Luis Garcia-Feijoo, Gerald R. Jensen e Robert R.
Johnson.
Journal
of Portfolio Management. Primavera. 2012.
O artigo de Garcia-Feijoo e colaboradores analisa a
efetividade de classes de diversos ativos em proteger a carteira de
Investimentos contra flutuações do mercado, quedas extremas e inflação.
Foram analisados e comparadas diversas classes de
ativos, incluindo: Ações americanas (carteira ponderada por valor da CRSP),
títulos de renda fixa americanos (Barclays Capital U.S. Aggregate Bond Index),
imóveis americanos (FTSE/NAREIT), ações de países estrangeiros (MSCI), ações de
países desenvolvidos (EAFE), commodities (S&P GSCI e suas subdivisões), ouro
e letras do tesouro americano de três meses (representando ativos de money market). O período de análise é
1970-2010.
Nas estatísticas descritivas, ações de mercados
emergentes possuem o maior retorno médio (1,35% a.m.), commodities energéticas
o maior desvio-padrão (9,25% mensalizado) e também o pior desempenho nos 5%
piores meses (-13,15%). Analisando as correlações, ações possuem alta
correlação com ações estrangeiras (de países emergentes ou desenvolvidos), que
se elevou na segunda metade do período. O potencial de diversificação de
commodities é melhor, a maioria não tendo correlação estatisticamente diferente
de zero, exceto metais, com uma correlação de 0,27. Como aconteceu com ações
estrangeiras, a correlação com commodities aumenta no segundo período. Imóveis
possuem uma correlação elevada, diferente de ouro e títulos de renda fixa.
Analisando as correlações com títulos de renda fixa, não há nenhuma classe de
ativo altamente correlacionada.
A próxima questão é quanto à proteção contra
retornos extremos (5% melhores ou piores) no mercado acionário ou de renda
fixa. A análise é feita com uma regressão entre os retornos das ações/renda
fixa com os retornos de cada classe de ativo (analisadas individualmente), mais
duas variáveis dummy com valor 1 caso
as ações/renda fixa estejam no pior ou melhor momento. O ideal é que o
coeficiente associada à dummy para a
hipótese das ações estarem com o pior desempenho seja positivo, ou seja, quando
as ações ou títulos de renda fixa estejam se desvalorizando mais, o ativo
alternativo tenha retornos positivos para compensar as perdas. Para ações, como
ocorre com movimentos de mercado em geral, ações estrangeiras não são uma boa
proteção para ações americanas, caindo mais do que o esperado quando as ações
têm o pior desempenho. Não há nenhuma relação significativa para as
commodities, indicando que commodities, ouro e imóveis podem ao menos não
piorar o desempenho da carteira no pior momento possível, quando as ações estão
despencando. Imóveis, por outro lado, contribuem para perdas na carteira em
momentos de mercado acionário em queda forte. Títulos de renda fixa, por outro
lado, contribuem para diminuir as perdas, tendo desempenho melhor do que o
esperado nos piores momentos do mercado acionário. Os resultados são
confirmados com outra análise, a frequência com que a classe de ativo e as
ações estão simultaneamente tendo o pior desempenho, maior para ações
estrangeiras e imóveis, menor para commodities, ouro e renda fixa.
Para títulos de renda fixa, os resultados
analisando apenas o comportamento nos piores momentos não são muito
significativos no sentido estatístico.
Para finalizar, os autores examinaram o potencial
de proteção contra inflação. Seguindo Jensen
e Moorman (2010), os autores separam os períodos em inflacionários e
não-inflacionários. A questão é sobre como é a correlação entre ações e renda
fixa nos dois períodos. As correlações entre ações e commodities e ouro não são
estatisticamente diferentes de zero ou são muito baixas durante períodos
inflacionários, mas há uma correlação mais considerável em períodos
não-inflacionários para metais e energia. Ações estrangeiras e imóveis possuem
uma correlação alta com ações nos dois períodos. Para renda fixa, o resultado
mais interessante é que há correlação modestamente negativa com metais
preciosos em períodos inflacionários, e modestamente positiva quando a inflação
é baixa.
Em suma, commodities, ouro e renda fixa servem como
proteção contra movimentos adversos e extremos no mercado acionário. Os
resultados são menos fortes para commodities metálicas (em geral) e energéticas
(nos piores momentos) e são melhores durante períodos inflacionários. Para
títulos de renda fixa, imóveis não são uma boa proteção, mas títulos de curto
prazo e ações americanas sim.
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