Esse
texto será o primeiro artigo de uma reformulação do blog, com comentários
capítulo a capítulo de alguns livros que seriam transformados em uma resenha
também parte por parte no blog. Mas, ao invés de um enorme texto com os
capítulos espremidos e parágrafos, vários textos médios sobre o livro.
Vou
começar comentando o livro Expected
Returns de Antti Ilmanen. Retorno de ativos, especificamente de ações, é
um tema bastante discutido no blog e esse é um longo livro só sobre o tema. Vou
começar comentando o prefácio de Clifford Asness. Em sua concepção, retornos
esperados são o quanto você espera obter em um investimento ou estratégia e
risco é a possibilidade de você não conseguir esse retorno, uma descrição até
óbvia, mas muito interessante. Asness escreve que o retorno dos ativos é um
tema menos discutido do que o risco e passa a analisar as razões, apontando
para as crises recentes, com suas “caudas gordas para a esquerda” como uma
razão para tornar as pessoas mais interessadas no tema. Segundo Asness, as
crises como a bolha ponto com e a crise das hipotecas são também uma questão de
retornos esperados, na medida em que os investidores passaram a aceitar
retornos esperados muito baixos para assumir riscos consideráveis. Isso mostra
como risco e retorno são questões intimamente interligadas.
Asness
acredita que o foco maior no risco é que esse é um tema mais sexy e de impactos
mais imediatos. Ele compara o risco à um tsunami e o retorno à erosão: as duas
coisas podem causar problemas, mas um ocorre rápida e subitamente, enquanto que
o outro demora mais para se manifestar. “Se risco é sobreviver no curto prazo,
retornos esperados é sobre se, caso sobreviva, você acha que valeu a pena”.
Uma
diferença entre estudar risco e estudar retornos é a maior dificuldade em se
analisar o último ao exigir muito mais dados do que para analisar riscos. Como
ele coloca, o estudioso do risco lamenta (de um ponto de vista científico) não
termos mais desastres, e o estudioso do retorno lamenta não termos mais séculos
de dados.
Em
seguida, Asness começa a analisar os retornos esperados introduzindo a
abordagem que será utilizada por Ilmanen. Primeiro, pergunta por que os
retornos são positivos (ou: por que deveria haver um prêmio por risco). Os retornos
são justamente a recompensa por assumir um risco que outra pessoa não quer e a
recompensa é ainda maior quando o risco machuca quando é mais doloroso.
Retornos também podem ser um prêmio por saber explorar um erro sistemático de
outros investidores, ou algo a ser pago pelos seus próprios erros. Ele não
escreve dessa maneira, mas são, respectivamente, “retornos beta” e “retornos
alfa”.
Além
dessa perspectiva, há várias fontes de retornos, algumas inerentes a classe de
ativos (ações, títulos do tesouro etc.), outros relacionados à estratégia
(valor, crescimento etc.) e outros fatores de risco (inflação, liquidez etc.).
E isso tudo está conectado: estratégia passiva em ações expõe o investidor ao
risco de um mau cenário econômico, estratégia passiva de renda fixa expõe ao
risco de inflação, estratégia ativa com small caps sujeita o investidor a risco
de liquidez etc.
O
que precisamos agora é de uma maneira de utilizar os dados e a teoria sobre
investimentos em estimativas de retornos futuros. Ilmanen analisará três
abordagens: desempenho histórico, teoria de investimentos e indicadores
precedentes.
Dessa
forma, há duas fontes de retornos, três tipos de fatores de risco e três
maneiras de transformar os dados em estimativas de retornos. Essa é uma tarefa
dificílima e mesmo apenas estudar retornos esperados já é algo nada trivial.
Como Ansess escreve, a melhor esperança que temos é a de melhorar o nosso
entendimento sobre o assunto, sem conseguir dominá-lo perfeitamente. O assunto
não é fácil, mas, se o que Asness diz é verdade, Ilmanen não o tornará mais
complicado do que é (mas também não o tornará mais simples do que é). E espero
torna-lo um pouco mais fácil de estuda-lo.
Boa explanação. Aliás, um incentivo a mais para leitura da obra.
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