinadas empresas haja um
Tributos a Recuperar e/ou a Pagar mais previsível e que acompanhe a atividade
da empresa. Nesse caso, é necessário projetar explicitamente como se fosse um
capital de giro, já que teria as mesmas consequências negativas para o modelo
de não se modelar o capital de giro, invertendo o sinal do impacto no valor. Se
a empresa sempre tem um Imposto a Recuperar no ativo, isso é uma redução no
caixa livre já que demora para a empresa recuperar impostos que lhe são devidos
e simplesmente somar ao valor contábil iria aumentar ao invés de diminuir o
valor da empresa.
Nos próximos textos, vou entrar em detalhes nas
contas que sou da opinião de que deveriam ser projetadas explicitamente.
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