Dominic Barton
Harvard Business Review. Março. 2011
O artigo trata de três sugestões para aumentar a eficiência das empresas e a confiança das pessoas nas empresas e criar o que o autor denominou de capitalismo de longo prazo.
1) Combata a tirania do “curto-prazismo”.
O autor faz várias referências ao foco no curto prazo em diversos contextos: o tempo de permanência dos presidentes das empresas caiu de dez para seis anos de 1995 para cá, os políticos não se preocupam com problemas de longo prazo como competitividade, saúde e educação, os investidores permaneciam investidos na mesma ação por sete anos e agora “está mais para sete meses”, 70% das operações no mercado são de curtíssimo prazo etc. (não chequei a precisão de todos esses fatos). Consequência disso, a administração das empresas passou a ser orientada para o curto prazo e para a busca por metas de lucros (principalmente para as empresas que divulgam guidance). Se o objetivo é maximizar o valor da empresa, não deveria ser assim, como observado aqui e como o autor nota, afirmando que entre 70 e 90% do valor da empresa está ligado a fluxos de caixa a serem gerados três anos ou mais no futuro. A sugestão do autor é que a mudança comece nos fundos de pensão, Barton criticando a os referenciais e as estruturas de compensação de curto prazo. O autor sugere mais concretamente a análise de desempenho em prazos mais longos e a redução no número de empresas investidas (tenho minhas dúvidas sobre esses dois pontos).
2) Sirva a stakeholders, enriqueza acionistas
O segundo ponto é que servir o interesse de todas as partes interessadas também faz parte da criação de valor, seguindo ideias correlatas de Porter e Kramer. Para isso, o autor faz algumas sugestões: criar novos produtos e mercados, aumentar a eficiência operacional, motivar e segurar funcionários, estimular a inovação e garantir acesso a insumos. Nesse contexto, o presidente de amanha, segundo o autor, deverá ser um “atleta trissetorial” com conhecimento e experiência na iniciativa privada, no poder público e no setor social.
3) Aja como se fosse dono da empresa
O último ponto é o da governança das empresas. O autor aponta problemas nos conselhos de administração e o lado negativo de uma estrutura societária dispersa, onde não há um dono para se preocupar com o longo prazo, reforçando a tirania do curto-prazo. Para criar conselhos mais eficazes, o autor sugere maior tempo de dedicação dos conselheiros, maior conhecimento da empresa e do setor, estruturas de comitê mais eficazes e uma maior atuação dos conselheiros para formarem e emitirem opinião. Em seguida, há a crítica às formas atuais de remuneração dos altos executivos, o autor sugerindo atrelar a remuneração aos “motores fundamentais” do valor a longo prazo, a ampliação do horizonte de avaliação e criar um risco de perda para os executivos, talvez exigindo investimento por parte deles. Por fim, o autor critica o princípio de “uma ação, um voto”, apontando a alta rotatividade como algo que prejudica a empresa pelo horizonte de curto prazo dos investidores. Cita casos de empresas que não seguem essa máxima sem comprometer a empresa, como o do Google (com mais de uma classe de ações) e de empresas francesas que atribuem maior voto caso o acionista tenha mantido a ação por mais de um ano.
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